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15 DE JANEIRO DE 1998 933

quase administrativa, isto é, 50% têm de ser do sexo feminino. Vão buscá-las onde quiserem, como quiserem, desencantem-nas e ponham-nas aqui para as mostrarmos!
É, pois, neste sentido, com a legitimidade de quem sempre lutou pela presença das mulheres nos sítios onde elas devem estar, porque o mundo é plural, o mundo é masculino e feminino e nós fazemos certamente muita falta, fazemos mais de metade da falta e ainda a falta dá diferença, que lhe digo que me parece que esse mecanismo está ultrapassado e certamente vai ter efeitos profundamente perversos.
Finalmente, Sr. Ministro, ouvi-o falar sobre uma coisa extraordinária, que é a conciliação da vida familiar e política. Como mulher, quero dizer a si e à Câmara que essa conciliação é muito difícil porque a desorganização é geral, isto é, o modelo de organização da vida política é um modelo masculino. É certamente por isso que. neste momento, não sei o que tenho no meu frigorífico e isso acontece porque sou mulher e tenho uma casa de família.

Vozes do CDS-PP:- Muito bem!

O Sr. Presidente (Manuel Alegre): - Srs. Deputados, assistem a esta reunião plenária um grupo de 50 alunos da Escola Secundária de Santo António do Barreiro, um grupo de 45 alunos do Externato da Luz de Lisboa e um grupo de 27 alunos da Escola Superior de Polícia de Lisboa.
Segundo a tradição, aplausos para todos eles.

Aplausos gerais de pé.

O Sr. Joel Hasse Ferreira (PS): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente (Manuel Alegre): - Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. Joel Hasse Ferreira (PS): - Sr. Presidente, muito brevemente para dizer que tínhamos visto, hoje, num jornal diário, que o PSD traria o assunto do autódromo ao Plenário, só que o trouxe de urna forma desviada. Devo dizer que a Comissão de Economia, Finanças e Plano já, ontem, tinha .deliberado convocar o Sr. Ministro Pina Moura para este assunto ser analisado. Trata-se de um assunto que o PSD deixou arrastar, durante anos e anos e sobre o qual não tem qualquer autoridade moral para falar,...

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - ... trata-se de um assunto em relação ao qual o PCP foi o primeiro a fazer um requerimento no sentido de o Sr. Ministro da Economia se deslocar à Comissão de Economia, Finanças e Plano. E agora, vem o PSD para aqui com estas cabriolas sucessivas, ainda por cima fora da ordem de trabalhos.
Não podemos deixar passar isto em claro!

Aplausos dó PS.

O Sr. Presidente (Manuel Alegre): - Sr. Deputado, relativamente à intervenção do Sr. Deputado Luís Marques Guedes eu já tinha feito o comentário que entendi dever fazer, porque é a ele que compete gastar o tempo conforme entender. Em todo caso, também devo dizer que o Sr. Deputado também não fez uma verdadeira interpelação à Mesa.
Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Roseta.

A Sr.ª Helena Roseta (PS): - Sr. Presidente, Sr. Ministro, quero saudá-lo pela intervenção que acabou de fazer, designadamente na parte em que protagoniza a apresentação neste Parlamento de, urna intenção de introduzir a democracia paritária no nosso sistema eleitoral.
É evidente que este é um debate que vamos ter de fazer com profundidade, vamos ter de apreciar as várias formas e medidas que têm sido levadas a cabo em vários países e por vários partidos para obter melhores resultados de participação feminina. Porque a verdade é que, até à data, a participação feminina nas democracias da União Europeia é insuficiente e não corresponde à presença das mulheres nas sociedades correspondentes. Portanto, temos mesmo de realizar este debate e perceber por que razão ou razões é que não temos mais mulheres a desempenhar lugares de representantes eleitas pelo povo.
Quero ainda dizer-lhe, Sr. Ministro, que, ao ouvi-lo. lembrei-me de tantas mulheres que, no nosso país, se têm batido pelos direitos das mulheres, em particular por maiores oportunidades nos lugares de poder político. Lembrei-me de uma grande mulher, que já faleceu, a Dr.ª Elina Guimarães, uma grande lutadora pelos direitos das mulheres...

Aplausos das Deputadas do PS Maria Celeste Correia e Natalina Moura

... e também, deixe-me que lhe diga, Sr. Ministro, de mulheres como a sua mãe, Maria Antónia Palla, a quem certamente o Sr. Ministro ouviu muitas vezes, há muitos anos, falar desta matéria. E, hoje, ao ouvi-lo, não pude deixar de pensar que as mães também transmitem aos filhos muito da sua maneira de pensar, de sentir, das suas convicções. É importante que isso aconteça! Saúdo-o pela luta da sua mãe e de todas as mulheres que com ela se bateram por estes direitos!
É evidente que temos de ver este assunto com algum cuidado, nomeadamente, ,quanto às medidas positivas, se será através de quotas ou de outras soluções.
Quero dizer à Sr.ª Deputada Maria José Nogueira Pinto, que a questão dos efeitos perversos das quotas tem de ser vista com algum cuidado. Em França, por exemplo, quando o Partido Socialista francês avançou com listas paritárias para o Parlamento, a direita francesa, designadamente o RPR, criticou muito essa medida. Hoje, o RPR está a rever a sua posição e está a organizar listas com uma presença muito maior de mulheres para as eleições regionais. Aliás, o comentário de um conhecido Deputado do RPR na Assembleia da República Francesa era o seguinte: nós «gozávamos» com as listas socialistas por incluir tantas candidatas de que nunca tínhamos ouvido falar e agora cruzamo-nos com elas no Parlamento. É esta a questão que temos de apreciar. Ou seja quais as formas de conseguir que mais mulheres, mais jovens, venham para esta Casa. Só feminizando, renovando e rejuvenescendo os órgãos de representação é que podemos aproximar-nos dos eleitores e fazer com que os órgãos de representação representem, efectivamente. a sociedade que aqui nos põe.
Para terminar, Sr.ª Deputada, quero apenas dizer que tem mesmo de haver medidas positivas. Não sei se reparou, mas, por exemplo, na primeira página do último