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1884 I SÉRIE - NÚMERO 56

naturalmente, por saudar a sua eleição para a liderança do Grupo Parlamentar do CDS-PP, agradecer-lhe as palavras que dirigiu a esta bancada e desejar-lhe as maiores felicidades no exercício das suas novas funções.
Permita-me que, no mesmo sentido de sinceridade e justiça, dirija uma palavra à sua antecessora, com quem já privo desde há anos e com quem privei também aqui, na Assembleia da República, com muito gosto. Foi uma excelente relação, que não direi que cultivámos, mas que consolidámos, e é-lhe devida também. com muito gosto e satisfação, uma palavra neste momento.
Tirando estes dois aspectos, tenho a vantagem, Sr. Deputado, de falar depois de ouvir o líder da bancada de um dos partidos da oposição e o líder da bancada do partido da maioria. Por isso mesmo, aproveito este ensejo para fazer algumas observações que, depois, a seu critério, V. Ex.ª comentará ou não.
O meu primeiro comentário reporta-se a ontem e é reincidente hoje. Na verdade, não deixa de ser estranho que o meu partido, por exemplo - e só posso falar pelo meu -, ainda não tenha discutido, e muito menos decidido, a sua estratégia eleitoral para 1999 e o Partido Socialista, como ontem demonstrou e hoje reincidiu, já esteja a demonstrar nervosismo e preocupação. Com toda a franqueza, podiam ter sido um bocadinho mais inteligentes.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Mas, de facto, esta preocupação é legítima, porque a grande verdade é que a inquietação e o nervosismo que invadem o Partido Socialista têm a ver,
acima de tudo, com a sua incapacidade, com os seus deméritos para aproveitar a excelente oportunidade que tem tido à sua frente.
Mais: ficará na História que esta legislatura, em teoria, mas só em teoria -, não tem uma maioria absoluta, já que lhe faltam apenas três ou quatro Deputados par tê-la. Na prática, este Governo tem uma maioria absoluta, com melhores condições que algumas maiorias absolutas, porque tem uma estabilidade política nunca vista - não há lei importante, ou que considere importante, que não
passe na Assembleia da República -, tem condições económicas absolutamente excepcionais e tem tido da parte do Presidente da República não apenas a solidariedade institucional mas o apoio activo, particularmente em momentos cruciais.
Se os portugueses, em função de tudo isto, começam a estar desiludidos com o PS é, justamente, porque tendo todas as condições as não aproveita, tendo todas as oportunidades as deita pela janela fora, tendo todas as condições e oportunidades para cumprir as expectativas que,
egitimamente, muitos portugueses tiveram neste Governo, todavia acontece o contrário.
No fundo, é um Governo que não age - quando muito reage ou reage mal -, é um Governo que anda a reboque dos acontecimentos e nunca a liderá-los, que tem
um Primeiro-Ministro que não dirige - quando muito é dirigido, o que é uma coisa sui generis -, como ainda ontem assistimos, e é por isso também que nos congratulamos e fazemos votos para que o CDS-Partido Popular, na linha da intervenção que o Sr. Deputado fez daquela tribuna, seja mais um contributo para a exigência de que este Governo cumpra e não tenha alibis quando for julga
do. E digo-o porque é minha convicção que, quando for julgado, verificar-se-á, de uma forma final, definitiva, aquilo que, usando uma linguagem dos tempos modernos, é uma interrupção voluntária da confiança que o eleitorado lhes deu em 1995.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra, o Sr. Deputado Luís Queiró.

O Sr. Luís Queiró (CDS-PP): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Luís Marques Mendes. agradeço as suas palavras.
Antes de fazer um breve contracomentário, quero dizer que chegou a altura, uma vez que não há mais pedidos de esclarecimento, de deixar expressa uma última palavra no âmbito desta nossa discussão, que é uma palavra para a Dr.ª Maria José Nogueira Pinto.
A Dr.ª Maria José Nogueira Pinto foi um exemplo para o CDS-PP, particularmente para o nosso grupo parlamentar, um exemplo de sólida preparação nas áreas da sua intervenção e, sobretudo, de capacidade de mobilização de um grupo parlamentar que é e que cultiva a liberdade da diferença, e que conseguiu transformar-se e tornar-se num corpo coeso e, como disse, mobilizado.
Sendo devida esta palavra à Dr.ª Maria José Nogueira Pinto, resta-me esperar não desmerecer do seu trabalho e poder estar aqui no fim deste meu mandato não só com a concretização do voto que fiz da tribuna mas também com a satisfação do dever cumprido, que, digo-vos, meus caros amigos, é muito mais agradável do que o encargo de ter de cumprir um dever!
Sr. Deputado Luís Marques Mendes, já tivemos oportunidade de falar sobre o nosso posicionamento em relação ao PS e, na verdade, não vamos esquecer-nos de que temos de estar aqui atentos todos os dias à governação do País. Temos de ter uma posição séria, responsável, de iniciativa, lembrando as obrigações da governação ao PS. O que não queremos, Sr. Deputado, é que quando entrarmos no pelotão da frente, na moeda única, quando chegarmos ao euro, os trabalhadores portugueses descubram que ganham muito menos euros do que os seus congéneres da Comunidade Económica Europeia. Isso é que não queremos! E gostaria que V. Ex.ª ficasse ciente de que não queremos que todos os portugueses tenham essa surpresa em relação à moeda única.
Quanto ao aumento dos níveis de bem-estar, o que pretendemos é maior prosperidade e vamos todos, todas as oposições, aqui contribuir para que o Governo possa governar melhor. Uma coisa é certa, e aí tenho de concordar consigo - não posso concordar muito consigo, como compreenderá, porque isso pode ser logo mal interpretado...

Risos do PSD.

O Sr. Acácio Barreiros (PS): - E ainda é muito cedo!

O Orador: - Como vê, é instantâneo, não demora um segundo, Srs. Deputados do PS, concordamos tantas vezes convosco que, na realidade, mais vale não se incomodarem tanto. Sempre que governarem bem, contem connosco.
O que a este propósito quero dizer é que ao PS não faltaram nem faltam condições, com uma maioria que é praticamente absoluta, para exercer correctamente a governação. Os senhores do PS tiveram todos os orçamentos aprovados, têm todos os instrumentos da governação, têm um ciclo económico de crescimento até 1999 que será imperdoável não saberem aproveitar.