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23 DE ABRIL DE 1998 I SÉRIE - NÚMERO 2015

Por isso, meus caros Srs. Deputados, gostaria de vos dizer o seguinte: entre aquilo que os senhores fizeram e aquilo que nós estamos a fazer existe a diferença que há entre quem quer liderar ou confirmar essa coisa da liderança do PSD e de uma pseudo liderança da oposição, e quem quer, como o Governo e o PS, governar o País e conferir bem-estar aos portugueses.
Por último, coloco-lhe uma questão essencial: tendo ontem o Dr. Paulo Portas apontado uma metodologia, depois de um rasgadíssimo elogio ao novo líder do CDS-PP, PSD, PP, PSD, CDS-PP,...

O Sr. Augusto Boucinha (CDS-PP): - Está muito confuso, está!

Risos do CDS-PP.

O Orador: - ... enfim, depois de ter feito um rasgadíssimo elogio, gostaria de lhe perguntar qual a resposta a esta metodologia. É que o Dr. Paulo Portas já disse que «o PSD vai ter de se reunir connosco em cimeiras, para discutir, assunto a assunto» - aliás, assuntos nos quais têm grandes afinidades, como sejam os assuntos europeus - e, hoje de manhã, o PSD já veio dizer que quem marca o calendário e a metodologia é o PSD! Então, em que é que ficamos, com esta nova «Aliança Democrática»?

O Sr. Nuno Baltazar Mendes (PS): - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Para defesa da honra da bancada, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Queiró.

O Sr. Acácio Barreiros (PS): - Afinal, sempre fala! Pensei que já só falasse o PSD!

O Sr. Luís Queiró (CDS-PP): - Sr. Presidente, a intervenção do Sr. Deputado José Junqueiro, aliás, como algumas outras intervenções anteriores, temos de o reconhecer, tinha como objectivo provocar a minha bancada. O meu pedido de defesa da consideração é, no entanto, muito tranquilo, porque VV. Ex.as bem podem esforçar-se mas nós não nos deixaremos provocar!
Contudo, temos de vos recordar aqui duas ou três pequenas coisas: no espaço de um mês, VV. Ex.as assistiram a dois congressos, de dois partidos que são soberanos e que adoptaram as estratégias, maioritariamente, que os seus militantes quiseram. Isso os senhores não podem ignorar!

O Sr. Sílvio Rui Cervan (CDS-PP): - Não têm congressos! Não fazem congressos!

O Orador: - Queria dizer que os senhores, perante estes dois congressos, oscilam entre a graçola e a nervoseira. Façam o favor de nos revelar aqui o vosso verdadeiro estado de espírito: estão nervosos com estes congressos ou estão apenas com graçolas que não revelam outra coisa senão a vossa falta de espírito democrático?
Queria dizer-vos ainda o seguinte: com efeito, nestes dois congressos, abriu-se a possibilidade de diálogo entre dois partidos. E depois, Sr. Deputado?! E depois?! É isto que quero perguntar-lhe: o vosso nervosismo resulta do facto de o diálogo entre os partidos e dos partidos com a sociedade e com outras forças sociais ter deixado de ser um monopólio vosso? É essa a razão por que VV. Ex.as ficaram tão nervosos?

Vozes do CDS-PP: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Para dar explicações, se o desejar, tem a palavra o Sr. Deputado José Junqueiro.

O Sr. José Junqueiro (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Luís Queiró, tenho todo o gosto em dar as explicações necessárias e penso até que V. Ex.ª não terá ficado ofendido comigo, até porque, como sabe, as graçolas dos congressos não vêm da bancada do PS mas de dentro dos vossos próprios partidos, e são essas que, de alguma maneira, divertem o País.
Em segundo lugar, queria dar-lhe os meus parabéns por ter feito esta intervenção e ter pedido a defesa da honra da bancada, porque eu estava a pensar que isto já estava a funcionar bem e que o PSD já estava a falar também pelo PP ou pelo CDS-PP. Assim, ficámos esclarecidos de que as coisas, afinal, ainda não estão tão afinadas e que ainda há um pequeno espaço, por enquanto, para essa liberdade de pedir esclarecimento.
Sr. Deputado, para terminar, direi que temos imensa consideração mas VV. Ex.as, durante o vosso Congresso, tal como o PSD durante o respectivo Congresso, tiveram algo próprio da Aliança Democrática: é que VV. Ex.as também discutiram o poder mas foram incapazes, durante os dias dessa reunião, de apresentar ao País uma qualquer proposta daquelas que eu referi. O que está em causa é o poder, não é Portugal nem as vossas propostas para Portugal!

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para um pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Rui Namorado.

O Sr. Rui Namorado (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, talvez já tenham sido focadas os pontos nucleares, mas eu não resisto a colocar duas questões ao Sr. Deputado Luís Marques Mendes. Com a primeira, não posso deixar de colmatar uma injustiça que está a resultar deste debate: é que não se felicitaram os verdadeiros ganhadores do Congresso do PSD e, realmente, queria começar por felicitar os Drs. Durão Barroso e Santana Lopes por terem conseguido escapar da liderança do PSD!
Na verdade, eles conseguiram enfraquecer a liderança do Dr. Marcelo Rebelo de Sousa sem terem caído no lugar onde ele está. De facto, o actual líder do PSD enfrentava um problema difícil: ele considerava escassas as hipóteses de poder ganhar qualquer eleição em 1999 mas não tinha meios de se libertar dessa situação; então, optou por uma de duas saídas: ou reforçava a sua liderança e plebiscitava a sua proposta política, ou saía da liderança e entregava «a batata quente» a um dos seus sucessores anunciados.
Forçados a sair da toca, os seus sucessores anunciados aplicaram, no entanto, uma receita inesperada: enfraqueceram, de uma maneira dramática, a posição política do Dr. Marcelo Rebelo de Sousa mas auto-esvaziaram-se como alternativas possíveis, e o que ficou no terreno foi uma alternativa entre a liderança enfraquecida do Dr. Marcelo Rebelo de Sousa e o vazio! Ora, perante esse vazio, ele ficou condenado a suportar o resto do mandato até 1999! Na verdade, ele foi forçado a recuar porque, da proposta de aliança com o CDS-PP. apenas sobreviveu uma nebulosa política, onde até o CDS-PP cabe! Foi essa a condição para conseguir o que pretendia e, feliz coinci-