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23 DE ABRIL DE 1998 2013

É o Sr. Deputado João Amaral, evidentemente, que cumprimento afectuosamente.
O terceiro comentário é sobre se temos uma estratégia política ou de poder. Sr. Deputado, temos as duas coisas. Temos uma estratégia para mudar de política acima de tudo, para mudar o rumo da política, a forma de fazer política, a substância da política, por contraste nítido e claro, como dali expus, em relação a este Governo que não governa, não reforma, não prepara o futuro.
Agora, é evidente que um partido central do sistema, como nós, quer mudar de política e tem obviamente a sua estratégia para alcançar o poder. Alcançar o poder não pelo poder, não para o exibir e muito menos para o traficar, mas para o exercer no cumprimento de um mandato e de um programa, responsabilizando-se perante os eleitores e os portugueses.

Aplausos do PSD.

Vozes do PS: - Demagogia!

O Orador: - O quarto comentário, Sr. Deputado, é relativo aos grupos económicos. Há uma diferença total entre os senhores e nós. Nós somos a favor de uma economia de mercado, de bons grupos económicos, porque somos defensores da economia de mercado e porque a competição internacional assim o exige. É bom, é positivo, é necessário, é desejável! Agora, somos contra o favorecimento de uns em detrimento de outros. Somos contra o facto de um governo não ter regras iguais para todos: a uns tudo exige, a outros tudo perdoa!
Aos portugueses em geral aplica mais impostos, a outros, grupos económicos, perdoa impostos. Em relação a alguns grupos económicos, que ainda por cima não são sequer, nem de longe nem de perto, a generalidade, o Governo tem, de facto, a deformação corporativa do favor, do privilégio e do compromisso, e dá aqui a ideia, um Governo dito socialista - e já tivemos outros exemplos, quando o PS, noutros tempos, também esteve no poder -, de que não há nada, nada!
Como pode um Partido Socialista no poder, rapidamente, se abraçar ao grande capital e fazer alguns exemplos de falta de clareza e de transparência, como aqui apontei? Mas o mais grave ainda é que, perante os factos, não os desmentem e alguns deles, que já aqui hoje referi e repeti à saciedade, não são sequer do último Congresso, vêm de há muito, muito tempo, o que significa que não têm explicação, o que significa que estão a criar aqui uma onda de suspeição muito grave.
Isto é muito mau para a vida política e democrática, pelo que estes casos devem ser de facto clarificados. O País tem direito a uma explicação!
Hoje, numa palavra, aquilo que se sente no País é isto: a riqueza aumenta para alguns, concentra-se cada vez mais em alguns, e distribui-se cada vez menos pela generalidade dos portugueses. E isto vem de um Governo socialista!

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Acácio Barreiros.

O Sr. Acácio Barreiros (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Luís Marques Mendes, começam mal a aliança de direita.
O Sr. Deputado Luís Marques Mendes, ao fim de dois dias de debate, traz-nos aqui meia dúzia de calúnias e insinuações, dois ou três ataques sem qualquer fundamento, o que também nos levanta uma suspeição: o que é que o PSD andou aqui a fazer durante todo este tempo se tinha conhecimento de factos que diz serem tão graves? Por que é que não exerceu os seus direitos de oposição, através da constituição de comissões de inquérito? Ou esteve a guardar tudo para o discurso do líder?

Protestos do PSD.

Mas, como já aqui foi dito, esperamos que a Sr.ª Deputada Manuela Ferreira Leite convoque o mais urgentemente possível a Comissão de Economia, e aí terão a oportunidade de apresentar e de discutir, cara a cara com os Srs. Ministros, as tais coisas graves que não são capazes de concretizar.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Mas do Congresso de Tavira, deste Congresso do PSD, sai só isto e nada mais?! É um muito mau começo para a aliança de direita, porque no Congresso de Tavira não se passou, naturalmente, só isto e este conjunto de calúnias, de insinuações, pretende disfarçar o essencial do que se passou no Congresso, ao qual todos estivemos atentos.
O PSD procedeu a uma alteração essencial na sua estratégia: até aqui procurava mobilizar o voto útil da direita; agora, após o seu Congresso, vai oferecer o partido à direita. VV. Ex.as, em Tavira, não elegeram um líder mas dois líderes, e, por acaso, até falaram mais do ausente do que do presente. Foi, aliás, muito interessante ouvir ontem o Dr. Paulo Portas a explicar-vos como é que se forma um partido de direita - embora ele seja mais especialista em destruí-los do que em construí-los, aos partidos, claro! Mas, enfim, lá vos explicou como é que se forma um partido de direita.
De facto, foi essa aliança de direita que de lá saiu, e não venham disfarçar o essencial desse debate político, recorrendo, sobretudo, a manobras de diversão. Assumam! Não é crime algum virar à direita, nem constituir um partido de direita!

Protestos do PSD.

Para nós, isso até traduz um esclarecimento essencial da vida política e é, no fundo, regressar à vossa crença natural.

Protestos do PSD.

Agora, um partido de direita, como pretendem constituir juntamente com o PP, é, em nosso entendimento, uma clarificação da vida política, mas é uma clarificação que vai ao arrepio do sentido dos portugueses. Em nosso entendimento, o PSD fez um discurso no sentido de que o País está numa desgraça, o que não corresponde de forma alguma à realidade. Até teve o desplante de dizer que este país, de oito séculos, corre o risco de se afundar se a aliança de direita não ganhar as eleições em 1999!
Mas não é este o problema, Sr. Deputado! O País não corre qualquer risco de se afundar, o PPD é que corre um risco muito grande de se afundar. E sabe qual é o vosso principal problema? É que o País está a verificar que quanto mais o PPD se afunda melhor está!