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2014 I SÉRIE - NÚMERO 60

Aplausos do PS.

Desde que deixaram de ser governo, os salários reais cresceram, as medidas concretas, em relação à pobreza, foram tomadas - é, aliás, curioso ouvir falar o PPD de pobreza, quando, como governo, nunca falou nesta matéria: foi até pena não terem reparado, enquanto estiveram no governo, que existia pobreza em Portugal, porque, com certeza, com um coração tão bondoso como o vosso, teriam tornado alguma medida...
Desde que vocês saíram do governo estamos a crescer acima da média europeia, o desemprego está a diminuir e o País está bem. Quer dizer, quanto mais o PPD se afunda, melhor está o País!

Aplausos do PS.

O Sr. Moreira da Silva (PSD): - É um país maravilhoso!

O Sr. Presidente: - Para responder, se assim o desejar, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Marques Mendes.

O Sr. Luís Marques Mendes (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Acácio Barreiros, o primeiro comentário é ainda em relação à acusação, às suspeições, que de facto levantámos. Eu sei que o senhor considera mais cómodo discutir estas coisas um pouco à porta fechada, em comissão, mas nós preferimos discuti-las em plenário.

Vozes do PSD: - Muito bem!

Protestos do PS.

O Orador: - Para a próxima semana está agendada uma interpelação ao Governo, na qual, perante todos os portugueses, terá de explicar e esclarecer esta situação.

Aplausos do PSD.

A segunda questão colocada por V. Ex.ª tem a ver com o virar à direita ou à esquerda. O primeiro comentário que isto me suscita é o seguinte: hoje, ouço o senhor - e já ontem ouvi o mesmo de um seu companheiro de partido - dizer: o PSD vira à direita! Depois, ouço um ministro do Governo que os senhores apoiam, dizer: o discurso do PSD parece o do Dr. Carlos Carvalhas! Então, em que ficamos? É à direita ou à esquerda?

Risos do PSD.

Dou-lhe um conselho, Sr. Deputado: entendam-se, organizem-se, não digam uns uma coisa e outros outra.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Até aconselharia que recomendassem ao Sr. Primeiro-Ministro que, numa das suas próximas passagens por Portugal, metesse ordem na «casa», pusesse todos a falar no mesmo sentido...

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - ... e a rumar na mesma direcção.

Aplausos do PSD.

O terceiro comentário, Sr. Deputado, quanto ao virar à direita: isso seria de facto muito difícil. E sabe por quê? Porque esse espaço já está ocupado. Os senhores, nos últimos tempos, encarregaram-se de ocupar totalmente esse espaço...

Aplausos do PSD.

... e nós, mesmo que quiséssemos caminhar nesse sentido, corríamos o risco de ter já a poria encerrada, porque o PS tomou conta desse espaço, e até de encontrar lá o Ministro Pina Moura, que agora resolveu, num afã vertiginoso, passar do lado que todos conhecemos para o outro lado, que é a chamada direita dos interesses. Ora, eu não estou interessado em encontrar-me lá nem com os senhores nem o Ministro Pina Moura!

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José Junqueiro.

O Sr. José Junqueiro (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Luís Marques Mendes, assistimos neste Congresso do PSD, que, aliás, seguimos com algum interesse, pelo menos da minha parte, àquilo que foi o desvirtuamento das questões essenciais. VV. Ex.as criticaram duas ou três coisas, durante dois ou três dias.
A primeira questão foi a do diálogo, mas não era grave. Os senhores criticaram o diálogo na segurança social, que tinham deixado e publicitado como arruinada; os senhores criticaram o diálogo ao nível das forças da segurança e na sua reforma, que deixaram depauperadas de meios humanos e materiais; os senhores criticaram o diálogo ao nível da função da pública, querendo fazer esquecer que tinham preparado um vastíssimo plano de desemprego, que começava exactamente pelo quadro de excedentários.

Protestos do PSD.

E criticaram esse diálogo fazendo uma instigação clara e concreta ao conflito social, substituindo-se assim àquilo que já não existe na sociedade portuguesa, a um qualquer vulgar partido de extrema esquerda.

Protestos do PSD.

Em segundo lugar, os senhores demonstraram a insuportabilidade de estar na oposição. Porquê? Porque podiam, durante três dias (foram três dias perdidos!), ter avançado com ideias e propostas para o País. Mas os senhores, durante três dias, apenas fizeram uma coisa: o jogo da partilha, com outro partido da oposição, de um poder que não vão, por acaso, alcançar, tendo-se esquecido, «pataca a mim, pataca a ti», de falar de reformas essenciais.
Por exemplo, não falaram sequer numa proposta para a reforma fiscal - os senhores, que deixaram a maior injustiça e os maiores perdões fiscais do País; não falaram na reforma da justiça, tendo deixado as cadeias e os tribunais como ficaram; não falaram nas propostas para a saúde, tendo deixado a saúde no estado em que ficou; não falaram nas medidas para o emprego, que, durante dez anos do vosso governo, aumentou de 200 e tal mil desempregados para cerca de meio milhão, isto com o vosso Primeiro-Ministro, Cavaco Silva, e com alguns ministros que estão hoje sentados nessa bancada!