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23 DE ABRIL DE 1998 2019

sada como o fez sempre a Eng.ª Virgínia Moura. Ficou, pelo menos, o exemplo de uma pessoa com a qual não concordávamos politicamente, mas tínhamos, seguramente, de a admirar pela sua coragem e pela sua diferença.

Vozes do CDS-PP: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Castro.

A Sr.ª Isabel Castro (Os Verdes): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Quero, em nome de Os Verdes, expressar as nossas condolências ao PCP pela perda de uma das suas mais destacadas dirigentes.
Julgo, além do mais, que a Eng.ª Virgínia Moura, mais do que uma grande e histórica militante do PCP, é, seguramente, alguém que é património de toda a resistência antifascista em Portugal, no sentido em que a sua personalidade inconformista, viva, lutadora e corajosa, que marcou gerações, passa para além dessas gerações como um exemplo das mulheres que, com coragem, agiram e lutaram em defesa dos seus ideais.
É perante essa mulher e as muitas mulheres que, seguramente, nela revêem um exemplo de coragem que, em nome de Os Verdes, quero exprimir as nossas sentidas condolências.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado João Amaral.

O Sr. João Amaral (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Quero agradecer aos Srs. Deputados que intervieram - muito particularmente ao Sr. Deputado Pedro Baptista mas também aos Srs. Deputados Silvio Cervan e Isabel Castro - a forma como aqui se expressaram sobre a Eng.ª Virgínia Moura, realçando a sua figura de humanista, de combatente pela liberdade e de mulher.
A minha camarada Virgínia Moura faleceu e o País, como disse, e muito bem, o Sr. Deputado Pedro Baptista, ficou mais pobre. É e a Virgínia Moura era uma força de alma enorme. O Óscar Lopes conta, numa entrevista que deu acerca do falecimento da Virgínia Moura, que, quando estavam presos, a Virgínia falava tão alto para os «pides» que se ouvia pela cadeia toda, e que, com isso, dava força aos outros. Ele conta: ela usava uns sapatos altos, batia com os tacões no chão com força e falava-lhes alto. É que ela era uma mulher de coragem, transparente, de rosto bem firme, olhando de frente a vida, olhando-a com a determinação e a coragem que emprestou a todos os seus actos.
Mas a Virgínia Moura, que era uma mulher de liberdade, sempre se cingiu ao quotidiano do povo com quem viveu, fundamentalmente o povo do Porto. E julgo muito importante lembrar aqui que a Virgínia era uma porta sempre aberta para todas as causas, tanto as grandes, as que tinham a ver com os grandes movimentos, como as pequenas, por mais pequenas e mais humildes que fossem. Em todas elas, ali estava a Virgínia, disponível, compatível, com o seu sorriso e a sua determinação.
Quero ainda lembrar aqui um outro aspecto, que está registado no voto e nos dá uma outra componente. A Virgínia era uma lutadora da liberdade, da democracia, da resistência e, às vezes, as pessoas ficam limitadas a esse campo. Porém, a Virgínia era uma grande alma de mulher, pelo que talvez também seja importante assinalar aqui como ela viveu, todos esses anos, com o Arq.º Lobão Vital um grande e profundo amor. Um amor de mulher e de homem, juntos combatendo em todas as circunstâncias. Em todos os sítios, se podia ver o Lobão Vital - também já falecido - e a Virgínia Moura, lado a lado, os dois com o mesmo empenho e os dois com um grande e mútuo amor, o que é sinal de muito humanismo.
Por isso, quando aqui nos despedimos da Virgínia Moura, despedimo-nos de uma resistente, de uma lutadora, de uma grande mulher, de um grande ser humano.

Aplausos do PCP e do PS.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, quero juntar a minha voz à de todos os Srs. Deputados que exaltaram a figura de Virgínia Moura. Conheci-a através de um irmão de minha mãe, o Prof. Rodolfo Abreu, já falecido, que era também do Partido Comunista. Irradiava dela uma força muito impressiva, que não deixava ninguém indiferente. Ela foi, de facto, uma referência de coragem e de combatividade na minha juventude - e até muito depois disso -, viveu por ideias e ideais e morreu com eles.
Quero juntar a minha voz aos sentimentos de pesar do Partido Comunista, endereçando quer ao partido, na pessoa do Sr. Secretário-Geral, quer à família enlutada os meus sentidos pêsames.
Srs. Deputados, vamos votar o voto n.º 1O9/VII - De pesar pelo falecimento da Eng.ª Virgínia Moura, apresentado pelo PCP e PS.

Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.

Srs. Deputados, vamos guardar um respeitoso minuto de silêncio.

A Câmara guardou, de pé, um minuto de silêncio.

Srs. Deputados, o Sr. Secretário vai ler, agora, o voto n.º 110/VII - De pesar pelo falecimento do Prof. Doutor Pereira de Moura, apresentado pelo PCP, PS e PSD.

O Sr. Secretário (Artur Penedos): - Sr. Presidente e Srs. Deputados, o voto é do seguinte teor:

Francisco Pereira de Moura foi uma eminente figura de economista, de respeitado professor, de interveniente político e cívico extremamente dedicado e empenhado.
Tendo estudado engenharia, muito novo, rapidamente evoluiu para a área dos estudos de economia, onde se notabilizou pela importância, qualidade, rigor e capacidade de investigação e divulgação. Foi um divulgador do saber, um investigador e um questionador do saber organizado; mas foi essencialmente um pedagogo e um formador. Não têm conta o número de economistas e outros profissionais das áreas económicas, laborais e empresariais que beberam os ensinamentos do Prof. Pereira de Moura e que os utilizaram para desenvolver e aprofundar a sua reflexão. O ensino da economia no ISEG e em Portugal muito ficou a dever ao magistério do Prof. Pereira de Moura, é justo reconhecê-lo.
O Prof. Doutor Pereira de Moura foi também uma figura de eminente cidadão, política e civicamente interveniente.
Usou a sua função de Procurador à Câmara Corporativa para contestar o antigo regime e lutar pela sua evolução. Confrontado com o imobilismo do regime ditatorial, não hesitou, a partir de 1968, em contestá-lo abertamente. Na