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25 DE SETEMBRO DE 1998 147

ponsável em termos políticos. Mas que conclusões devemos tirar deste facto?
Agora que o Verão está a terminar, é nossa intenção concentrar esforços na definição de uma política que poupe Portugal e os portugueses à repetição assustadora, ano após ano, de um flagelo que destrói a riqueza nacional.
Deixo este depoimento sério e a total disponibilidade do Partido Popular na luta contra esta dramática realidade nacional.

Aplausos do CDS-PP.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos ao Sr. Deputado Augusto Boucinha, inscreveram-se os Srs. Deputados Roleira Marinho, Isabel Castro e António Reis.
Srs. Deputados, peço que sejam o mais concisos possível porque já ultrapassámos todos os limites de tempo para o período de antes da ordem do dia e ainda tem de usar da palavra, ao abrigo do artigo 81.º, n.º 2 do Regimento, porque se vai ausentar do Parlamento, o Sr. Deputado Rogério Brito.
Hoje foi, de facto, uma orgia de dispêndio de tempo para lá dos limites, portanto, peço que se circunscrevam, o mais possível, aos tempos regulamentares.
Tem, então, a palavra para pedir um esclarecimento, o Sr. Deputado Roleira Marinho.

O Sr. Roleira Marinho (PSD): - Sr. Deputado Augusto Boucinha, através dos meios de comunicação social, o Governo socialista desdobrou-se em campanhas informativas sobre os meios disponíveis para combater os fogos florestais durante este ano. Os resultados foram os que todos sabemos e que o Sr. Deputado focou: foi um dos piores anos para a floresta portuguesa.
Pergunto-lhe, Sr. Deputado, se entende que a política seguida pelo Governo para o sector é ou não uma política virtual? Este Governo vive ou não em permanente propaganda e campanha, isto é, em show político? Como é que o Sr. Deputado comenta o facto de terem sido dadas instruções, indicações às corporações de bombeiros para omitirem a área de floresta ardida, substituindo-a por área de mato ardido? E mais, nos concelhos em que houvesse menos de dois hectares de mata, de floresta ardida, os bombeiros seriam compensados, por parte do Governo, com fornecimento de viaturas como prémio.
Considera isto politicamente honesto? Considera isto correcto, aceitável?
Efectivamente, também no distrito de Viana do Castelo, distrito focado por V. Ex.ª, foi um dos piores anos, tendo havido um envolvimento local de todos. Mas pergunto: os meios disponíveis foram mal geridos pelo Governo ou afinal foram só meios de propaganda indicados?

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Sugiro que o Sr. Deputado Augusto Boucinha responda em conjunto aos três pedidos de esclarecimento, uma vez que tem muito pouco tempo.
Tem a palavra, para um pedido de esclarecimento, a Sr.ª Deputada Isabel Castro.

A Sr.ª Isabel Castro (Os Verdes): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Esta questão trazida pelo CDS-PP é importante.
Os Verdes fizeram uma conferência de imprensa porque, efectivamente, o Governo, de modo desastroso, antecipou-se a fazer balanços e a «deitar foguetes antes da festa» e, lamentavelmente, os dados sobre os incêndios provam que a situação é extremamente grave.

O Sr. Sílvio Rui Cervan (CDS-PP): - Muito bem!

O Orador: - A pergunta que faço ao CDS-PP é a seguinte: sendo que toda a política agrícola do nosso País é no sentido da destruição da agricultura, ou seja, no sentido do abandono dos campos; sendo que a política florestal tem dado toda a primazia à floresta no sentido da produção - leia-se «eucaliptização» - em detrimento da floresta autóctone, qual a posição do Partido Popular relativamente aos novos planos do Governo que continuam a privilegiar a indústria das celuloses, situação de que as nossas florestas, por consequência, também são vítimas?

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, lembro que decorre, no Salão Nobre, a eleição do representante do CDS-PP para a Comissão Nacional de Eleições dado que é preciso preencher esse lugar. Esta eleição decorre até às 19 horas e 30 minutos, pelo que agradeço que não deixem de votar e que comuniquem esta informação aos Srs. Deputados das vossas bancadas.
Tem a palavra, para um pedido de esclarecimento, o Sr. Deputado António Reis.

O Sr. António Reis (PS): - Sr. Deputado Augusto Boucinha, por um lado, a sua intervenção foi, a meu ver, profundamente injusta e, por outro, foi incapaz de identificar as causas profundas deste fenómeno que, infelizmente, todos os anos nos atinge, como atinge muitos outros países, nomeadamente os da orla mediterrânica.
Falo com um saber de experiência feito. É que eu próprio fui uma das vítimas dos incêndios florestais deste ano, como proprietário florestal que sou no concelho de Mação. Devo dizer que este concelho que, aliás, é gerido pelo PSD tem sido exemplar na forma como tem procurado prevenir os fogos florestais e tem recebido a adequada ajuda do Governo socialista nessa matéria. Nunca se investiu tanto como nos últimos anos no concelho de Mação - e em muitos outros concelhos do País -, quer por parte do poder local quer por parte do poder central, na prevenção dos incêndios e na utilização dos meios necessários para combater os fogos florestais.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Isso também já é exagero!

O Orador: - Infelizmente, a causa é muito mais profunda: por melhor prevenção que façamos, meia dúzia de mãos criminosas e altas temperaturas podem, facilmente, deitar abaixo todo esse trabalho.
As causas têm a ver com o facto de termos estado inactivos dezenas de anos no ordenamento da floresta portuguesa. É aí que a questão deve ser colocada: no ordenamento.
No entanto, há ainda um grande esforço a fazer, que já devia ter começado a ser feito há muitos e muitos anos e que estará, finalmente, a arrancar, no sentido de organizar devidamente a floresta portuguesa, para evitar esse fenómenos, absolutamente irracional, que são as longas manchas de resinosas, sem qualquer separação que permita evitar a progressão contínua dos fogos.

O Sr. Luís Queiró (CDS-PP): - Falar assim no meio de uma Legislatura é que eu não entendo!...