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240 I SÉRIE - NÚMERO 8

bom que esta Câmara soubesse, bem como V. Ex.ª, Sr. Presidente, que a proposta para a realização deste referendo partiu, precisamente, de um vereador eleito nas listas do PSD, o Sr. Dr. Amorim Pereira, Vice-Presidente da primeira direcção do Sr. Prof. Marcelo Rebelo de Sousa,...

O Sr. Pedro Baptista (PS): - Exactamente!

O Orador: -... que, durante seis meses, foi industriado para defender a regionalização. Nesse sentido, quando chegou à Câmara Municipal do Porto, propôs que esta fizesse algo para informar os munícipes sobre o processo que estava em causa.
Com essa sua proposta, o Dr. Amorim Pereira conseguiu recolher o assentimento de todos e, entretanto, trabalhou-se num projecto que, hoje, está divulgado.
É certo que outros municípios copiaram o documento e estão a divulgá-lo, mas tal responsabilidade não pode ser assacada ao Presidente da Câmara Municipal do Porto e muito menos ao Partido Socialista. A iniciativa não foi do Partido Socialista, não foi dos vereadores do PS, não foi do presidente da câmara. Este último limitou-se a dar-lhe continuidade.
Acontece, porém, que, quando o documento foi submetido a uma apreciação pela vereação, os Srs. Vereadores do PSD, que tinham sido «chamados à pedra» no dia
anterior pela direcção local do seu partido, renegaram tudo o que antes tinham dito.
É evidente que o Sr. Deputado Sílvio Rui Cervan trouxe aqui as dores, as mágoas do PSD.

O Sr. Sílvio Rui Cervan (CDS-PP): - Está tudo em acta!

O Orador:- O CDS-PP contribuiu para a Câmara Municipal do Porto com um vereador. Isto, sim, Sr. Presidente, é que merece indignação!
Mais do que um esclarecimento, V. Ex.ª vai permitir que lhe diga que todos nós, certamente os mais antigos, aqueles que viveram esses dias e essas lutas..., mas também eu, que era um jovem, uma criança ainda, quando, em 1958, assisti à cavalaria da Guarda Nacional Republicana, na altura ao serviço do regime, «humberteando» as «delgadas» pedras da rua de Ceuta, caindo sobre um
general que desafiava a ditadura.
Hoje temos um general na Câmara Municipal do Porto, um general de carreira que insultou a memória da resistência política portuguesa! E pensava eu que o Sr. Deputado Sílvio Rui Cervan, ou o Sr. Deputado Sérgio Vieira, também ele membro da assembleia municipal do Porto, pudessem vir aqui. protestar contra a ignomínia que representam as palavras do General Carlos Azeredo.

O Sr. José Magalhães (PS):- Muito bem!

O Orador: - O General Carlos Azeredo, ao desrespeitar a memória de Humberto Delgado, desrespeitou toda a resistência política portuguesa, toda a resistência ao fascismo e todos aqueles que se envolveram nessa campanha. Mas isso não lhes mereceu, sequer, uma palavra, Sr. Presidente!
Pode haver outro tempo para fazer este protesto, outras vozes nesta Câmara, e certamente a sua, Sr. Presidente, que seria muito mais relevante do que a minha, modesta, para fazer este protesto. Mas creia, Sr. Presidente, creia que essa atitude indignou os cidadãos do Porto!

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Quando, no próximo sábado ou domingo, o comboio da liberdade, o comboio que transportará todos aqueles que se revêem nessa memória histórica que foi a luta travada, em 1958, pelo General Humberto Delgado,...

O Sr. Sílvio Rui Cervan (CDS-PP): - O «metro da liberdade» não é possível!

O Sr. Rui Namorado (PS): - Não goze!

O Orador: -... esses estarão revoltados pelo silêncio, porque há silêncios que são autênticas cumplicidades!
V. Ex.ª, Sr. Deputado Sílvio Rui Cervan, pode protestar contra um folheto que não diz o que o senhor queria e, porventura, diz o que o senhor não queria, mas não teve a honradez - e o mesmo vale para o Sr. Deputado do PSD Sérgio Vieira - de aqui vir denunciar a ignomínia, o verdadeiro desastre que representa tal atitude perante a memória histórica deste povo. Foram homens como Humberto Delgado, homens que lutaram contra uma ditadura que nos permitiram hoje, anos depois, estar aqui, mas esse facto não lhe mereceu, sequer, uma palavra, uma contestação, um rebuço!
Os senhores querem apenas a chicana e, para isso, não contam connosco.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Contam, sim, para o protesto. Peco-lhe, Sr. Presidente, que o registe, porque este é o protesto da gente honrada. Disse um escritor, Milan Kundera, que a memória é a luta contra o esquecimento. Não é um general qualquer, em que os senhores apostaram, um dia, para tentar dizer coisas dessas, que vai destruir a imagem e a memória que o povo tem do General Humberto Delgado, um homem sem medo!
Modestamente - e eu, então, muito modestamente! -, não temos medo da vossa algazarra.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, inscreveram-se os Srs. Deputados Sérgio Vieira e Sílvio Rui Cervan.
Tem a palavra o Sr. Deputado Sérgio Vieira.

O Sr. Sérgio Vieira (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado José Saraiva, o seu esforço foi em vão, porque o que o Sr. Deputado pretendeu foi branquear o que ficou claro, há poucos minutos, nesta Câmara.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - E o que ficou claro, e continua claro, é que o Dr. Fernando Gomes utilizou e utiliza o dinheiro dos portuenses para servir objectivos político-partidários do Partido Socialista e mentiu aos colegas vereadores do executivo da Câmara Municipal do Porto, mentiu aos