O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

22 DE OUTUBRO DE 1998 513

contribuir, de forma inequívoca, para que se assegure uma ampla participação dos cidadãos no referendo.

O Sr. João Amaral (PCP): - Muito bem!

O Orador: - E esse imperativo incide particularmente sobre os Deputados, sob risco de serem postos em causa a credibilidade e o prestígio do Parlamento. Foram os Deputados que impuseram a obrigatoriedade constitucional de um referendo, para que possa avançar o processo da regionalização administrativa do País, que a própria Constituição determina. Incompreensível seria que, depois de terem responsabilizado os cidadãos por esta decisão, fossem, agora, os Deputados a alhearem-se do referendo.
Por todas as razões, políticas e éticas, os Deputados devem ser os primeiros a desenvolverem todo o esforço para esclarecerem os cidadãos sobre as opções que estão em causa e para os mobilizarem para a sua participação e voto conscientes neste acto cívico.

O Sr. João Amaral (PCP): - Muito bem!

O Orador: - Não há razão séria para defender o contrário, para defender o demissionismo dos Deputados e da instituição parlamentar, para defender o indefensável.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Não há pretextos que possam justificar e defender que os Deputados se devam fechar entre quatro paredes e enterrar a cabeça na areia, como se o referendo (este ou qualquer outro) nada, tivesse a ver com a função que desempenham por mandato dos cidadãos.

O Sr. João Amaral (PCP): - Muito bem!

O Orador: - Contrariamente ao que declarou um vice-presidente da bancada do PSD a um semanário, a suspensão dos trabalhos do Plenário da Assembleia da República não é uma vergonha. Bem pelo contrário. O que é uma vergonha é que haja Deputados e partidos políticos que não queiram participar na exigível campanha de esclarecimento dos cidadãos que os elegeram.

O Sr. João Amaral (PCP): - Muito bem!

O Orador: - O que é uma vergonha é que Deputados, que neste Parlamento se sentam, não queiram trabalhar para mobilizar os seus próprios eleitores para o dever cívico do voto. O que é uma vergonha é que haja Deputados e partidos políticos que, por falta de convicção política nas razões que advogam contra a regionalização, pretendam e tudo façam para arredar os portugueses do voto consciente no referendo.

O Sr. Lino de Carvalho (PCP): - Muito bem!

O Orador: - É contra essas vergonhas que o PCP e os Deputados do PCP propõem este projecto de deliberação e o votarão favoravelmente. Assuma cada um as suas responsabilidades políticas perante os cidadãos, com frontalidade, com transparência e verdade democráticas e não com falsos e ridículos pretextos.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, antes de dar a palavra ao próximo orador, quero informar a Câmara que se encontram a assistir aos nossos trabalhos um grupo de trabalho sobre recursos humanos do Parlamento da Geórgia, que se deslocou a Portugal no âmbito do Projecto de Cooperação Multilateral de Apoio ao Parlamento da Geórgia, financiado pela União Europeia (Programa TACIS), dirigido pelo Senado francês e que integra o parlamento irlandês, o parlamento grego e a Assembleia da República.
Peço-vos uma saudação para todos eles.

Aplausos gerais, de pé.

Para uma intervenção, utilizando também 5 minutos, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Encarnação.

O Sr. Carlos Encarnação (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não pode haver, da nossa parte, qualquer hesitação em qualificar esta iniciativa do PCP. É uma iniciativa feita de parceria com os interesses do Governo e do PS para calar o Parlamento.

Vozes do PSD: - Muito bem!

Risos do PS.

O Orador: - Se for aprovada, haverá até ao fim do ano seis plenários dos 18 possíveis e só quatro destes deliberativos. Até ao fim do ano, o Governo não agendará os diplomas que anunciou como prioritários e remeterá as culpas para a Assembleia da República.

O Sr. Luís Marques Mendes (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Sabe-se que a Conferência dos Representantes dos Grupos Parlamentares não deu acordo ao encerramento dos trabalhos da Assembleia da República no período da campanha eleitoral.

O Sr. Luís Marques Mendes (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Não deu acordo, porque o PSD e o PP votaram contra. Razão de ser simples: nunca, em actos eleitorais ou referendários anteriores, a interrupção se verificou.

O Sr. Octávio Teixeira (PCP): - Não é verdade!

O Orador: - O PCP avançou, então, com esta iniciativa. Refere-se ao artigo 49.º do Regimento mas fundamenta-se noutros argumentos.

O Sr. Luís Marques Mendes (PSD): - Muito bem!

O Orador: - A suspensão pretendida das reuniões plenárias da Assembleia da República basear-se-ia na realização do referendo e nas exigências de campanha, não se baseia naquilo que é exigido no n.º 1 do artigo 49.º, que é: «(...) para efeito de trabalho de comissões».
Assim sendo, se a Assembleia da República deliberar suspender as suas reuniões plenárias sob este pretexto está a incorrer em desvio de poder. Está a usar uma competência sua para fim diverso daquele para que lhe foi concedido.