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1080 I SÉRIE - NÚMERO 2f

porque não vem ao caso e, segundo, para não incomodar ainda mais o Sr. Deputado...

O Sr. Octávio Teixeira (PCP): - As suas referências nunca me incomodam!

O Orador: - ... que já manifestou incómodo suficiente!

Aplausos do PSD.

Falei do silêncio do Parlamento! E aí o senhor é um grandes responsáveis.
A este respeito sublinho o seguinte: acho que é uma vergonha, da qual o PS e o PCP são responsáveis, que o acto político mais importante que este ano se realizou em Portugal, o referendo sobre u regionalização - que era a «reforma do século», que era a magna questão para todos VV. Ex.ªs, não tivesse tido a oportunidade de ter tido um minuto que fosse de um debate aqui na Assembleia da República. Isso é uma vergonha!

Aplausos do PSD.

E sei que não dava jeito nem ao PS nem ao PCP; ficavam incomodados! Mas que diálogo é este? Mas que democracia é esta? Mas que sistema é este onde só se tratam as matérias que lhes dão jeito e que não lhes causam incómodo?
Sr. Deputado, é por isso que eu percebo bem! Se o PSD não tivesse prescindido..

O Sr. Octávio Teixeira (PCP): - Fugiu, não rescindiu!

O Orador- - ... do seu direito potestativo de agendamento para hoje temos mais três semanas sem um debate polido, ou seja, mais três semanas sem que as questões que preocupam os portugueses pudessem ser discutidas no Parlamento.
Ora, eu recuso-me terminantemente, enquanto líder desta bancada, a estar aqui a discutir as questões da estratosfera política - permita-se-me a expressão -, passando ao lado de expressões concretas da vida dos portugueses, nomeadamente a injustiça da justiça ou a saúde dos portugueses. É isso que interessa discutir!

Aplausos do PSD.

E até lhe dou mais outro exemplo que vai interessar para o futuro, embora já devesse ter interessado no passado recente, e que é congénere do referendo sobre as regiões, questão que os senhores impediram que fosse aqui tratada para tentar encobrir e disfarçar a grande derrota política que tiveram.
Divergências à parte, acho que temos de ter seriedade: nos próximos dias vai fazer seis meses que teve lugar um outro referendo importante em Portugal sobre o aborto, onde foi rejeitada aquela que eu considero uma má e falsa solução para um problema concreto e verdadeiro que existe, e nisso estivemos todos de acordo.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Na verdade, eu fiquei satisfeito, porque a solução foi rejeitada e eu achava que era uma má solução, mas eu não fico satisfeito enquanto os problemas concretos das mulheres, do planeamento familiar e da saúde dos portugueses não forem resolvidos. Por isso, lhe digo que, oportunamente, nós, que estivemos contra essa solução mas que compreendemos que existe um problema, traremos o assunto aqui para que perante os problemas concretos haja propostas concretas.
Todavia, o senhor prefere, como hoje, falar das questões da estratosfera política e aí faz também o jogo daquele que é, obviamente, o interesse da maioria socialista,

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Paciência, paciência!

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente (Manuel Alegre): - Para uma intervenção política, tem a palavra a Sr.ª Deputada Odete Santos.

A Sr.ª Odete Santos (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Há bem pouco tempo comemoraram-se os 50 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos - e penso que isto não será uma questão de estratosfera política! - e foi tempo de ouvir falar de dignidade. Todos os direitos para todos como se proclamava num Relatório do Alto Comissariado para os Direitos do Homem das Nações Unidas.
Este acontecimento que, justamente, se celebrou e o avizinhar do próximo milénio, tornam mais chocante muitas realidades quotidianas que patenteiam chocantes violações de elementares direitos do ser humano...

O Sr. Presidente (Manuel Alegre): - Srs. Deputados, a intervenção da Sr.ª Deputada merece todo o respeito - como todas as intervenções, aliás - pelo que agradeço aos Srs. Deputados o favor de se sentarem e de garantirem as condições mínimas de ela poder ser ouvida com dignidade.

A Oradora: - Muito obrigada, Sr. Presidente. Os Srs. Deputados, com certeza, foram passear para a estratosfera. Desejo-lhes boa viagem...!

Risos do PCP.

Como estava a dizer, este acontecimento que, justamente, se celebrou e o avizinhar do próximo milénio, tornam mais chocantes muitas realidades quotidianas que patenteiam chocantes violações de elementares direitos do ser humano. Chocante foi ver anunciar, por exemplo, que a Ford Electrónica oferece o despedimento aos trabalhadores que ao seu serviço contraíram uma grave doença profissional, vulgarmente chamada tendinite; chocante, foi ver a forma como a Ford Electrónica anunciava aos trabalhadores esse remédio amargo para as lesões irreversivelmente contraídas ao serviço dos lucros da multinacional.

O Sr. Octávio Teixeira (PCP): - Ó Odete, espera aí; o Sr. Deputado Luís Marques Mendes vai a sair. Será que não quer ouvir falar dos problemas concretos do País?

O Sr. Presidente (Manuel Alegre): Srs. Deputados vamos lá a acalmar...!
Queira, continuar, Sr.ª Deputada.