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12 DE FEVEREIRO DE 1999 1755

ção, mas, depois, o seu próprio projecto de resolução refere que é preciso um quadro financeiro para Portugal, no período de 2000 a 2006, claramente superior ao nível de apoios do anterior quadro.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Se esta é, de facto, uma perspectiva realista e de conhecimento das condições em que se está a processar esta negociação, francamente, tenho algumas dúvidas ...
O Sr. Deputado Carlos Encarnação referiu-se, a certa altura, num tom vagamente irónico, à declaração feita pelo Presidente da Comissão, o Presidente Santer, no sentido de que Portugal poderia ter mais 15% dos fundos. Não sei se era ironia, mas, se não era, gostava de saber com que ironia o Sr. Deputado vê o próprio Presidente do seu partido dizer que Portugal poderá sair desta negociação com mais 20% dos fundos!

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Exactamente!

O Orador: - Os Srs. Deputados do PSD têm de resolver este problema rapidamente, e creio que a melhor maneira de o fazer seria através da apresentação de uma proposta no sentido de trazer à Comissão dos Assuntos Europeus o Comissário Europeu Deus Pinheiro, para este lhes dar uma ideia mais realista sobre o modo como está a decorrer esta negociação.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, dou por encerrado o debate requerido pelo Grupo Parlamentar do PCP, ao abrigo do n.º 2 do artigo 76 º do Regimento, sobre a Agenda 2000.
Srs. Deputados, vou proceder à leitura do voto n.º 146/VII - De pesar pelo falecimento da pintora Maluda, apresentado por mim próprio, pelo PS, pelo PSD, pelo CDS-PP, pelo PCP e por Os Verdes.
Faleceu a pintora Maluda. O País perdeu uma das suas mais originais artistas plásticas.
Natural de Goa, foi em Lourenço Marques que a sua vocação despontou. A sua obra artística é uma viagem a caminho do rigor e da perfeição.
Servindo-se de temas simples - ficarão para sempre famosas as suas janelas, os seus pitorescos quiosques e as suas paisagens, urbanas rigorosamente perspectivadas e despidas de presença humana -, conseguiu efeitos plásticos raras vezes entre nós conseguidos.
Quando tentou o retrato, revelou-se uma apreciável retratista. Um dos seus últimos retratos, o do Prof. Vítor Crespo, exposto na galeria dos ex-Presidentes da Assembleia, é a prova disso.
Dotada de proverbial simpatia humana, deixa um vazio impreenchível entre os seus amigos e admiradores.
A Assembleia da República, na sua sessão de hoje, aprovou um voto de sentido pesar, expressando à família enlutada a suas mais sentidas condolências.
Para uma breve intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado António Brochado Pedras.

O Sr. António Brochado Pedras (CDS-PP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: A bancada do Partido Popular associa-se sentidamente a este voto.

Maluda foi uma talentosa artista - o seu talento é visível nesta Assembleia, no retrato qúe V. Ex.ª acabou de mencionar e que se encontra na galeria dos ex-Presidentes da Assembleia da República - que pintou inúmeras janelas e retratou, de forma magistral, inúmeras personagens.
O Partido Popular quer, neste momento, desta «janela» da Assembleia da República, dizer um adeus muito sentido e muito saudoso à pintora. Sabendo que ela amava a luz, ela terá, sem dúvida, a suprema alegria de poder, eternamente, banhar-se na luz etérea.

Vozes do CDS-PP: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Teresa Patrício Gouveia.

A Sr.ª Teresa Patrício Gouveia (PSD): - Sr. Presidente, o Grupo Parlamentar do Partido Social Democrata também gostava de invocar hoje, aqui, essa personalidade singular que foi a Maluda, como singular foi a sua pintura, e lembrá-la, sobretudo, pela maneira independente, genuína e original como desenvolveu o seu percurso artístico, bastante independente das tendências dominantes, das modas e das doutrinas dos críticos. Talvez por isso ela tenha sido capaz de tocar tão directamente o público, que a compreendeu e, através dela, desfrutou o prazer da contemplação da pintura.
Diz-se que os homens estão ausentes da pintura da Maluda. Mas não estiveram ausentes da sua vida, pelo contrário. Com eles, ela foi generosa na partilha da sua amizade e na disponibilidade com que, em muitas ocasiões, quis intervir civicamente, com a sua presença e com a sua palavra.
Maluda nasceu em Goa, viveu em Moçambique, mas foi em Lisboa que se encontrou com os aspectos mais genuínos, mais consistentes da sua pintura. E foi essa Lisboa, assim como outras paisagens do nosso país, que ela nos deu a ver, dando-nos imagens que não tínhamos.
Por essa razão, gostava de a invocar e, sobretudo, de lhe agradecer essas imagens e o olhar que nos deixou.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Fernando Pereira Marques.

O Sr. Fernando Pereira Marques (PS): - Sr. Presidente, o Grupo Parlamentar do PS associa-se ao voto de pesar, de que V. Ex.ª é primeiro subscritor.
A pintora Maria de Lurdes Ribeiro, que ficaria conhecida por Maluda, sendo também uma pintora de grande mérito como retratista - como é referido no voto proposto -, foi essencialmente uma pintora de paisagens vazias de pessoas, mas, sobretudo, uma pintora de Lisboa, do seu casario, dos seus telhados, das janelas e dos quiosques, num estilo muito peculiar, geométrico, que, na sua aparente simplicidade, evidenciava um glande sentido da cor e da luz.
Tornou-se o que pode chamar-se uma artista popular, no que de bom tem esta expressão, para o que contribuiu, como é sabido, a vasta reprodução que as suas obras tiveram, nomeadamente através de um meio de grande difusão como são os selos de correio.
Foi uma pintora que viria, assim, a ocupar um lugar singular no meio artístico nacional, lugar que ficou vazio.