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I SÉRIE - NÚMERO 47 1756

O Grupo Parlamentar do Partido Socialista expressa também as suas condolências à família enlutada.

Vozes do PS e do PSD: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr' Deputada Isabel Castro.

A Sr.ª Isabel Castro (Os-verdes): - Sr. Presidente e Srs. Deputados, também me quero associar a este voto de pesar pelo falecimento da pintora Maluda.
Como já foi referido, a pintura de Maluda tem um toque muito peculiar, o toque do geometrismo, o toque da luz. Ela deu do País, sobretudo do Sul, do Alentejo e do Algarve, múltiplos registos, mas é na cidade que ela adoptou como sua, a cidade de Lisboa, a que se associa irremediavelmente a sua obra, que ela se torna conhecida.
As janelas que ela abriu para as pracetas de Lisboa, para o rio, para as sardinheiras, para as pessoas, para a luz. É nessa cidade, onde viveu, onde criou laços de amizade, onde viveu bem consigo e com os outros e de onde ela agora parte, que ficará, seguramente, o maior registo e o que muitos portugueses recordarão e terão como presente, da parte de alguém que conseguiu, como poucos, ser conhecido da generalidade dos portugueses.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado António Filipe.

O Sr. António Filipe (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: A pintora Maluda é uma grande figura da pintura portuguesa contemporânea, e continuará a sê-lo, apesar de falecida, uma vez que as suas obras continuarão a poder ser admiradas por todos nós.
Um jornal de hoje chama-lhe «pintora de Lisboa». Parece-nos que esse é um justo qualificativo para quem pintou Lisboa com um estilo inconfundível, extraordinariamente característico e de uma rara beleza plástica.
Nesta Assembleia existe o retrato do Professor Vítor Crespo, da autoria de Maluda, já muito bem referido neste voto de pesar como uma obra notável desta pintora, enquanto retratista, mas parece-nos que ficaria muito bem neste Palácio uma outra obra de Maluda, porventura representativa daquele estilo tão característico e inconfundível desta artista.
Fica a sugestão, talvez seja possível concretizá-la um dia.
Em nome do Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português, queria expressar a nossa total adesão a este voto e as nossas condolências aos familiares.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros: - Sr. Presidente, se me permite, também gostava de usar da palavra.

O Sr. Presidente: - Tenho muito gosto em dar-lhe a palavra.
Faça favor, Sr. Ministro.

O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros: - Sr. Presidente e Srs. Deputados, o Governo também se quer associar na homenagem à pintora Maluda, por ocasião do seu falecimento.

Maluda contribuiu e continuará a contribuir para fixar imagens nítidas, rigorosas, claras e transparentes do nosso país, em especial da cidade de Lisboa. Num momento em que tantos grandes artistas que pintaram Lisboa vão morrendo, é também esta uma caminhada para que a sua obra continue a estar presente, através do azul do céu, das ruas, dos beirais, das chaminés, da bordadura em amarelo, castanho ou azul, das construções, do branco límpido e transparente e dos cortinados da cidade de Lisboa.
Maluda é, porventura, a pintora portuguesa mais associada, esteticamente, ao fado. Ela não era uma pintora nãif, mas uma pintora popular; não era uma pintora hiper-realista, mas uma pintora realista que continuará, seguramente, para além da sua morte, a estimular o nosso gosto estético e o modo de conhecer e amar melhor o nosso país e a sua capital, Lisboa.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, de todos nós, talvez apenas eu tenha conhecido a Maluda quando ela era uma jovem a despontar para a pintura. Fui para Lourenço Marques com 25, 26 anos e, na altura, ela teria 18 anos. Era um ser humano encantador, já então, com uma luminosidade nos olhos extraordinária que conseguiu transpor para a sua pintura. E manteve-se sempre esse ser humano, com a linearidade das suas paisagens.
Em Portugal fez muitos amigos e sabia cultivar as amizades. Uma das maiores foi Amália Rodrigues, outra artista, que deve estar, neste momento, profundamente emocionada com a perda da sua amiga. A arte quer-se com a arte, e elas fizeram uma amizade muito comovente e muito positiva.
Sinto uma grande mágoa pela morte da Maluda. Acompanhei a evolução da sua pintura, desde as primeiras pinceladas, necessariamente titubeantes, até à perfeição das últimas. Foi, de facto, como se escreve no voto de pesar, uma caminhada no sentido da perfeição.
Srs. Deputados, vamos proceder à votação do voto n.º 146/VII, subscrito por Deputados de todos os grupos parlamentares.

Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.

A Câmara guardou, de pé, um minuto de silêncio.

O voto será transmitido à família enlutada, família que não é numerosa - tinha mais amigos do que familiares.
Srs. Deputados, a próxima reunião plenária realiza-se amanhã, às 10 horas, e terá como ordem do dia a discussão conjunta dos projectos de lei n.os 590/VII (PCP), 607/VII (PSD) e 619/VII (PS) e a apreciação das petições n.os 237/VI, 292/VI, 323/VI e 63/VII.
Está encerrada a sessão.

Eram 20 horas e 20 minutos.

Declaração de voto enviada à Mesa para publicação e relativa à votação final global das propostas de alteração, aprovadas na especialidade pela Comissão de Educação, Ciência e Cultura, sobre o Decreto-Lei n.º 115-A/98, de 4 de Maio, que aprova o regime de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos públicos da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, bem como dos respectivos agrupamentos [apreciação parlamentar n.º 52/VII (PCP)].