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I SÉRIE - NÚMERO 55 2034

O Sr. Ricardo Castanheira (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Muito se tem falado ultimamente de Coimbra neste Hemiciclo, seguramente por motivos de natureza ambiental, que, desde início, julguei dispensáveis e que são, em tudo, distintos dos que venho, agora, a esta Câmara apresentar.
De facto, falar-se do ambiente de Coimbra é, necessariamente, considerar-se o ar cultural que desde sempre se pôde respirar na «Lusa-Atenas»; é despertar para a necessidade depromover Coimbra no todo nacional pelo seu carácter histórico e cultural distintivo; é exigir de todos o comportamento responsável para participarem na promoção positiva desta cidade.
E digo isto porque de um momento para outro todos quantos, e em particular o PSD, durante anos, se alhearam do futuro de Coimbra, votando-a ao ostracismo e à ausência de investimento público, apareceram agora, a propósito de ambiente, como paladinos do seu desenvolvimento e dos seus altos interesses.
Coimbra, estou certo, dispensará estes falsos patriotismos de cidade e exigirá antes - a ver vamos das reacções a esta intervenção - um empenhamento colectivo e suprapartidário, no sentido de traçar definitivamente os seus peso e papel culturais e científicos no espaço nacional.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: É este Hemiciclo o local próprio para se tecerem críticas, apontamentos e observações políticas sobre as mais diversas situações. Assim tem sido ao longo do parlamentarismo democrático e decerto continuará a ser. Mas é, igualmente, esta Câmara o espaço indicado para se enaltecerem projectos e para se sublinharem atitudes. Fá-lo-ei, agora.
Enaltecer o ambicioso e espectacular projecto do Parque de Ciência, Cultura e Lazer de Coimbra, orçado em 3,5 milhões de contos, recentemente apresentado publicamente pela Câmara Municipal de Coimbra.
Enaltecer os programas de recuperação do Pátio da Inquisição, da Cerca de S. Bernardo e de reconversão da Ala Poente do Colégio das Artes, estimados em cerca de um milhão de contos, dignificando estes pontos referenciais da cidade preparando-os assim para albergar iniciativas e instituições ligadas ao teàtro, à fotografia, à cultura e à educação em geral.
Convirá enaltecer, ainda, e sublinhar também para os menos atentos, um total global de investimentos e apoio financeiro de cerca de 3,7 milhões de contos com iniciativas para o próximo triénio, por entre subsídios a organismos autónomos, protocolos como círculo de artes plásticas, com o Teatro Gil Vicente, na conservação da Sé Velha de Coimbra e na requalificação e ampliação do Museu Machado de Castro.
Sublinhar a atitude, sempre consciente e perseverante, da autarquia coimbrã, considerando a matriz cultural e artística como inelutável no processo de construção e de desenvolvimento futuro daquela cidade.
Sublinhara atitude impulsiva e estimulante deste Governo, através de um sério investimento público nas infra-estruturas culturais e históricas da cidade, denotando compreensão sobre o papel de Coimbra no curso nacional.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: A dimensão e a singularidade do projecto de base municipal Parque de Ciência, Cultura e Lazer de Coimbra justificam uma atenção especial para com os contornos deste investimento de milhões de contos.
Integrado na área do futuro parque verde da cidade, esta empresa cultural e científica contribuirá, indubitavelmente,

para o aproveitamento da margem esquerda do rio e para a promoção dos vários edifícios históricos ali existentes: Convento de Santa Clara à Velha, Lapa dos Esteios, Portugal dos Pequeninos, Quinta das Lágrimas e Convento de S. Francisco.
A diversidade temática, sempre com a preocupação de estabelecer uma relação profunda com a história, por um lado, e com o próprio projecto de futuro para Coimbra, por outro, permitirá ali instalar pavilhões que tratem das questões mais variadas: desde o Rio Mondego, aos Jardins Botânicos, passando pela história de Pedro e Inês de Castro, até à edificação de Museus dos Transportes, da Ciência e da Técnica e Exploratório Infante D. Henrique.
Sublinhe-se, igualmente, o desejo de ver estabelecido um, paralelo organizativo e mesmo o aproveitamento material de estruturas e conceitos da Expo 98, conseguindo assim o, aproveitamento eficaz daquele que foi o evento da década no nosso País.
Esta concertarão de esforços entre a autarquia e o Governo, da qual não poderão estar álheados todos os agentes culturais e artísticos da cidade e da região, permitirá, sem dúvida, dotar Coimbra, e o país, respectivamente, de uma rede de equipamentos decisivos para o apoio à criação e à descentralizarão cultural, artística e científica.
No fundo, o gesto protagonizado simultânea e recentemente por vários ministros, em Coimbra, não foi mais do que o reconhecimento expresso das grandes tradições culturais daquela cidade e do elevado valor do notável património que ali está edificado.
O País chumbou a regionalização como modelo de desenvolvimento, no entanto não pode inviabilizar, apesar das vontades de alguns localizados em Lisboa e no Porto, políticas de descentralização de recursos e de meios para promover um crescimento uniforme de Portugal.
Se existem áreas de governação às quais se imponha este tipo de raciocínio, elas são a Cultura, a Ciência e Tecnologia e a Educação, porquanto são critérios decisivos para aferir do grau de desenvolvimento da população e da sua preparação para enfrentar o futuro.
Coimbra é, hoje, e deverá sê-lo crescentemente, um local privilegiado de criação cultural e artística, detém assim dos mais importantes espólios históricos e patrimoniais do país. Está, enfim, na rota dos espectáculos e da oferta cultural.
Atente-se, por exemplo, nos Encontros de Fotografia, cujo prestígio e qualidade ultrapassaram há muito as fronteiras do nosso País, e que têm servido ao longo dos anos para dar ao mundo uma ideia cultural e artisticamente desenvolvida de Coimbra e do país.
Dada a sua relevância foram também, agora, objecto de um protocolo entre a autarquia e o governo para a sua adequação aos objectivos mais arrojados do futuro, com apoios financeiros na ordem dos 94 000 contos para os próximos dois anos.
Na sequência de uma reunião de trabalho com dirigentes distritais de organizações políticas de juventude, assumi o compromisso de fazer eco no Parlamento da pretensão colectiva de assistirmos ao apoio da Administração Central a uma candidatura de Coimbra a Capital Europeia da Cultura no próximo século.
Honro, assim, um imperativo de consciência e cumpro um compromisso político! Assim sendo, enquanto deputado eleito pelo círculo eleitoral de Coimbra, espero ver, deste ou de outro qualquer governo, medidas concretas de apoio a este desejo generalizado de ver Coimbra simbolicamente representada no espaço cultural europeu, que se