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1189 | I Série - Número 30 | 15 de Dezembro de 2000

 

acerca deste processo, acerca do envolvimento directo de membros de gabinetes ministeriais em funções executivas privadas e da utilização de dinheiros do Estado à margem do regime de realização de despesas públicas.

Vozes do PSD e do CDS-PP: - Muito bem!

O Orador: - Será a Procuradoria-Geral da República a fazer o competente inquérito, em toda a sua extensão, Sr. Primeiro-Ministro.
Mas, para além da questão de legalidade, há uma questão ética e de boa governação.
Considera o Sr. Primeiro-Ministro que é boa governação o Governo criar uma fundação privada, desviando dinheiro dos contribuintes para ser gasto por assessores e adjuntos do mesmo Governo, escapando às regras da Administração Pública, evitando os concursos públicos e assim desautorizando a própria Administração Pública?
A questão é esta: o Sr. Primeiro-Ministro considera que isto é boa governação? É que se o Sr. Primeiro-Ministro pensa que isto é boa governação, então, tenho de dizer-lhe que não reúne as condições para o exercício do cargo em que está investido!

Aplausos do PSD.

Protestos do PS.

Sr. Primeiro-Ministro, tenho de afirmar uma diferença: num governo do PSD, isto não aconteceria.

Risos do PS.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, agradeço que façam silêncio para que o Sr. Deputado Durão Barroso seja ouvido em condições normais.

O Orador: - Comigo, isto não aconteceria, Sr. Primeiro-Ministro!

Protestos do PS.

O Sr. Narana Coissoró (CDS-PP): - Seria pior!

O Orador: - Em primeiro lugar, mal tivesse conhecimento de uma notícia deste tipo, os membros do governo seriam demitidos no próprio momento; depois, a fundação seria imediatamente dissolvida e, por último, mandaria repor o dinheiro dos contribuintes, que seria entregue ao Estado, como deveria ter sido feito pelo Governo.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, peço-lhe que termine, pois já esgotou o tempo de que dispunha.

O Orador: - Termino já, Sr. Presidente. Peço-lhe a mesma condescendência que teve com o Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Presidente: - Quase nenhuma, Sr. Deputado!

O Orador: - Por outro lado, Sr. Primeiro-Ministro, quanto às actividades da dita fundação, sabe V. Ex.ª que os cartões de boas-festas dos gabinetes do Governo, por exemplo, os do gabinete do Sr. Secretário de Estado da Administração Interna, do seu ex-chefe de gabinete, Luís Patrão, que, com certeza, recebeu no passado mês de Dezembro de 1999, são pagos por uma fundação privada, no montante de 234 contos?

O Sr. Narana Coissoró (CDS-PP): - Que vergonha!

O Orador: - O Sr. Primeiro-Ministro considera que isto é boa governação?

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, tem mesmo de terminar!

O Orador: - Sr. Primeiro-Ministro, isto não é boa, é péssima governação, e a responsabilidade é de V. Ex.ª!

Aplausos do PSD.

Protestos do PS.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: - Sr. Presidente, Sr. Deputado Durão Barroso, a sua intervenção só torna mais óbvia a minha posição a este respeito: que se investiguem os factos, que se investiguem com verdade e por entidades independentes!

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Se o Sr. Deputado entende que também a Procuradoria-Geral da República deve investigar, digo-lhe, deste já, que o Governo não vê o mínimo obstáculo a que isso aconteça e que secunda inteiramente a sua proposta.

O Sr. António Capucho (PSD): - Então, por que não o fizeram?

O Orador: - Não temos rigorosamente nada a esconder e queremos que toda a verdade seja apurada. Por isso, aliás, o pedido de investigação ao Tribunal de Contas.

Vozes do CDS-PP: - Agora!

O Orador: - Como sabe, se se quisesse furtar a aplicação de dinheiros públicos ao controlo não se teria feito uma fundação mas, sim, uma associação, pois a fundação está obrigatoriamente sujeita, desde que receba dinheiros públicos, à fiscalização do Tribunal de Contas.

Aplausos do PS.

Protestos do PSD e do CDS-PP.

Portanto, como eu disse na minha primeira intervenção, pode ter havido erros de procedimento, porém, não houve má fé. Se tivesse havido má fé ter-se-ia seguido outro caminho que não o das fundações, de que há inúmeros exemplos, mas, sim, o caminho das associações, que permitira fazer a mesma coisa sem o controlo do Tribunal de Contas, o qual consideramos indispensável neste caso.

O Sr. Narana Coissoró (CDS-PP): - Agora!

O Orador: - Talvez seja essa a diferença de um Governo do Partido Socialista.