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17 DE MAIO DE 2001 27

de abundância, têm gente a mais,… são retalhos e é muito difícil de compreender a simbiose geográfico-histórica que existe actualmente. O Sr. Basílio Horta (CDS-PP): — E qualidade a me- Portanto, não é só uma questão de dinheiro. Aliás, não

nos! é só o dinheiro que faz o progresso, porque o dinheiro, em pessoas que não sejam muito espertas, «é como manteiga O Orador: —… e, noutros sectores, gente a menos. em focinho de cão», e acontece muitas vezes que há qual-De qualquer maneira, o que queria dizer é que, no ou- quer coisa de anormal no nosso ensino.

tro dia, tive ocasião de, dando conta da história que lemos Sr. Ministro da Educação, quanto ao aquecimento esco-acerca do nosso país, relatar aqui um pequeno passo do lar, já insisti com o seu antecessor para que pensasse na Ramalho, em As Farpas, referente a Caldas Aulete, um biomassa, na limpeza dos pinheiros, naquilo que ninguém lexicógrafo imponente — o qual foi editado no Brasil e faz! Sei que já começou a pensar nisso e agora já há apare-tem ainda um dicionário de primeira categoria editado lhos que permitem aquecer, de uma forma barata, três ou pelos brasileiros — e um dos grandes combatentes pelo, quatro salas ao mesmo tempo. Ponham, inclusive, algumas então, ensino primário. E não acho que seja discriminativo crianças, e alguns professores também, porque também chamar ensino primário: les instituteurs, em França, foram têm bom corpo para isso, a apanhar alguma caruma das sempre relativamente mais bem pagos do que os catedráti- florestas, façam, não digo o dia de trabalho gonçalvista – cos, porque, como eram mais, tinham mais votos. Por isso, enfim, para alguns de muita saudade… houve sempre uma grande apetência do poder pelos pro- fessores da instrução primária. De qualquer maneira, era Risos do PS, do PSD e do CDS-PP. gente respeitada — pelo menos, no meu tempo, quando eu era criança, era assim. O Sr. Octávio Teixeira (PCP): — Onde ele já vai!

Agora, o que queria lembrar era o que Ramalho dizia acerca de Caldas Aulete: foi um grande lutador pelo ensino O Orador: —Peço imensa desculpa por esta minha primário. E comparava-o ao Froebel, que, na Alemanha, intervenção reaccionária, completamente despropositada! tinha sido o grande lutador pelos Kindergarten, os jardins Eu mereço umas palmatoadas! de infância. Ele dizia que, se Froebel foi considerado louco Mas, de qualquer maneira, julgo que, nos pedidos que no seu próprio país, na Alemanha, mas conseguiu impor a se fazem, a relação professor-aluno é importante. sua verdade e criar o futuro orgulho do ensino alemão, Depois, também há aqui o problema do número de au-Caldas Aulete, em Portugal, se tivesse levado a sua avante, las e de disciplinas a dar. Naturalmente, isso é uma coisa teria sido não só amarrado mas impedido de circular, tal que seria conveniente ver, porque considero que cada era o desprezo que os portugueses tinham pelo ensino escola e cada concelho são um caso. As autarquias tinham primário. um papel…

Na verdade, eu, vindo do ensino superior e, portanto, apanhando já os efeitos deletérios do mau ensino primário, Vozes do PS: —Têm um papel! sempre nutri a ideia e a convicção de que, sem os quatro anos do 1.º ciclo, não havia bons bacharéis em Direito, O Orador: —… muito importante a desempenhar aí bons mestres, que, agora, são a moda, nem bons doutores, se tivessem capacidade para isso — umas vezes têm, ou-nem bons catedráticos. A verdade é que, naquela altura, tras não. pode estropiar-se ou não a personalidade de uma criança e Não vale a pena estarmos aqui com coisas! Conheço pode retirar-se ou não a esperança de ela vir a ser alguém alguns agentes culturais das autarquias que são de primei-no futuro. ríssima categoria, e o meu amigo Fateixa também conhece

Por isso, saúdo a iniciativa do PSD e não tenho dúvidas alguns de muita categoria que estão na nossa zona, onde se de que o PS também pensará, apesar de não o confessar mantêm. aqui, o mesmo que eles pensam, porque todos nós aqui somos de boa vontade e, se conhecermos o ensino, sabe- O Sr. Presidente: —Sr. Deputado, o seu tempo termi-mos que ele tem de ser olhado com mais atenção e a ele nou. têm de ser dados mais meios financeiros.

Julgo que, de acordo com o projecto de lei do PSD, O Orador: —De qualquer maneira, Sr. Ministro, que-«criação de um suplemento alimentar sólido» não é pedir ria pedir a sua atenção para o que acabei de referir. Se de mais; «distribuição de material pedagógico» no ensino chumbarem o projecto de lei, tentem pelo menos fazer uma obrigatório não é pedir de mais; «informatização das salas ressurreição, se é que ainda acreditam nesse processo ma-de aula» não é pedir de mais, embora, por vezes, também ravilhoso e divino. haja um aspecto ridículo, de uma digitalização, que já «faz cócegas» a toda a gente e que, por vezes, não significa Aplausos do CDS-PP. cultura nem coisa alguma, mas é necessário; quanto aos «manuais escolares», penso que não se deve só dá-los, é O Sr. Presidente: —Para intervir, tem a palavra o Sr. também preciso tentar que eles tenham qualidade. Ministro da Educação.

Por exemplo, deve tentar-se que a geografia não seja ensinada aos pedaços, em retalhos, juntamente com a his- O Sr. Fernando Rosas (BE): — Sr. Presidente, tam-tória — pelo menos, eu faria esse pedido humilde, porque bém me inscrevi para intervir. nunca conseguiria estudar a história sem uma sequência lógica e cronológica. Neste momento, aquilo que se ensina O Sr. Presidente: —O Sr. Deputado está inscrito. In-