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0114 | I Série - Número 04 | 26 de Setembro de 2001

 

Em 26 de Fevereiro de 1993 explodiu a primeira bomba, nas Twin Towers. Morreram seis pessoas e 200 ficaram feridas - foi Bin Laden. Em 26 de Fevereiro de 1993! Em 1994, saem das madrassas os taliban. Em Dezembro de 1996, os Estados Unidos da América congratulam-se com a vitória em Cabul dos taliban, vitória essa que tinham apoiado através do ISI, dos serviços secretos paquistaneses, e com a intervenção directa do exército paquistanês. Em 1997, quatro anos depois do primeiro atentado contra as Twin Towers, por Bin Laden, ainda os Estados Unidos apoiavam os taliban!
Os senhores da guerra têm de saber quem são os seus monstros, que estão à solta no mundo de hoje, como estão à solta na Palestina e no Médio Oriente, com Ariel Sharon. E qual de nós é que pode ignorar que a ditadura paquistanesa, é um «Bin Laden nuclear»?! Qual de nós pode basear uma política de segurança e de respeito de paz e de justiça com aliados como estes?! É porque a luta contra o terrorismo é demasiado séria que ela não pode ser deixada aos generais!
E é claro que, no meio desta tragédia, há por vezes até momentos de humor extraordinário: o Deputado Jorge Coelho, com aquela graça etérea de um «centurião» vem perguntar ao País, espantado, porque será que os 230 Deputados não são todos tão amáveis como o Engenheiro Daniel Campelo?, para assim trazer para a política nacional aquilo que está em discussão na política internacional.
O humor é raro, no entanto, porque a tragédia talvez seja o que está agora em discussão, a ponto de que num jornal de referência do país se publica, Sr. Primeiro-Ministro, um título que é A ameaça do Islão!
Os suspeitos do costume, os ódios de sempre, é o que vem ao de cima quando a irracionalidade triunfa. Por isso concordamos com a prevenção contra os discursos militaristas. Com certeza! Porque é a defesa dos princípios da justiça e da democracia que pode dar força e confiança no combate contra o terror.
E estamos, por isso, numa hora de responsabilidade. Ninguém conte com o Bloco de Esquerda para uma espécie de neo-feudalismo global que está aí à porta, que já tem anúncios de cruzadas, nas palavras de George Bush; que já tem um imperador e um império; já tem agiotas e baronetes; até já tem, aos saltinhos, tantos candidatos a «Torquemadas». Mas contam connosco para um pacto da razão - o País conta e o Governo conta -, para respostas fundamentais àquilo que é fundamental.
Deve a ONU ser capaz de punir o terrorismo? Deve a justiça poder executar mandados internacionais contra terroristas? Com certeza!
Deve haver um tribunal penal internacional, como parte de uma nova «ordem mundial» que possa punir todos os governantes, de qualquer governo, que pratiquem actos ecrimes contra a Humanidade? Com certeza!
Nunca, se for só de uns contra outros! Mas, sim, se for capaz de actuar em relação a qualquer violência que seja cometida!
Deve o mundo acabar com os off-shore, cujo aspecto sinistro se percebeu nesta contexto? Com certeza!

Protestos do PS.

Deve-se contribuir para a paz no Médio oriente? Com certeza!

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, o seu tempo esgotou-se. Tem de terminar.

O Orador: - Vou terminar, Sr. Presidente, perguntando: deve haver uma nova política de imigração e tolerância? Com certeza!
Sim, Sr. Primeiro-Ministro, a razão, por isso, tem que vencer! A razão vencerá e essa é a razão contra a guerra, contra o pior dos terrores, que é a guerra.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Devo dizer que tenho alguma dificuldade em compreender a intervenção do Sr. Deputado Francisco Louçã, apesar da sua reconhecida inteligência, o que revela o seu embaraço. O Sr. Deputado está muito embaraçado nesta situação.
Em primeiro lugar, começou por dizer «o Ocidente»; foi uma palavra que nunca utilizei na minha intervenção. Não há aqui uma questão do Ocidente contra o Oriente,…

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Muito bem!

O Orador: - … dos cristãos contra os muçulmanos, ou seja de que parte do mundo for contra outra parte do mundo.

O Sr. Basílio Horta (CDS-PP): - Muito bem!

O Orador: - O que está aqui em causa é saber se estamos ou não estamos dispostos a aceitar, a nível mundial, um número mínimo - já não falo, sequer, de democracia, porque entendo que esta coligação vai para além dos Estados democráticos! -, repito, um número mínimo de princípios de respeito pela razão que possam evitar situações tão dramáticas como esta!
Há uma coisa que foi dita por si e que é evidente: o Ocidente (e não é do Ocidente que estamos a tratar) tem nisto tudo um pecado original. Qual foi? O de, quando combateu, em termos globais, contra uma aliança que se lhe opunha, ter feito alianças objectivas, em certas circunstâncias, com fundamentalismos islâmicos para alcançar resultados em situações concretas. Foi um erro grave, ...

O Sr. António Filipe (PCP): - Foi?!

O Orador: - ... não tenho quaisquer dúvidas em dizê-lo, porque aí abdicou da razão, do primado da razão!

O Sr. Lino de Carvalho (PCP): - Não foi só nessa altura!

O Orador: - Utilizou um instrumento irracional para se opor a um adversário e, ao fazê-lo, cometeu um erro grave. E por causa disso até podem ter acontecido muitas das coisas que aconteceram no mundo, mas isso não pode servir de desculpa para o que aconteceu.

Vozes do BE: - Com certeza!

O Orador: - E, sobretudo, há uma coisa claríssima: o mais irracional de tudo seria, neste momento, não usar todos os meios que existem ao dispor da comunidade internacional para encontrar os responsáveis por este acto, para os levar à justiça e para os punir e para punir