O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

2214 | I Série - Número 039 | 16 de Janeiro de 2004

 

Aplausos do CDS-PP e do PSD.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado António Costa.

O Sr. António Costa (PS): - Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O debate desta semana, como o da semana passada, na sequência da divulgação do relatório do Banco de Portugal, revela um sinal particularmente preocupante para a maioria, que é o de esta, não se conformando com a realidade, ter adoptado a "política da avestruz", com a ilusão de que, enfiando a cabeça na areia, a realidade deixa de ser a que é.

O Sr. José Sócrates (PS): - Muito bem!

O Orador: - O exercício em que a maioria se vem especializando é o da releitura da evidência.
Na semana passada, o relatório do Banco de Portugal informou o País de que vai divergir da União Europeia durante toda a legislatura. A maioria manifestou preocupação? Não, a maioria apareceu perante o País dizendo: "o Governador do Banco de Portugal dá-nos boas notícias".
O relatório do Banco de Portugal, na semana passada, reviu em baixa as projecções de crescimento - de crescimento do investimento e das exportações - e reviu em alta as perspectivas quanto à inflação, e a maioria veio dizer-nos: "Afinal, isto vai ser pior do que o que estava previsto, mas as notícias que vêm do Banco de Portugal são boas.".
Mas o mais extraordinário é a leitura que maioria procura fazer, nas últimas 24 horas, da evidência que é a mensagem do Sr. Presidente da República. Ontem, pareceu-me logo que naquela mensagem havia uma tripla censura muito clara à maioria e ao Governo.
Em primeiro lugar, censura pelo falhanço absoluto no objectivo da consolidação orçamental - um défice de 5,4%, só disfarçado com as receitas extraordinárias a que se referiu o Sr. Presidente da República.
Em segundo lugar, censura por uma estratégia de cortes cegos, que desconsidera a coesão social e o investimento.
Em terceiro lugar, censura pelo facto de a maioria ter violado o consenso que, no ano passado, foi possível estabelecer nesta Câmara em torno do Programa de Estabilidade e Crescimento para 2003.
Dir-se-á que cada um lê conforme gosta aquela mensagem. Então, não vamos ter em conta o que eu penso e o que vocês pensam, mas ao menos tenham em conta a leitura que uma entidade insuspeita como a comunicação social…

Risos do Deputado do PSD Guilherme Silva.

… fez desta mensagem do Sr. Presidente da República.
O Diário Económico, que não deve ter percebido a mensagem, diz "Sampaio critica política orçamental"; o Diário de Notícias, que ainda deve ter percebido menos a mensagem, diz "Presidente arrasa política orçamental"; A Capital, que, então, não percebeu a mensagem de todo em todo, diz "Jorge Sampaio puxa as orelhas ao Governo".

Vozes do CDS-PP: - E a Acção Socialista?!

O Orador: - Não somos nós que o dizemos, são o Diário Económico, o Diário de Notícias, A Capital, certamente entidades insuspeitas para analisar a mensagem do Sr. Presidente da República.
Srs. Deputados da maioria, "o pior cego é aquele que não quer ver" e o papel que têm vindo a desempenhar ao longo deste debate é, a todo o título, deplorável.

O Sr. José Sócrates (PS): - Muito bem!

O Orador: - Mas não é só deplorável pela atitude política, é-o, sobretudo, pelas consequências políticas que resultam dessa leitura,…

O Sr. José Magalhães (PS): - Muito bem!

O Orador: - … porque a consequência política mais grave é a de que, recusando a realidade, não conseguem fazer o que é essencial em face da mensagem do Sr. Presidente da República.