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3004 | I Série - Número 054 | 21 de Fevereiro de 2004

 

om personalidade, as suas convicções.
De Acácio Barreiros guardarei sempre a imagem de um homem bom, de um homem tolerante, de um homem afável, de um homem com grande sentido de humor, próprio das pessoas inteligentes.
De Acácio Barreiros guardarei sempre a imagem de um político que todos respeitamos, porque ele próprio também sabia respeitar os outros.
Quase 30 anos depois do 25 de Abril, que se perfazem daqui a poucas semanas, desaparece um homem que deixa uma marca importante ligada à construção do Estado democrático, ao regime em que vivemos.
Por isso, nesta ocasião, presto a minha homenagem e a do Governo à família do Deputado Acácio Barreiros, que cumprimento e saúdo, e presto a minha homenagem e as condolências também ao Partido Socialista.

A Sr.ª Presidente (Leonor Beleza): - Srs. Deputados, desejo associar a Mesa às palavras que aqui foram ditas por todas as bancadas e também, em nome da Mesa, manifestar admiração e respeito pela combatividade que o nosso Colega Acácio Barreiros sabia utilizar como ninguém naquela primeira fase que todos lembramos, pelo empenho, pela determinação com que defendia as suas ideias, pelo humor, pela resistência e pela enorme coragem com que o vimos, até à semana passada, exercer as suas funções, aqui, na Assembleia da República.
Desejo, em nome da Mesa, manifestar condolências à família do Deputado Acácio Barreiros e transmitir também os nossos sentimentos ao Grupo Parlamentar do Partido Socialista.
Para encerrar estas intervenções, tem a palavra o Sr. Deputado António Costa.

O Sr. António Costa (PS): - Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, quero, antes de mais, em nome do Grupo Parlamentar do Partido Socialista, transmitir, mais uma vez, à família do nosso camarada Acácio Barreiros a nossa profunda solidariedade o nosso profundo sentimento e a dor com que todos partilhamos a vossa dor.
Em segundo lugar, quero agradecer à Sr.ª Presidente e a todas as bancadas a inexcedível prova de solidariedade que nos transmitiram ao longo das últimas 48 horas, não só hoje, nesta Assembleia, mas também ontem pelo facto de se ter entendido interromper os trabalhos da Assembleia e pela forma como todos acompanharam os últimos momentos do Acácio Barreiros, durante o seu velório e funeral. A todos, os nossos agradecimentos.
É para nós particularmente doloroso evocar a memória de um dos nossos que nos deixou. Recordamo-lo todos como um camarada que, ao longo de mais de 20 anos de militância no Partido Socialista, se empenhou, dando tudo o que de melhor tinha em todas as missões que realizou em nome do Partido Socialista.
Conheci-o pessoalmente em 1983, nas bancadas do Partido Socialista da Assembleia Municipal de Lisboa, depois, como vereador na Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, depois, como Presidente da Assembleia Municipal de Sintra, sempre como Deputado nesta Assembleia da República, e no Governo, onde exerceu as funções de secretário de Estado para a defesa do consumidor.
Em todos estes cargos, Acácio Barreiros exerceu em representação do Partido Socialista, em todos honrou o Partido Socialista, e em todos o Partido Socialista ficou grato pela forma superior como os soube exercer, seja quando ganhámos, seja quando perdemos, seja quando fomos oposição, seja quando fomos maioria.
Acácio Barreiros simboliza todo um debate na esquerda e todo um percurso de uma geração política, que, partindo da resistência à ditadura e à guerra colonial, percorreu o processo revolucionário e desembocou no grande espaço da cultura demo-liberal, mantendo-se firme aos seus valores de esquerda.
Esta coerência de percurso, em que ele simboliza um debate duro, difícil, que dilacerou toda uma geração, é um grande património que ele lega ao grande debate que a esquerda portuguesa travou nos anos 70 e no princípio dos anos 80.
Mais do que recordar agora o político, queremos testemunhar, aqui, o homem, a grande tenacidade e dignidade com que, nestes últimos anos, enfrentou o combate único e o mais difícil de todos os combates que qualquer ser humano pode travar, que é combate contra a doença e pela vida. A dignidade com que o travou e a que todos pudemos, de forma mais ou menos próxima, assistir, foi comovente.
Recordamos que, ainda há poucos meses, ele travou e conduziu um debate sobre uma causa que tinha abraçado enquanto secretário de Estado para a defesa do consumidor, que era a da protecção das situações de sobreendividamento das pessoas particulares. Recordamos a forma como ainda a semana passada participou tão activamente na reunião da Direcção do Grupo Parlamentar do Partido Socialista. Recordamos a forma activa, militante, combatente, digna e tenaz com que, até ao último minuto da sua vida, lutou pela vida.