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4546 | I Série - Número 083 | 03 de Maio de 2004

 

Os senhores não vêem que, sistematicamente, ao porem em causa os governos que são democraticamente eleitos, estão a diminuir a vossa credibilidade?

Protestos do Deputado do PCP Bernardino Soares.

Sr. Deputado, é por isso que temos uma posição diferente, vamos continuar com essa posição diferente, porque entendemos que é a posição que melhor serve os interesses de Portugal e dos portugueses.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Francisco Louçã.

O Sr. Francisco Louçã (BE): - Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, escolheu o tema do alargamento da União Europeia, mas não estamos hoje a discutir o alargamento. Já o discutimos. Já houve momentos em que tínhamos de o discutir - há dois anos, quando se tomava a decisão. E, como sabe, o Bloco de Esquerda associou-se e votou este alargamento, com convicção e com determinação. Mas nesse momento é que era preciso discutir. Agora, o alargamento está concretizado.
Mas ao escolher um tema fácil, porque já passou, o Sr. Primeiro-Ministro não quis discutir o importante para o País. Há tantos temas, Sr. Primeiro-Ministro: como combater a "futebolocracia"; poderia aproveitar para explicar ao partido de extrema-direita que as armas que o seu Governo vendeu a Sadam Hussein - grande cliente que ele era! - não eram armas químicas, eram metralhadoras e munições (o cliente ficou satisfeito); poderia discutir a crise orçamental - referiu-se a esse tema brevemente...
Mas nunca nos explicou, Sr. Primeiro-Ministro, o seguinte: assinou um acordo com o Citigroup, no dia 19 de Setembro de 2003 (há oito meses) e nunca nos deu o texto completo do acordo. O Ministério das Finanças prometeu dar-nos o anexo A do contrato de compra, que tem um pequeno detalhe de nos explicar qual é a comissão que se vai pagar por aqueles 1765 milhões de euros que permitiram, no dia 19 de Dezembro, passar de 4,1% para 2,8% do défice do Estado. Podia explicar-nos essa matéria e não só dizer que a Comissão ficou contente. Nós ainda não sabemos quanto é que os portugueses vão pagar.
O pior de tudo é que este Governo foge das respostas concretas. O problema não é termos uma melhor economia. O Governo não defende uma melhor economia. Eu falo-lhe do que é a economia, Sr. Primeiro-Ministro: se o Sr. Primeiro-Ministro abrir um jornal pode ler, por exemplo, o que vem num anúncio do Correio da Manhã - "Jovens para o Rock in Rio e Euro 2004/Recém-licenciados para serviços de mesa, balcão, bar e cozinha". Recém-licenciados para serviços de mesa, balcão, bar e cozinha!? É esta a sua economia, Sr. Primeiro-Ministro! É esta a destruição da economia portuguesa! E não lance culpas para outros, porque esta é a sua responsabilidade. É tudo sua responsabilidade.
Sr. Primeiro-Ministro, o pior seria compreender que os problemas não são distribuídos igualmente por todos. Pelo contrário, estamos a viver a pior das economias, que é o "negocismo", o "facilitismo", o "amiguismo", a máfia económica que predomina no País.
Vou dar-lhe um exemplo, a que gostaria que desse uma resposta. Vai ter lugar a maior venda de uma das maiores empresas portuguesas: 45% da Galp, uma parte dos quais é do Estado. Trata-se de um concurso em condições como nunca vi, porque o banco do Estado, sob instruções do Governo, participa e apoia um dos consórcios. Aliás, dá-se o caso de que a Caixa Geral de Depósitos financia o Grupo Carlyle, que é um do concorrentes. Portanto, o Grupo Carlyle, a maior empresa de capital especulativo mundial, vai comprar uma parte do Estado na Galp com dinheiro dado pelo Estado. O senhor consegue nacionalizar uma privatização ou talvez privatizar uma nacionalização.
Sr. Primeiro-Ministro, por que é que o senhor favorece o Grupo Carlyle por esta via? O Grupo Carlyle é dirigido por um senhor que se chama Frank Carlucci, que antes de ser embaixador em Portugal foi embaixador em Kinshasa, quando Lumumba foi assassinado; foi embaixador em Brasília durante os primeiros anos da ditadura militar; foi director da CIA; Ministro da Defesa; e hoje é presidente do Carlyle. George Bush pai é um dos assessores económicos do Grupo Carlyle. Aliás, George Bush filho, actual Presidente dos Estados Unidos da América, seu grande amigo, foi também director de uma das sucursais do Grupo Carlyle em 1990.

Risos do PSD e do CDS-PP.

O senhor até conhece mais: Martins da Cruz, um mês depois de ter saído do seu Governo, tornou-se o homem da Carlyle em Portugal.
E o Wall Street Journal, em 28 de Setembro de 2001, Sr. Primeiro-Ministro, veio explicar que o Grupo