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0433 | I Série - Número 009 | 07 de Outubro de 2004

 

O Orador: - … mas talvez as opções fundamentais hoje passem por fazer alternativas distintas, porque, como Tony Blair bem nos ensina, não basta estar à esquerda da direita para ser de esquerda. Por isso mesmo, Sr. Deputado, quero levantar uma contradição do seu discurso.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, peço-lhe que conclua, pois já esgotou o tempo de que dispunha.

O Orador: - Concluo de imediato, Sr. Presidente.
O Sr. Deputado pediu que o PS tenha o poder de não fazer cedências em questões essenciais. Confirme-me, por favor, se o PS fez cedências em questões essenciais no caso de Daniel Campelo ou se o não fez. Na altura, o PS disse que fazia o acordo porque não havia cedências em questões essenciais, agora diz-nos que precisa de todo o poder para não fazer cedências em questões essenciais. Esta apreciação é fundamental porque é a "prova dos nove" daquilo que foi o passado e talvez uma indicação do que pode ser o futuro.

O Sr. João Teixeira Lopes (BE): - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado António José Seguro.

O Sr. António José Seguro (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Francisco Louçã, agradeço-lhe também as palavras simpáticas que dirigiu ao novo líder e à nova direcção do PS.
Sr. Deputado, estou de acordo consigo quanto ao desgoverno que neste momento assola o País. O Sr. Deputado disse com muita clareza - e bem! -, que cada um dos partidos políticos vai às próximas eleições com as suas propostas. Temos propostas diferentes em muitas matérias, mas isso não diminui o respeito e até a simpatia que o Partido Socialista tem pelo Bloco de Esquerda.

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): - Ohhh…!

O Orador: - O Sr. Deputado Francisco Louçã referiu-se ao Congresso do PS e, em particular, a uma certa "diabolização" da esquerda como se existisse uma guerra fria. Sr. Deputado, não existe qualquer guerra fria! Aliás, a guerra fria tinha uma visão bipolar do mundo, e o que saiu do Congresso do PS é uma visão multipolar do mundo.
O PS tem as suas próprias ideias…

O Sr. José Junqueiro (PS): - Muito bem!

O Orador: - … e as suas próprias posições, pelo que apresentará, em momento oportuno, devidamente fundamentada, a sua proposta política.
Devo dizer-lhe, Sr. Deputado Francisco Louçã - sei que está de acordo com aquilo que vou dizer, mas refiro-o para que fique claro -, que o PS não se dá mal com a diversidade e com o pluralismo, de resto, isso faz parte do nosso "código genético". Mais: fazemo-lo para que todos os portugueses o possam ver e acompanhar-nos.
Houve, de facto, ao longo destes quase três meses muitos portugueses que, à mesa do café e noutros espaços, discutiam a vida interna do PS, tinham opiniões e propostas. Houve, aliás, cidadãos não inscritos no PS que chegaram a algumas mesas de voto porque queriam votar, tal foi o empenhamento com que seguiram a vida interna do nosso partido.
O Sr. Deputado Francisco Louçã sabe que a História não se repete. O PS, quando chegar ao governo, com humildade e com tranquilidade, não repetirá os seus erros e quererá respeitar e aprender com a sua própria história.
Devo dizer-lhe com muita clareza que uma das razões por que o Partido Socialista pede uma maioria absoluta aos portugueses é para que instrumentos como o Orçamento do Estado, que são essenciais e condição básica para o exercício da governabilidade, não nos sejam retirados. É nesse sentido que o PS se vai posicionar com as suas propostas, com o seu projecto político e pedindo aos portugueses que nos dêem essa oportunidade que nunca tivemos nestes 30 anos de liberdade.
Estou certo de que o Sr. Deputado Francisco Louçã será um dos primeiros a reconhecer, quando formos governo, quando estivermos sentados na bancada do governo, que haverá uma mudança qualitativa na vida política nacional; estou certo de que o Sr. Deputado Francisco Louçã vai subscrever muitas das medidas que um governo socialista, uma esquerda democrática e moderna, vai trazer de novo a Portugal.

Aplausos do PS.