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0442 | I Série - Número 009 | 07 de Outubro de 2004

 

Sr.ª Ministra, é preciso incutir nos jovens o interesse e o respeito pelas ciências exactas, cada vez mais sedutoras para os seus cultores e, inesperadamente, assustadoras ou desmotivadoras para os alunos.
No caso da Matemática e também da Física, "braços armados" do conhecimento, o que pensa V. Ex.ª fazer, não numa perspectiva do seu mandato mas num âmbito temporal mais alargado, com medidas que todos saibam que não irão ser postas em causa pelos diferentes partidos ou governos e que, só por si, sejam capazes de se auto-reproduzir sem interferência de terceiros, que não andem ao sabor das circunstâncias, dos protagonismos ou de qualquer tendência?
No entanto, face à infertilidade tecnológica existente entre nós, é preciso promover condições para uma verdadeira procriação governamentalmente assistida que permita criar novos embriões que sejam o garante de que o nosso património e as nossas capacidades culturais e científicas não se perderão.
Sr.ª Ministra, as nossas preocupações não se esgotam nestes comentários e interrogações.
Atendendo às circunstâncias, não podemos deixar de questioná-la em termos práticos sobre o problema dos manuais escolares.
Nesta época do ano, constitui um verdadeiro sufoco para muitas famílias a aquisição dos livros, gastos que representam uma fracção considerável dos orçamentos familiares. Tendo consciência que é pão para o espírito dos seus filhos, o esforço despendido pelos portugueses exige contrapartidas ou medidas governamentais que possibilitem o acesso em condições razoáveis a qualquer sistema, ou de distribuição ou de aquisição, em conformidade com as suas reais capacidades.
Acresce que medidas tomadas nesta áreas não devem limitar-se apenas à questão do preço mas também ao peso do material escolar, que pode acarretar problemas de saúde durante o desenvolvimento das crianças e dos jovens.
Estamos perante situações de peso, peso nas carteiras dos pais e peso no "alombar" das crianças. Podemos, e devemos, reduzir parte destes pesos.
Sr.ª Ministra, o tempo é curto mas, mesmo assim, não quero deixar de questioná-la sobre a política do Governo relativamente ao desporto escolar.
As vantagens decorrentes de uma política adequada de desporto acabariam por influenciar estilos de vida e comportamentos futuros, os quais o nosso esforço não tem conseguido modificar. Ninguém tem dúvidas de que as práticas desportivas são acompanhadas de tendências para uma melhor saúde, por exemplo, evitando a grave epidemia de obesidade que por aí alastra, reduzindo o consumo de drogas, quer as proibidas quer as legalmente aceites, uma maior aceitação das normas e respeito pelas leis e a intensificação do espírito de solidariedade tão fugidio nos nossos dias. Ainda por cima, correríamos o risco de ganhar medalhas e troféus por esse mundo, engrandecendo o nosso país.
Sr.ª Ministra, só através de medidas concretas, práticas e muito objectivas é possível modificar o actual panorama da educação de que, em abono da verdade, não podemos orgulhar-nos muito.
Seria interessante dispor de um equivalente biotecnológico cultural capaz de transformar rapidamente as nossas crianças e os nossos jovens em cidadãos cultural e cientificamente modificados.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra a Sr.ª Ministra da Educação.

A Sr.ª Ministra da Educação: - Sr. Presidente, Sr. Deputado Massano Cardoso, relativamente às questões que me colocou, sobretudo no que se refere ao abandono escolar, à promoção da leitura e da escrita, da numeracia e da literacia, das ciências exactas e, em particular, da Física, posso dizer que, nestes dois meses que decorreram desde a tomada de posse, e embora apenas tenha estado saliente a matéria relativa aos concursos de colocação dos professores, temos estado a trabalhar.
Vou começar por me debruçar sobre os planos de promoção do ensino da Matemática, da Física e da leitura.
No que diz respeito ao plano de ensino da Matemática, foi encomendado a um especialista de Matemática, que não faz parte dos quadros do Ministério, um estudo que nos foi entregue hoje mesmo. Este estudo cobre muitas vertentes do ensino da Matemática, desde a formação de professores e respectiva selecção à identificação dos currículos e dos planos de estudo e aos manuais. Trata-se de um estudo bastante completo que iremos avaliar nos próprios meses e que pensamos disponibilizar ao público no início do próximo ano.
No domínio da Física, foi envolvido um conjunto de professores na realização de um estudo visando a promoção da qualidade do ensino desta disciplina. Para já, apoiámos a Sociedade Portuguesa de Física que, entre o último trimestre deste ano e o primeiro trimestre do próximo ano, vai realizar um conjunto de conferências sobre o ensino da Física e sobre o ensino experimental. No âmbito do Ano Internacional da