I SÉRIE — NÚMERO 18
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que foram montados mas também pela defesa da posição da indústria a nível de Bruxelas, quando se tornaram evidentes fenómenos de liberalização do comércio que poderiam ser considerados selvagens.
Aplausos do PS.
Mas, no último ano, houve mais coisas que correram bem: por exemplo, tiveram lugar grandes mudanças no sector da energia. Dispenso-me de comentar a situação de caos que foi encontrada, concentro-me unicamente no que foi feito no espaço de um ano.
Primeiro, rejeitámos liminarmente a ideia de criar monopólios na electricidade e no gás. Hoje em dia, é opinião unânime de que se tratava de uma asneira sem qualquer paralelo noutro país da União Europeia.
Vozes do PS: — Bem lembrado!
O Orador: — Depois, resolvemos o caso da Galp, que estava para ser vendida a preço de saldo.
Preparava-se uma destruição de valor para o contribuinte e para os accionistas REN e EDP de mais de 1500 milhões de euros, ou seja, o equivalente a 150 €/português.
A seguir, foi criado um quadro regulamentar para o sector, que, ainda na semana passada, a Comissária Neelie Kroes considerou estar entre os dois ou três mais equilibrados na União Europeia.
Finalmente, foram criadas condições para um forte aumento da oferta, seja através de fontes tradicionais, seja através de fontes renováveis, o que irá a médio prazo ser um factor decisivo ao nível das tarifas de electricidade.
Não! Não era excesso de optimismo: num ano foi possível resolver a grande maioria dos dossiers na área do sector energético.
Aplausos do PS.
Ao longo do último ano, acumularam-se os sinais de que, finalmente, o nosso modelo de especialização está a mudar no sentido de uma maior intensidade tecnológica e de uma melhor integração na economia mundial.
Desde o ano de 2002, o peso das exportações com um baixo conteúdo tecnológico passou de 44% para 36% no total das exportações.
Um resultado destes não se consegue passando a vida na maledicência sobre o investimento em modernização, que está a criar mais emprego pelo país fora,…
Vozes do PS: — Muito bem!
O Orador: — … consegue-se promovendo investimentos como os da IKEA, em Paços de Ferreira, da REPSOL, em Sines, da Portucel, em Setúbal, da Autoeuropa, em Palmela, da Bial, no Porto, ou da Dow Chemical, em Estarreja.
Aplausos do PS.
Desde 2002, o peso das exportações no PIB passou de 30% para 34,5% e, caso se cumpra o cenário do Orçamento para 2007, irá subir para quase 37% no próximo ano. Um resultado destes não se consegue com choraminguices, consegue-se através de uma política activa de abertura dos novos mercados como os de Angola, China e Brasil, consegue-se através de uma presença cada vez mais forte em Espanha.
O Sr. Mota Andrade (PS): — Muito bem!
O Orador: — Esta mudança de modelo de especialização é fruto da atitude responsável dos trabalhadores da Autoeuropa, da visão empresarial que, na fileira da madeira, está em vias de criar uma indústria líder a nível europeu, da capacidade em dar a volta das empresas dos sectores tradicionais, como os do têxtil e do vidro, da confiança de grandes investidores internacionais em desenvolverem, no nosso país, uma forte indústria petroquímica.
É preferível para o país que eu intervenha para explicar que o crescimento da economia e das exportações teve um comportamento melhor do que o previsto do que para justificar um mau resultado, mas isto ainda é melhor quando se trata de um crescimento saudável, ou seja, alimentado pelas exportações.
Aplausos do PS.
Dizem que o investimento está a ser um travão ao crescimento. Mas, deixemo-nos de uma vez para sempre de generalidades, que tipo de investimento está em baixa? Não se trata do investimento estrangeiro,