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I SÉRIE — NÚMERO 24

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Com efeito, temos perante nós um Orçamento que é, desde logo, medíocre nos seus objectivos; um Orçamento que é errado nas suas prioridades; um Orçamento que é opaco quanto aos caminhos que propõe; um Orçamento que não vai seguramente contribuir para que os portugueses possam encarar o futuro com maior optimismo.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): — Muito bem!

O Orador: — Em boa verdade, não pode, porém, dizer-se que isso seja uma surpresa.
É que só por milagre um orçamento ambicioso poderia provir da iniciativa de um Governo com falta de ambição política.

Vozes do PSD: — Muito bem!

O Orador: — Ora, é isso que Portugal hoje tem: um Governo com falta de ambição política.
Um Governo que não consegue definir uma agenda perceptível para a afirmação do nosso país num mundo cada vez mais complexo e globalizado; um Governo que confunde os sintomas com a doença e que se tem revelado incapaz de combater os principais entraves ao nosso desenvolvimento; um Governo que, enfim, se contenta com o acessório, porque não compreende definitivamente o essencial.

Aplausos do PSD.

Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Um Orçamento não pode apenas ser olhado pelo que nele se diz.
Expressão financeira que é de opções fundamentais de política, a sua apreciação envolve, por um lado, a análise daquilo que tem sido a actuação e a credibilidade que merece o Governo que o vai executar e, por outro, a avaliação do comportamento da maioria que o sustenta.
A esse propósito, importa realçar que, no meio de todas as incapacidades (e são muitas) patenteadas, há três coisas em que o Partido Socialista e o seu Governo têm sido impecavelmente coerentes: na capacidade de encenação política, na violação sistemática dos compromissos eleitorais e na teimosia em percorrer caminhos errados de actuação.

Vozes do PSD: — Muito bem!

O Orador: — Vale a pena, por isso, chamar brevemente à colação o passado. Algo que, aliás, os socialistas gostam, muito de fazer em relação aos outros mas que, vá-se lá saber porquê, os incomoda sobremaneira quando são os outros a fazê-lo relativamente a eles.
Mas descansem os Srs. Membros do Governo e os Srs. Deputados do Partido Socialista! Descansem, porque não vou aqui recordar os anos de 1995 a 2002. Descansem, porque não vou aqui recordar um triste período em que, por culpa dos mesmos senhores que hoje estão no Governo, o País foi deixado à beira de uma das mais graves crises orçamentais dos últimos 30 anos, cujas consequências se projectam até esta data.

Aplausos do PSD.

Descansem, porque o meu interesse é bem mais modesto, é apenas aludir ao passado recente.
Um passado que se inicia com a campanha eleitoral de 2005, altura em que a encenação política do PS e do seu Secretário-Geral teve a primeira de muitas expressões. Logo aí, imperou a lógica do vale-tudo.
Falar em agravamento de impostos poderia fazer perder votos? Pois prometeu-se que não haveria qualquer agravamento! Falar em aumento das taxas moderadoras, ainda que de forma socialmente equilibrada, poderia fazer mossa? Pois assegurou-se que elas eram um erro e que com o PS nunca aumentariam! Falar em acabar com as SCUT seria impopular? Pois garantiu-se que elas se manteriam intactas! O PS, Sr.as e Srs. Deputados, conhecia a delicadeza da situação que o País atravessava. Ainda assim, optou, conscientemente, por se apresentar a eleições com um discurso, falso e manipulador, de facilidades e de promessas.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): — Muito bem!

O Orador: — Revelando um grau inimaginável de reserva mental, o PS faltou voluntariamente à verdade para com os portugueses. E, ao fazê-lo, tornou-se responsável por um dos contributos mais negativos para a credibilidade da política e dos políticos que a nossa história democrática regista.

Vozes do PSD: — Muito bem!