I SÉRIE — NÚMERO 27
40
O Sr. João Rebelo (CDS-PP): — Muito bem!
O Orador: — … com aquilo que sofrem nos nossos tribunais de natureza tributária, com o funcionamento da administração da justiça, que, em Portugal, é um funcionamento deficiente.
Pense-se também em medidas como as que existem noutros Estados, em que, não se mexendo nas taxas de impostos, reforçam-se as condições para a competitividade fiscal. Apresentámos várias medidas desse tipo na discussão deste Orçamento. A resposta foi: «são medidas interessantes, são medidas que até podem ser ponderadas, mas são chumbadas».
O Sr. Afonso Candal (PS): — Algumas! Algumas só! Outras nada tinham de interessante!
O Orador: — Assim, não vamos lá e continuaremos, cada vez mais, a atrasar as nossas reformas, meramente com a fé do Sr. Ministro, que, tal como a questão dos impostos, ninguém a entende.
Aplausos do CDS-PP.
Entretanto, assumiu a presidência o Sr. Vice-Presidente Guilherme Silva.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Francisco Louçã.
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Quando chegamos a esta altura do debate, creio que é possível tirar a conclusão de que as escolhas do Governo são estranhas, senão bizarras.
O Sr. Ministro das Finanças, ontem, e hoje mesmo, neste debate, quis desviar, passar ao lado de uma discussão, ao anunciar a possibilidade de uma não explicada redução de impostos. Depois disso, já não quer falar mais sobre o assunto. Em contrapartida, perdeu-se em longas dissertações sobre um pão-de-ló, sobre o tratamento por você, não se apercebendo, certamente, de que não estamos numa casa de chá mas, sim, num Parlamento e que se discute um programa importante, um programa cuja política tanto mal tem feito aos portugueses. E, por isso, é preciso ter uma discussão que comece por clarificar os números, as políticas e as alternativas.
Primeira questão não clarificada: o Governo anuncia que, se a sua política resultar, conseguirá uma redução, em quatro anos, de 1% da taxa de desemprego. O Sr. Ministro não quer ouvir falar disto e quer fingir que, com essa redução, chega a 300 000 desempregados.
Se ouvisse menos o Ministro dos Assuntos Parlamentares e respondesse mais pelo conteúdo das perguntas, não faria a parte gaga de fingir que está respondido o que não está e entraríamos na discussão sobre o compromisso do Governo e a política que, agora, está aqui apresentada.
A política não se concretiza, era uma mentira, e uma mentira é sempre uma mentira!
Vozes do BE: — Muito bem!
O Orador: — Não há nenhuma brutalidade de argumentação que evite a discussão ou que permita ladear uma mentira.
Mas há uma segunda questão que não está aqui esclarecida e, curiosamente, a pergunta vem do Partido Socialista, não vem só das bancadas da oposição. É que este Programa tem uma coisa estranha: no Orçamento do Estado, nas páginas 85 e 86 do relatório, diz-se que, em 2007, a redução da despesa com pessoal, na administração central, é de 300 milhões de euros e, no total da Administração Pública, é de 200 milhões; na página 10 deste Programa, refere-se o mesmo — é completamente coerente! —, mas, na página 34, anuncia-se, sem explicação, que a redução de despesas com pessoal é de 950 milhões de euros. O Sr.
Ministro nunca explica esta posição!
O Sr. José Manuel Ribeiro (PSD): — Uma trapalhada!
O Orador: — Hoje, houve um Conselho de Ministros que votou 36 leis orgânicas para três Ministérios.
Até agora, a resposta do Governo era a seguinte: não dizemos o número dos supranumerários, porque depende das leis orgânicas. Hoje de manhã, votaram as leis orgânicas e continuou a não dizer os números dos supranumerários.
A resposta do Secretário de Estado, na conferência de imprensa de hoje, foi: «Não dizemos, porque já temos leis orgânicas mas faltam outras leis orgânicas».
Vozes do PSD: — Ah!