15 DE DEZEMBRO DE 2006
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O Orador: — Portanto, algum dia saberemos aquilo que já lhes permite dizer que a poupança é de 950 milhões de euros, e não de 300 milhões de euros, mas que não lhes permite explicar tal número, porque entendem que o Parlamento não merece a explicação necessária.
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Muito bem!
O Orador: — Dizia o Sr. Deputado Victor Baptista: «Ó Sr. Ministro, explique que não há privatizações». O Sr. Ministro respondeu logo: «Claro que não, ou do que é que estavam à espera?!». Mas o Sr. Deputado disse mais: «Qual é o número, Sr. Ministro?», e o Sr. Ministro não respondeu.
O Sr. José Manuel Ribeiro (PSD): — É verdade!
O Orador: — Não lhe peço, Sr. Ministro, que responda a nenhuma bancada da oposição, porque nunca responderá. O Bloco de Esquerda fez-lhe sempre essa pergunta e o tabu manteve-se sempre: «É segredo, é segredo, é segredo! Não dizemos o número dos supranumerários». Mas, por favor, Vossa Mercê,…
Risos do BE, do PSD, do PCP e de Os Verdes.
… responda ao Deputado do Partido Socialista, que lhe perguntou qual é o número! Qual é o número?! É que se faz as contas e sabe o efeito da redução do número, Vossa Mercê pode responder ao Sr. Deputado Victor Baptista. Não o deixe nesta ansiedade! Diga-lhe qual é o número! Um número é um número! Um número não é uma coisa, não é uma invenção, não é um poema, não é uma intenção. Um número é um número! E as pessoas que estão ameaçadas de ficar na galeria dos supranumerários merecem o respeito do Governo,…
O Sr. Fernando Rosas (BE): — Muito bem!
O Orador: — … merecem o respeito da Assembleia, porque, quanto à política que temos de decidir — se é de cortes, se é de sacrifícios, se é de novas orientações —, aí, faremos escolhas diferentes. Mas as escolhas diferentes têm de ser claras, porque todas elas têm de obrigar-se à honestidade de uma política, e é isso que estamos aqui a discutir. Qual é o número, Sr. Ministro? Qual é o número?
O Sr. Afonso Candal (PS): — O número parece ser esse!
O Orador: — A última observação que lhe quero fazer tem a ver com o Programa de Estabilidade e Crescimento.
Houve um tempo em que os Deputados recalcitrantes do Partido Socialista, que estão aqui sentados, se levantavam para votar uma emenda orçamental que dizia que Portugal deveria propor uma revisão do Pacto.
Lembram-se disso, Srs. Deputados?! Votaram! Lembram-se disso?! É que era preciso corrigir um pacto defeituoso, errado, apesar de, curiosamente, o mesmo ter sido feito numa altura em que a União Europeia, a 15, tinha 12 governos socialistas.
O Sr. Afonso Candal (PS): — E não houve revisão?!
O Orador: — O facto é que a revisão que propunham não era uma qualquer,…
O Sr. Afonso Candal (PS): — E não houve revisão?!
O Orador: — … era retirar do défice…
O Sr. Afonso Candal (PS): — Mas houve revisão ou não houve revisão?!
O Orador: — Mas não era a revisão que os senhores queriam! Contentam-se com tudo?! Já chegámos à altura em que vale tudo?! A revisão que os senhores votaram, incluindo pessoas que, hoje, estão no Governo, ia no sentido de retirar da conta do défice o investimento público prioritário.
O Sr. Afonso Candal (PS): — Não!
O Orador: — Era essa!
O Sr. Afonso Candal (PS): — Não!
O Orador: — Era olhar para a prioridade do País, responder pela prioridade do País!