20 DE JANEIRO DE 2007
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O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — Mas esta não é uma intervenção de emergência, é uma intervenção de fundo!
O Orador: — Quero também fazer uma referência muito rápida à questão dos estudos técnicos, salientando novamente aquilo que disse há pouco: o que não faremos é «betonizar» para «betonizar»; o que não faremos é «betonizar» o litoral para garantir mais «betonização» na primeira linha da ocupação urbana.
As soluções que apresentarmos podem ser tecnicamente controversas — aliás, as intervenções de fundo serão sempre tecnicamente controversas —, mas confiamos nos conhecimentos e nas competências do Instituto da Água (INAG), do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e de todas as entidades a quem recorrermos para consolidar, do ponto de vista técnico, os estudos que permitem, depois, tomar decisões que são sempre, obviamente, políticas.
Gostaria também de dizer que, para além da componente inevitavelmente controversa de qualquer solução técnica, há também — não vamos esquecê-lo — a imprevisibilidade dos efeitos: há soluções que podem ser duradouras e eficientes durante um ano ou dois; e a mesma solução, em determinados contextos, pode ser eficiente durante um período mais curto ou mais longo, dependendo de comportamentos relativamente imprevisíveis.
Portanto, a solução técnica encontrada será sempre controversa, haverá sempre alguma imprevisibilidade do ponto de vista dos seus efeitos, mas, como também já referi em relação ao relatório que preparámos e divulgámos sobre as prioridades para 2007-2013,…
O Sr. José Eduardo Martins (PSD): — Responda às perguntas!
O Orador: — … ela é preparada com base em critérios técnicos e não com base em decisões de oportunismo meramente político.
Vozes do PSD: — Não responde às perguntas?
O Orador: — Finalmente, Sr. Deputado Luís Carloto Marques, como saberá, e no que se refere ao aspecto que mencionou, essa é uma discussão que teremos todo gosto em fazer noutra ocasião, porque ela extravasa esta questão e integra-se na dimensão mais ampla de ordenamento do território. Como sabem, está marcada para dia 31 deste mês uma interpelação ao Governo em matéria de ordenamento do território e, portanto, nessa altura, haverá ocasião de discutir esta questão e outras.
Quanto ao problema dos parques de campismo, estou de acordo com o que o senhor disse. O Sr. Deputado sabe o que está pensado para um dos parques de campismo num contexto mais amplo.
Essa discussão é importante para aquilo que estamos debater hoje. Não estou a iludir a questão, o que digo é que ela deve ser integrada numa visão mais ampla de soluções em termos de ordenamento do território, nomeadamente para aquele troço que estávamos a referir.
Vozes do PSD: — E a restinga?
O Orador: — Para terminar, Sr. Presidente e Srs. Deputados, gostava de salientar, uma vez mais, aquilo que disse na minha intervenção anterior e que penso justificar-se em relação a este caso concreto.
Estamos atentos à realidade, não ignoramos os diagnósticos e, por isso, temos de encontrar, com base em critérios técnicos, a melhor relação entre os meios disponíveis e as prioridades de intervenção. É esse exercício que fazemos, é esse exercício que explicaremos e justificaremos e é essa a linha de rumo que o Governo tomará nesta matéria, como noutras.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Passamos à quinta pergunta, sobre acessibilidades rodoviárias na zona de Lisboa, dirigida ao Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, que será formulada pelo Sr. Deputado Miguel Coelho.
O Sr. Miguel Coelho (PS): — Sr. Presidente, Sr. Secretário de Estado Adjunto, das Obras Públicas e das Comunicações, a cidade e a Área Metropolitana de Lisboa representam, no seu conjunto, mais de 30% da população portuguesa. São cerca de 2 milhões de portugueses que aqui vivem e trabalham.
Diariamente, e fundamentalmente por razões profissionais, a população activa da Grande Lisboa necessita de efectuar deslocações em movimentos pendulares, quer no sentido radial, em direcção aos pólos empregadores, quer em sentido circular, para evitar o atravessamento dos centros urbanos.
Esta mobilidade, vital para o desenvolvimento económico da Área Metropolitana de Lisboa, é ainda sobrecarregada por todo o tráfego de passagem entre o Norte e o Sul do País. Sabendo-se que a grande parte desta mobilidade é suportada pelo modo rodoviário, e tendo consciência de que as acessibilidades