11 | I Série - Número: 061 | 17 de Março de 2007
Ora, com um plano «tão operacional» relativamente à prevenção de incêndios, como é que o Parque Natural das Serras de Aire e dos Candeeiros foi um dos três parques naturais que teve, em 2006, mais área ardida do que a média ardida dos anos de 2000/2005, ainda assim com um menor número de ocorrências? Houve três parques naturais, a nível nacional, onde isto aconteceu: o Parque Nacional Peneda-Gerês, o Parque Natural das Serras de Aires e dos Candeeiros e o Parque Natural do Vale do Guadiana, mais área ardida em 2006 com menor número de ocorrências.
Ora, aquilo que o Sr. Ministro da Administração Interna referia no final do período de incêndios, e mesmo no decurso do período de incêndios, foi que se estava a verificar um maior número de ocorrências, mas devido à operacionalidade dos meios menor número de área ardida.
Ora, nestas três áreas protegidas…
O Sr. Presidente (Manuel Alegre): — Sr.ª Deputada, queira terminar.
A Oradora: — Termino já, Sr. Presidente.
Como dizia, nestas três áreas protegidas, temos exactamente a situação inversa. Então, com este plano «tão operacional» neste parque natural, o que é que está a falhar para termos esta realidade perfeitamente contraditória?
O Sr. Presidente (Manuel Alegre): — Para responder, tem a palavra o Sr. Secretário de Estado do Ambiente, dispondo, para o efeito, de 9 minutos.
O Sr. Secretário de Estado do Ambiente: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Teresa Caeiro, começo por responder à questão que colocou sobre a destruição do parque natural.
Se cada um dos Srs. Deputados visitasse o parque natural e estivesse à espera que cada troço do parque natural que tivesse ardido algures no passado estivesse hoje destruído não encontraria qualquer parque natural.
O que acontece, como o Sr. Deputado Carlos Lopes referiu, é que o fogo é um elemento natural do ecossistema mediterrânico que ali está, não queremos é tê-lo acrescido por acção humana e o nosso combate deve ser feito no sentido de mantê-lo.
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Ah, então vamos deixar o fogo como elemento regulador da nossa flora!?…
O Orador: — Sr.ª Deputada, há espécies, das 600 que referiu, que se não houvesse fogo desapareciam, as orquídeas, por exemplo.
Portanto, não podemos almejar vir a ter um ecossistema mediterrânico isento de fogos, ele é um componente natural do fogo; não o queremos é acrescido, nem com uma frequência maior nos mesmos sítios do que deve.
Srs. Deputados, é importante termos noção de que quando falamos de fogos estamos, em particular, preocupados com pessoas, bens e vidas. Em termos de conservação da natureza não devemos estar preocupados com o número de hectares!
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Como? Sr. Secretário de Estado, importa-se de repetir?
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sinceramente…!!!
O Orador: — Devemos estar preocupados com aquilo que foi destruído e com o tempo necessário para a sua recuperação, esse é o aspecto fundamental para podermos ter uma melhor actuação contra fogos.
Sr.ª Deputada, quanto a incêndios controlados no início, quero dizer-lhe que, como sabe, um fogo controlado no início não é notícia e um grande fogo é! Seja no Parque Nacional Peneda-Gerês, em 2006, seja, em particular, no Parque Natural das Serras de Aire e dos Candeeiros, a vasta maioria das ocorrências foi debelada nos primeiros minutos pelas brigadas de sapadores e vigilantes da natureza, que são importantíssimos.
A Sr.ª Alda Macedo (BE): — Está a ver como são importantes?
O Orador: — A Sr.ª Deputada Teresa Caeiro, sobre as brigadas de sapadores, deu-nos a «boa ideia» que é termos uma brigada em permanência…
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Não são brigadas, são corporações de bombeiros, Sr. Secretário de Estado.