16 | I Série - Número: 061 | 17 de Março de 2007
A Oradora: — Termino já, Sr. Presidente.
Último eixo da política governamental: apresentar medidas que não têm qualquer efeito. Dizem os senhores, num slogan, que «aprender compensa», mas, Sr. Secretário de Estado, «não compensa», porque temos uma taxa crescente de desempregados licenciados e com qualificações superiores.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Presidente (Manuel Alegre): — Para pedir esclarecimentos adicionais, tem a palavra o Sr. Deputado João Oliveira.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Secretário de Estado, a questão que quero colocar prende-se precisamente com um aspecto desta iniciativa Novas Oportunidades, mais concretamente com os Centros Novas Oportunidades.
Há três dias atrás, chegou-nos a informação de uma trabalhadora de um destes centros que nos relata uma realidade que é, de facto, preocupante. Diz esta trabalhadora que a maioria esmagadora dos trabalhadores do centro onde desempenha a sua actividade, sobretudo os trabalhadores com qualificação superior, está contratada a recibos verdes e que, no ano de 2005, estes trabalhadores, durante três meses, viram reduzido a meio tempo o seu tempo de trabalho e o seu salário reduzido a metade por falta de verbas para o funcionamento do centro.
Além do mais, recentemente — relata-nos a mesma trabalhadora — esses trabalhadores foram informados de que vão ter um corte no seu salário de 200 € mensais, porque o Ministério da Educação não transferiu para o centro verba suficiente para fazer face a todas as despesas para o ano de 2007.
Sr. Secretário de Estado, coloco-lhe uma questão muito simples: perante esta opção do Governo, de contratação precária e sem direitos de trabalhadores qualificados para os Centros Novas Oportunidades, qual é a resposta que encontra para explicar esta contradição fundamental entre o que deveriam ser os centros de reconhecimento da qualificação dos portugueses e o que acontece na prática, que é a contratação de trabalhadores qualificados a recibos verdes?
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Presidente (Manuel Alegre): — Para pedir esclarecimentos adicionais, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Aiveca.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr. Presidente, Sr. Secretário de Estado, é natural que o Partido Socialista tenha querido vir aqui «dar uma mãozinha» ao Governo relativamente ao acordo que foi assinado há dois dias. Diríamos mesmo: «Quem é que há-de gabar o noivo senão a noiva?»… Estávamos, portanto, à espera deste «número»…
O Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares: — Isso era dantes!
A Oradora: — Mas a verdade é que, desde 1991, já foram feitos quatro acordos sobre formação profissional e continuamos a ter presente que os resultados não são os esperados.
Sem me desviar do «número» que os Srs. Deputados do PS aqui quiseram vir fazer e que permitiu que o Sr. Secretário de Estado também viesse dizer que, pela primeira vez em 20 anos, aumentou o número de alunos e foram ultrapassados os objectivos iniciais dos Centros Novas Oportunidades aqui propostos — e que nós acompanhámos —,…
O Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares: — Ah…!
A Oradora: — … a verdade é que ficou por esclarecer um dos objectivos: o da diminuição do desemprego, porque mais escolaridade resulta em menos desemprego.
Curiosamente, também ficou por explicar como que é que, pela primeira vez em 20 anos, estes Centros Novas Oportunidades ficaram muito aquém da resposta que era efectivamente esperada.
Vozes do BE: — Muito bem!
O Sr. Presidente (Manuel Alegre) — Para responder, tem a palavra o Sr. Secretário de Estado do Emprego e da Formação Profissional.
O Sr. Secretário de Estado do Emprego e da Formação Profissional: — Sr. Presidente, Srs. Deputados, começava por responder a uma questão colocada pela Sr.ª Deputada Teresa Caeiro e não me iria pronunciar sobre outras matérias que julgo não caberem neste ponto.