54 | I Série - Número: 062 | 22 de Março de 2007
O Orador: — Sr.ª Deputada, também entendo que o crescimento das taxas de juro é um encargo adicional para as famílias portuguesas. Certamente, o Banco Central Europeu terá em conta que o crescimento económico na Europa ainda não é muito vigoroso, bem como que a questão do petróleo não constitui hoje uma ameaça inflacionária como no passado. Mas a Sr.ª Deputada sabe que todos decidimos que o Banco Central Europeu fosse independente, e certamente não nos ocorre, a nenhum de nós, sair da Europa apenas porque não gostamos das taxas de juro.
Mais uma vez, a única coisa que podemos fazer para que as taxas de juro para as famílias portuguesas sejam o que são é lutar pelo equilíbrio das contas públicas, porque se as agências de rating aumentam o risco do País, então aí, sim, as famílias portuguesas teriam de pagar taxas de juro mais elevadas.
Finalmente, Sr.ª Deputada, «graçola»…?! A Sr.ª Deputada acha «graçola» o elogio que dirigi ao CDS?! Sr.ª Deputada, não leve isto a brincar, porque eu não estava a brincar mas a elogiar o CDS. E pensei eu que, elogiando o seu líder, elogiava o CDS.
Aplausos do PS.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, peço a palavra.
Vozes do PS: — Oh!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — A bancada do PS que tenha calma!
O Sr. Presidente: — Pediu a palavra para que efeito, Sr. Deputado?
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, não é para defender a honra, Sr. Presidente.
Percebi que hoje, neste debate, está um bocadinho mais na moda fazer interpelações.
O Sr. Presidente: — Tem, então, a palavra, Sr. Deputado, para interpelar a Mesa.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, através de V. Ex.ª, queria tentar explicar duas questões ao Sr. Primeiro-Ministro.
Primeira questão: o Sr. Primeiro-Ministro veio de novo com o argumento da folga e alguém devia explicar-lhe que qualquer matéria que seja alterada este ano só tem incidência orçamental no próximo ano. Portanto, nem sequer esse argumento da folga cola!
Vozes do CDS-PP: — Exactamente!
O Orador: — Segunda questão: qualquer elogio a um membro do CDS é aceite por nós, mas o que o Sr. Primeiro-Ministro devia fazer era um elogio aos portugueses, porque os portugueses são os heróis de se terem conseguido estes números e este défice.
Risos do PS.
Sr. Primeiro-Ministro, não ouvi esse elogio nem da parte da bancada do Governo nem da parte da bancada do Partido Socialista, e isso entristece-nos.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Também para intervir sob a forma de uma interpelação à Mesa, tem a palavra o Sr.
Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado, acho absolutamente lamentável que, no momento em que o País atinge um bom resultado orçamental, estando ainda, no entanto, em situação de défice excessivo, a primeira ideia que ocorra à bancada do CDS-PP seja a de «vamos gastar o dinheiro e vamos aumentar a despesa». Todas essas propostas são de despesa fiscal, Sr. Deputado!
Vozes do CDS-PP: — Não é verdade!
O Orador: — Esse é um sinal negativo e irresponsável.
Em segundo lugar — estou a falar a sério —, o Sr. Deputado não tem razão, porque elogiei os portugueses,…
Vozes do CDS-PP: — Não ouvimos!