30 | I Série - Número: 085 | 19 de Maio de 2007
buam para este aumento. Os preços da energia são, porém, fundamentais para a nossa economia, para a produção de serviços e para a indústria, e é igualmente essencial que este aumento de consumo seja acompanhado da melhoria da eficiência energética, sem a qual é impossível satisfazer as nossas necessidades energéticas.
As alterações climáticas e emissões de CO
2 são também um constrangimento e contribuem para os efeitos que se fazem sentir no planeta. Como tal, todos temos de ter presentes estes dois factores quando procuramos encontrar soluções para a questão energética. Temos, portanto, de estudar as diversas fontes de energia alternativas disponíveis.
Por outro lado, o CDS-PP realizou um debate interno subordinado à questão do nuclear e a posição que defendemos não é, obviamente, favorável a este tipo de energia, o que significa que temos de olhar para outras energias, nomeadamente para as renováveis, que não tenham efeitos como os previstos no Protocolo de Quioto sobre alterações climáticas. Como tal, embora ainda não sejam totalmente eficientes do ponto de vista económico, sublinhamos a importância da energia eólica e da energia solar e referimos mesmo os avanços que se têm vindo a fazer no estudo de outras fontes de energia, como as marés ou as ondas. Este investimento que está a ser feito é importante para o País e não nos parece que a procura de soluções que permitam desenvolver a nossa investigação e a nossa economia sejam um desperdício.
É evidente que todas estas energias alternativas, mesmo as renováveis, têm também impactos. A energia eólica e solar, por exemplo, têm impactos sobre a paisagem que têm de ser equacionados. Há, por outro lado, uma energia, a hídrica, que, tendo embora impactos sobre o ambiente, não pode ser dispensada nem posta de parte em razão desses impactos. Temos, como tal, de procurar equilibrar os impactos ambientais que o recurso à energia hídrica acaba por produzir e que muitas vezes apenas são diagnosticados após alguns anos. Por outro lado, temos de atender às necessidades energéticas do País, de pensar que a energia hídrica ainda está disponível em Portugal e que, apesar de tudo, é «limpa», quando comparada com as actuais centrais de produção termoeléctrica, por exemplo.
Acolhemos, portanto, este projecto de resolução do PSD relativo às centrais hídricas, nomeadamente no que respeita às mini-hídricas, tendo, porém, a noção clara de que não será através destas últimas que conseguiremos resolver a dependência energética do País. Para isso é fundamental que barragens estudadas e que aguardam desenvolvimento para prosseguir, como é o caso da barragem do Sabor, avancem. É fundamental que, acautelando os impactos ambientais dessas barragens, tenhamos maior produção de energia hidroeléctrica e que estas grandes centrais sejam construídas, porque, como disse, não será através destas mini-hídricas que conseguiremos resolver a crise energética em que vivemos.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Afonso Candal (PS): — Mas, afinal, concorda com o projecto de resolução ou não?!
O Orador: — Estamos, por outro lado, de acordo com a promoção do aproveitamento energético da biomassa agrícola, principalmente quando originária de resíduos agrícolas ou de resíduos industriais agrícolas. Tal, aliás, já sucede com a biomassa florestal, que é definida no âmbito dos resíduos.
Confesso, contudo, que tenho algumas dúvidas quanto à biomassa de produção agrícola dedicada, porque estamos a falar da introdução de novas culturas, sendo necessário diagnosticar o seu efeito do ponto de vista agrícola e ambiental. De facto, estas culturas intensivas de uma determinada espécie terão necessariamente impactos, não estando medido em termos de território e em termos agrícolas o que significará essa cultura intensiva.
No que respeita ao contributo que todos devemos dar quanto à questão energética, pensamos que é fundamental avançar com a sensibilização de todos os cidadãos no sentido de deixarem de ser meros consumidores de energia e de passarem a ser também produtores. É aqui, na nossa transformação de consumidores de energia em utilizadores mais eficientes e mesmo em produtores, que penso ser necessário o maior investimento. Na verdade, se todos nós podemos contribuir com energia solar, porque temos um país que, graças a Deus, tem Sol, por outro, temos muito por onde aproveitar a energia eólica, nomeadamente em casas situadas em zonas ventosas. Aliás, lembro que nas antigas comunidades os resíduos agrícolas eram utilizados como forma de energia, quanto mais não fosse para os fornos onde se cozia o pão.
Este aproveitamento é, portanto, importante, razão pela qual saudamos o contributo dado pelo PSD, tendo, contudo, a noção de que não será apenas através destas medidas que se poderá resolver o problema energético do País. Um contributo fundamental será o de deixarmos de ser apenas consumidores para passarmos também a ser produtores de energia.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Muito bem!
O Orador: — Como tal, tudo o que sirva para sensibilizar e para obter o contributo de cada um de nós, quer na melhoria da eficiência, quer no aumento da produção, será benéfico para a economia