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39 | I Série - Número: 086 | 24 de Maio de 2007

Do ponto de vista dos postos de trabalho, o Ministro da Economia anunciou, nos seus diferentes acordos — naquele show off que todos os dias faz!… — que iram ser criados 234 916 postos de trabalho com este investimento. Sabe quantos estão contratualizados em resolução do Conselho de Ministros? 16 895, e vamos ver, destes, quanto é que se criam!… Mas mais: o Ministro da Economia não só falha tudo aquilo que anunciou como, quando abre a boca, só diz disparates.

Protestos do PS.

Verificámos que isso aconteceu ainda recentemente.
Quando o Ministro da Economia esteve em Bruxelas foi confrontado com a situação da empresa Delphi, a qual tinha obrigação de conhecer, e disse que havia uma mera deslocalização de postos de trabalho da Guarda para Castelo Branco. Um perfeito disparate! Também já é tempo de o Sr. Ministro da Economia ter um Sr. Primeiro-Ministro que o ponha na ordem. Era bom que isso acontecesse!! Por outro lado, o Sr. Ministro não responde a outras questões. O último relatório do Banco de Portugal referia que, nos dois primeiros anos deste Governo, 48 000 empresas já fecharam as portas. Nestes dois anos, há cerca de menos 21 000 pessoas com o seu posto de trabalho directo, isto é, trabalhadores por conta própria.
Com esta política económica do Governo, objectivamente só podemos esperar que o desemprego continue a aumentar. Porque, por um lado, temos os anúncios que não se concretizam e, por outro, temos a ausência total de uma política económica deste Governo.
É tempo de o Sr. Ministro pôr ordem na casa e fazer com que haja economia neste Governo para que o Sr. Ministro seja ajudado a criar emprego.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: — Vamos passar à fase de encerramento do debate.
Para uma intervenção, em nome do Grupo Parlamentar do PCP, tem a palavra o Sr. Deputado Bernardino Soares.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: «Portugal é um dos países da Europa onde a desigualdade é maior e onde o desemprego mais rapidamente cresceu.» É preciso «lançar uma dinâmica de crescimento progressivo da economia, que permita também combater o desemprego e reduzir as desigualdades sociais.» O «desígnio nacional deve ser o de Portugal se voltar a aproximar, de forma decidida e sustentada, do nível de desenvolvimento dos países mais avançados da União Europeia.» «A economia portuguesa não tem futuro como uma economia de baixos salários e de baixos custos.» O que disse até aqui não é uma citação de nenhum membro do Governo enquanto Deputado nem do Primeiro-Ministro, é uma citação do Programa com que este Governo se comprometeu perante o País e perante a Assembleia da República.

O Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares: — Exactamente!

O Orador: — Estas frases, por isso, por muito estranho que pareça, são do Programa do Governo que interveio, hoje, nesta interpelação.
Só que nesta interpelação, que tomou a grave situação do desemprego como um dos seus temas centrais, o Governo procurou falar pouco dos dados do desemprego. É, aliás, o que sempre faz quando o desemprego aumenta. De facto, cada vez que se fala em desemprego, o Governo desaparece para parte incerta; cada vez que se fala de desemprego o Governo «anda a monte», desaparece, e o Primeiro-Ministro torna-se invisível ou, pelo menos, cumpre um rigoroso voto de silêncio.
Parafraseando uma célebre frase de um filme de Nani Moretti, já não esperávamos que o Sr. Ministro do Trabalho viesse aqui dizer alguma coisa de esquerda, mas, ao menos, que dissesse alguma coisa sobre o desemprego, que era o tema central desta interpelação e que tanto preocupa os portugueses.

Aplausos do PCP.

Nesta interpelação, o Governo passou de fugida pelo problema do desemprego, que, aliás, gosta de citar a partir apenas dos dados do IEFP, que assinalam, ao mesmo tempo que o INE apresenta a maior taxa de desemprego dos últimos 20 anos, uma diminuição, em Abril, do desemprego registado de 10,4%, em relação ao mês homólogo do ano anterior, e um aumento dos empregados de +21,7%, em relação ao mesmo mês do ano anterior. É, no mínimo, estranho. Neste debate, sempre que o Governo falou de dados, foi os do IEFP.