15 | I Série - Número: 089 | 31 de Maio de 2007
que o Governo «esconde a sete chaves» o novo regime jurídico das instituições de ensino superior e, depois, fazer uma elencagem aprofundada da vossa visão de um documento que, de facto, VV. Ex.as dizem que não conhecem!…
O Sr. Luiz Fagundes Duarte (PS): — É que Sr. Deputado Fernando Antunes é bruxo!
O Orador: — Portanto, com esta contradição,…
O Sr. António Montalvão Machado (PSD): — Vem no jornal!
O Orador: — … são naturais as conclusões que retira daquilo que é, neste momento, a discussão entre o Governo e os parceiros, isto é, o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) e a Associação Portuguesa do Ensino Superior Privado (APESP). No emaranhado das contradições que foi o seu discurso, é natural que depois não tenha uma visão concreta em relação à proposta do Governo.
Não fugirei à proposta do Governo, quando ela aqui chegar, nem a algumas discussões ou reflexões que levantou. No entanto, quero responder-lhe objectivamente às questões que agora me colocou.
Se o Sr. Deputado ler com algum cuidado o vosso próprio projecto de lei, chega à conclusão de que a «máxima» que utilizamos nos nossos discursos é verdadeira: ele propõe-se mudar tudo, mas na prática permite que nada mude, porque, no que respeita àquelas pessoas a quem reconhece, hoje, a responsabilidade pela manutenção de algum ostracismo interno, de alguma falta de abertura à comunidade, cria condições para que tudo fique na mesma. E dou-lhe os exemplos concretos das questões que me colocou.
Imagine, Sr. Deputado, como é que é possível a eleição de uma personalidade de reconhecido mérito externa às instituições. Quem é que define? São os estatutos! De que forma? Quem é que é colégio eleitoral? É o colégio eleitoral interno estabelecido, naturalmente, pelo interior das instituições de ensino superior! Acha que elas vão escolher uma personalidade externa ou acha, por exemplo, que é suficiente estabelecer, no órgão colegial que VV. Ex.as descrevem como definidor dos planos estratégicos, toda a política para a instituição de ensino superior? Sabe que já hoje as instituições de ensino superior têm esse organismo: no politécnico são os conselhos consultivos e nas universidades são os conselhos estratégicos — aquelas que os têm. E sabe que não havendo o mínimo de padrão, o mínimo de regulação por parte do Estado, isso pode permitir o tudo e o nada.
E esse é o problema do vosso documento! É que o vosso documento tem um preâmbulo aceitável, que levanta certas orientações que fazem algum sentido para a reforma do ensino superior em Portugal, mas depois, no articulado, permite o tudo e o nada; e o tudo e o nada tem demonstrado no passado, que, infelizmente, na maior parte dos casos, os padrões não são os melhores, não são os padrões internacionais, não são as boas práticas internacionais!
O Sr. Luiz Fagundes Duarte (PS): — Isso é verdade!
O Orador: — O que está aqui em causa, e que o Partido Socialista e o Governo apresentarão muito em breve à Assembleia da República, é esta questão central: é que as nossas instituições de ensino superior não competem apenas umas com as outras, mas também em termos internacionais, e é com alguma tristeza que olhamos para os rankings internacionais e vemos as bandeiras dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha, a maior parte até dos Estados Unidos.
E o que queremos e conseguimos já, com parcerias internacionais, com a mobilidade de estudantes, com o acesso a maiores de 23 anos,…
O Sr. Agostinho Branquinho (PSD): — É só anúncios!
O Orador: — … pela primeira vez permitido no ensino superior ao longo dos últimos anos, é que não haja uma diminuição do número de alunos no acesso ao ensino superior.
É toda esta realidade, são todas estas mudanças que estão em prática! Tem, entre outras coisas, a lei da avaliação do ensino superior, que está em discussão, na especialidade, na nossa Comissão, na Comissão de que o Sr. Deputado e eu fazemos parte.
São todas estas mudanças que permitirão, na nossa óptica, com uma lei diferente da que está em discussão, inequivocamente, vencer os desafios do futuro.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília Honório.