26 | I Série - Número: 009 | 12 de Outubro de 2007
numa coisa que disse: é que, em política, não vale tudo, mas para o Sr. Deputado vale tudo.
Vale, por exemplo, na questão do défice. Na questão do défice, «as boas contas fazem os bons amigos».
O Governo conseguiu uma redução para 3%, o Governo tem ambição de para o ano ter o défice em 2,4%, o Governo tem a ambição de ter boas contas e de fazer a consolidação orçamental, mas V. Ex.ª ignora esse facto, desvaloriza o papel do Governo, passa ao lado e prefere não comentar um resultado positivo incontornável da política desenvolvida pelo Governo.
Mais: queria lembrar-lhe, Sr. Deputado (se me quiser ouvir), que, de facto, em política não vale tudo. O Sr. Deputado veio aqui com a história das caixas multibanco. Pergunto-lhe: o Sr. Deputado sabe quantas caixas de multibanco há no País? Sabe?! O Sr. Deputado não sabe, mas eu digo-lhe: há 12 000. Sabe, contudo, que foram cometidos crimes em seis destas caixas multibanco e, por outro lado, ouviu, como eu, estes números referidos na televisão por quem assume esta responsabilidade e diz que este comportamento, que deve ser combatido, como é óbvio, é marginal.
Mas o que faz o Deputado do CDS em matéria de segurança? Tenta «vender» na opinião pública que Portugal é um país inseguro, quando toda a União Europeia reconhece que Portugal é um país seguro, onde vale a pena investir e onde vale a pena apostar.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. José Junqueiro (PS): — V. Ex.ª presta, como tal, um mau serviço ao país por causa da sua agenda mediática. Não parece, aliás, um Deputado do CDS, mas alguém que se alimenta do argumento da caixa multibanco. Parece mesmo o «Deputado multibanco»! Por último, quanto à educação e à questão dos supranumerários, V. Ex.ª tentou transmitir uma ideia errada, com a concordância, aliás, de outros partidos. Mas, ao contrário do que o Sr. Deputado disse, os professores, nomeadamente os que estão doentes, aqueles a que V. Ex.ª se quis referir, não estão para ser lançados em algum quadro de supranumerários.
O que o senhor quer esconder é que o início do ano escolar está a correr bem, que há melhores condições para os professores, que há melhores escolas, que há colocação generalizada dos professores, que há mais acesso das pessoas e dos alunos às escolas e que a política de educação é um êxito. Ora, porque para si vale tudo em política, V. Ex.ª vem aqui tentar enfatizar algo que não existe num domínio que o Governo trata com particular atenção.
De resto, o que se passa é que os professores, aqueles que exercem esta profissão, como eu, e estão doentes, têm neste momento uma oportunidade de reconversão, de apoio e de orientação nas suas carreiras.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Mota Soares.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado José Junqueiro, se V. Ex.ª teve dúvidas sobre se havia, ou não, de me pedir esclarecimentos, só posso agradecer-lhe o facto de os ter pedido.
Assim, dá-me oportunidade de referir três pontos muito importantes.
Vou começar pela segurança.
O Sr. Deputado disse uma coisa extraordinária ao pedir-nos para dividirmos o número de assaltos pelo número de caixas multibanco, como se não compreendesse que este conjunto de crimes, pela sua gravidade e pelo alarme social que suscitam, têm uma gravidade absoluta. Sou eleito pelo círculo de Lisboa e convido-o a ir comigo visitar a linha de Sintra, onde ainda há dias houve um «arrastão» de mais de 30 bandidos dentro de um comboio!
O Sr. José Junqueiro (PS): — Mais de 30 bandidos?! Isso parece o Gato Fedorento!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Ou será que V. Ex.ª quer dividir o número de bandidos pelo número de comboios?
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Se calhar, devia fazer um exercício mais curioso e dividir o número de polícias que estão adstritos para a cobertura desta linha pelo número de turnos. Sabe qual seria o resultado, Sr. Deputado? Seis polícias por turno! Pensa que é um número suficiente? Pensa que isto garante paz social e segurança a quem todos os dias tem de circular nessa linha?
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Em segundo lugar, passando à questão da educação, o Sr.