52 | I Série - Número: 013 | 7 de Novembro de 2007
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Mota Andrade.
O Sr. Mota Andrade (PS): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Patinha Antão, de um dia para o outro, o PSD mudou radicalmente de posição em várias áreas fundamentais para o destino do País. Eu direi mesmo que o PSD mudou também de forma radical internamente, porque aquilo que observo é que o PSD é hoje uma coligação de dois partidos: do PPD, Partido Popular Democrático, liderado pelo Dr. Santana Lopes; e de um partido pretensamente social-democrata, liderado pelo Dr. Filipe Menezes.
O Sr. José Junqueiro (PS): — Bem lembrado!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Está a ver mal! Tem de ir ao oftalmologista!
O Sr. Mota Andrade (PS): — Também não acredito nos astros, mas se acreditasse estaria a fazer fisgas para que essa coligação não acabe com os manos mais velhos a dar uns tabefes nos manos mais novos!…
Risos do PS.
Deixe-me que lhe diga que uma das mudanças radicais do PSD foi exactamente sobre um aspecto de que o Sr. Deputado acabou de falar — a carga fiscal. Os senhores andaram meses a fio a defender que os impostos deviam baixar, de um momento para o outro acham que os impostos não devem baixar. E são os mesmos, estão aí nessa bancada! E o que é interessante é o seguinte: os impostos não devem baixar — e os senhores estão no caminho certo —, como sempre defendeu o Governo, como sempre defendeu o Partido Socialista, porque é necessária uma consolidação das contas públicas para haver um crescimento sustentado, para haver emprego qualificado, para haver um Estado social, ou os senhores mudam de posição por mero oportunismo político? É isso que os senhores têm de dizer. Porque no vosso congresso isso foi dito: «não podemos defender a baixa de impostos porque isso é dar razão ao Governo»! E ainda fico mais surpreendido quando, hoje mesmo, o Dr. Filipe Menezes, líder do putativo ou do pretenso Partido Social Democrata, diz o seguinte: «ao baixarmos os impostos estaríamos sujeitos a criar um clima favorável à reeleição de Sócrates». Expliquem isto! Como é, afinal, a vossa posição? Fazem isto só por mera táctica política ou porque estão convencidos de que este é o caminho certo,…
O Sr. José Junqueiro (PS): — Muito bem!
O Sr. Mota Andrade (PS): — … aliás, sempre preconizado pelo Governo?
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, tem de concluir.
O Sr. Mota Andrade (PS): — Também pensava que o Sr. Dr. Patinha Antão ia aqui falar na venda do ouro, porque o Sr. Dr. Filipe Menezes, líder do pretenso Partido Social Democrata, em 2005, dizia que uma das formas de combater o défice era recorrer à venda do ouro do Banco de Portugal. Bom, de facto, seria extraordinário: vendíamos o ouro e a seguir baixávamos os impostos!…
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, tem mesmo de concluir, pois já acabou o tempo de que dispunha.
O Sr. Mota Andrade (PS): — Não! Como partido responsável, queremos o melhor para Portugal e não vamos pelos vossos caminhos.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Patinha Antão.
O Sr. Patinha Antão (PSD): — Sr. Presidente, Caro Interpelante do Partido Socialista, deixe-me dizer, com toda a consideração e respeito, que a intervenção de V. Ex.ª passa completamente ao lado da seriedade deste debate.
Vozes do PS: — Ah!…
O Sr. Patinha Antão (PSD): — V. Ex.ª deveria ater-se às questões sérias e de grande importância para os portugueses. Tudo o que disse foi completamente afastado na minha declaração inicial, em que tive o cuidado de lembrar que esta é a posição do Presidente do partido, sufragada por unanimidade pela Comissão Política Nacional, pelo Conselho Nacional e pela direcção da bancada parlamentar.