18 | I Série - Número: 015 | 9 de Novembro de 2007
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Parece-me melhor explicar! Eu não estou a perceber!
O Sr. José Vera Jardim (PS): — O discurso do maior partido da oposição não acrescenta nada de útil, quedando-se pela tentativa frustre de justificar o injustificável e refazer a história. A custo se percebe que querem agora redefinir as funções do Estado e, quanto ao resto (sem definir o resto…), entregá-lo a privados.
Não explicam, em pormenor, nada nem coisa alguma.
Aplausos do PS.
Não explicam quanto entregariam nem como, quantos funcionários públicos dispensariam, que modelo, afinal, seguem, nem quanto custariam ao contribuinte os outsourcing sistemáticos. A proposta feita pelo anterior líder do PSD de privatização parcial da segurança social ficou como marco de irresponsabilidade e não pressagiou nada de bom.
Continuam ainda a discutir o montante do défice que deixaram, certificado que foi por instâncias insuspeitas. Julga-se – repito, julga-se – que não defendem já as receitas extraordinárias, mas opções alternativas coerentes não existem.
Aplausos do PS.
Apenas o historial solto de episódios em discurso descoordenado e contraditório entre dois líderes, um falando da bancada, outro em paralelo, cada um dizendo o contrário do que diz o outro.
Aplausos do PS.
O líder «de fora» ainda há semanas afirmava que não haveria lugar a quaisquer pactos de regime. Hoje, falou inicialmente num e agora já vai em três ou quatro! O resultado final de tudo isto é necessariamente pobre e confuso e não ajuda a caminhar.
Aplausos do PS.
O CDS-PP procurou demarcar-se do «confusionismo» e apresentar, para além do discurso anti-imposto (ficámos agora a saber que são o partido dos contribuintes)…
O Sr. Diogo Feio (CDS-PP): — Alguém tinha de ser!
O Sr. António Galamba (PS): — São o «PC»!
O Sr. Honório Novo (PCP): — São o partido de alguns contribuintes!
O Sr. José Vera Jardim (PS): — … um renascer, 50 anos depois, de um «poujadismo» recauchutado que já caiu em desuso.
O CDS apresenta, apesar de tudo, algumas propostas desgarradas, copiadas de experiências de outros países, com outras circunstâncias e condições diversas, mas que, por bem intencionadas, devem, a meu ver, merecer alguma ponderação e discussão na especialidade.
Vozes do PCP e do BE: — Oh!
O Sr. José Vera Jardim (PS): — O Dr. Paulo Portas procura espaço próprio em demarcação dum triste passado comum. É um esforço meritório, mas é pouco como contributo para melhorar o Orçamento.
O CDS-PP não teria compreendido, ou oculta-o, que o problema das finanças do Estado em Portugal é, classicamente, não a excessiva carga fiscal mas a intolerável recusa de muitos e dos mais ricos em cumprirem os seus deveres de solidariedade para com a comunidade nacional.
Aplausos do PS.
Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro: Este Orçamento é a continuação do caminho, não é o fim do caminho.
Ainda resta muito por fazer e disso têm o Governo e a maioria que o sustenta plena consciência. Falamos dum caminho difícil que ainda vai exigir sacrifícios a todos. Mas importante é que esse caminho seja claro e que compreendamos para onde vamos. Vamos para um País diferente, para um País que já é diferente.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — De facto, todos os dias há portugueses que vão para um país