12 | I Série - Número: 018 | 29 de Novembro de 2007
Fico a saber que partidos não podem conversar nas salas do Parlamento. Talvez deduza que será mais aconselhável negociações em suites de hotéis, em Lisboa. Fico a saber também que o PSD e o PS não podem conversar. É o bloco central. Mas gostava de saber como se chamam os acordos sobre propostas do Orçamento entre o CDS e o PS. Será bloco lateral? Não faço ideia!
Vozes do CDS-PP: — Oh!»
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Bem lembrado!
O Sr. Pedro Santana Lopes (PSD): — Portanto, ficámos a saber de uma série de condicionantes que, pelos vistos, não se aplicam.
Já sabemos que o CDS é um partido novo desde o último congresso, com novos rostos, novas caras, novas figuras, novas propostas, novos projectos, novas ideias, mas olho para a bancada do CDS e vejo as mesmas pessoas que negociaram comigo exactamente estas matérias, ao mesmo tempo que negociávamos com o Partido Socialista, quer o pacto eleitoral para as autarquias — que não é pacto, é acordo eleitoral— , quer para a Assembleia da República.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Bem lembrado!
O Sr. Pedro Santana Lopes (PSD): — Portanto, passei muitas horas em reuniões a tratar destas mesmas matérias sobre as quais ontem falámos com os Deputados Alberto Martins e Mota Andrade. Estas matérias virão ao Parlamento, serão discutidas, como foi dito, e votadas. Depois, existe a Presidência da República, o Tribunal Constitucional, e ninguém disse que alguém não vai conversar com os outros partidos.
Isto faz-me lembrar, Sr. Deputado Nuno Melo, a situação de um prédio que precisa de obras e há um vizinho que vai a casa do outro (que mora mesmo em frente e até tem um apartamento maior) falar sobre as obras no prédio, e nos dias seguintes ia falar com os outros vizinhos.
O Sr. Honório Novo (PCP): — Podem trocar de andares um com o outro!
O Sr. Pedro Santana Lopes (PSD): — E logo no primeiro dia há uma assembleia de condóminos dos outros vizinhos a dizer: «Somos contra as obras, porque aqueles dois falaram entre eles antes de falarem connosco».
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Querem é um «condomínio»!
O Sr. António Filipe (PCP): — Um «condomínio fechado»!
O Sr. Pedro Santana Lopes (PSD): — Sr. Deputado Nuno Melo, é preciso ter calma! Há uma garantia, penso que nos conhecemos suficientemente uns aos outros e não acredito que, para mudarmos o sistema eleitoral, gostássemos de ficar sozinhos.
Já agora, digo-lhe uma coisa: o sistema eleitoral actual privilegia quem?! É que, nos sistemas eleitorais vigentes noutros países, um partido como o seu, provavelmente, não teria representação. No entanto, com o sistema proporcional tem e eu sou daqueles que gosto muito disso. Além disso, o presidente do nosso partido tem uma coligação em Gaia, com o CDS-PP, há 10 anos. Por isso, Sr. Deputado, se fala em bloco central, então, gostava de saber o que é que o Sr. Deputado considera a aliança democrática.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Teixeira de Melo.
O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Pedro Santana Lopes, em primeiro lugar gostaria de recordar-lhe que o que está em causa não são conversas, são mesmo pactos, anunciados como tal ao País!