28 | I Série - Número: 026 | 14 de Dezembro de 2007
Era bom que evoluísse e que abandonasse as concepções marxistas-leninistas arcaizantes!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Olha agora!
O Sr. Alberto Martins (PS): — Arcaizantes, sim! Estou a dar-lhe a hipótese da modernidade! Sr. Deputado, a Europa que defendemos é a Europa da liberdade, a Europa que combate a exclusão social, uma Europa que quer congregar todos, uma Europa de desenvolvimento. Por isso, o que discutimos hoje é o Tratado,…
Vozes do PS: — Muito bem!
Vozes do PCP: — Ah!…
O Sr. Alberto Martins (PS): — … é o conteúdo da democracia europeia. Os senhores querem fugir a isso! Os senhores querem discutir o procedimento!
Aplausos do PS.
A democracia é uma técnica e uma ética, é uma forma de governo e um sistema de valores. Nós estamos a discutir o sistema de valores, a estruturação institucional. Quanto ao procedimento ratificatório, que é o momento seguinte, terá resposta também no momento seguinte.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Francisco Madeira Lopes.
O Sr. Francisco Madeira Lopes (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Alberto Martins, V. Ex.ª, na sua intervenção, louvou o novo Tratado e a Presidência portuguesa e voltou a referir um conjunto de ideias que têm servido de base à defesa deste Tratado, concretamente, a sua necessidade, com a tal pseudo crise institucional que se terá criado com o chumbo, através de referendo, da Holanda e da França ao anterior tratado e a necessidade de mais eficácia, de mais rapidez, de mais competitividade e de mais segurança, mesmo que tudo isto implique que a Europa esteja mais longe dos cidadão, menos democrática e menos igualitária, mesmo que isto implique um ataque à soberania dos Estados, mesmo que isto implique uma desconstrução dos ideias de uma Europa em que todos os Estados valem por igual e estão em conjunto e de forma igual no mesmo caminho e não uns subjugados aos outros.
Sr. Deputado Alberto Martins, queremos discutir o conteúdo do Tratado. Aliás, a declaração política que Os Verdes fizeram aqui hoje abordou em muito o conteúdo do Tratado, comparando-o com o conteúdo do tratado constitucional, que continua praticamente intacto. Agora, não queremos ser só nós a discutir o Tratado, Sr. Deputado! Julgo que os portugueses, ao fim de tantos anos de integração europeia, têm o direito de o poder discutir, conhecer e decidir directamente, através de referendo,…
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Muito bem!
O Sr. Francisco Madeira Lopes (Os Verdes): — … se querem ou não este Tratado para o seu país.
O que está aqui em causa — e sobre isso o Sr. Deputado nada disse e já teve duas oportunidades de o fazer — é que, tendo sido assinado o Tratado, acabaram-se as desculpas para o Partido Socialista não assumir se o vai ou não submeter a referendo. Acabaram-se as desculpas, Sr. Deputado! Acabaram-se as desculpas para o Partido Socialista e acabaram-se as desculpas para o Governo.
Se o Sr. Deputado continuar a recusar-se a responder, teremos de desconfiar que o tal acordo, tácito ou expresso, entre os diferentes Estados de que não vai existir referendo, se calhar, é mesmo uma realidade.
Portanto, Sr. Deputado, está nas suas mãos desmentir-me, está nas suas mãos assumir o compromisso do Partido Socialista para com os eleitores e o compromisso que todos aqui assumimos, quando alterámos a