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14 | I Série - Número: 032 | 10 de Janeiro de 2008

Em relação à Caixa Geral de Depósitos, devo dizer o seguinte: quando exerci as funções que V. Ex.ª agora exerce — e dizia-se, com razão ou sem ela, depende da perspectiva, que o poder que me assistia não era muito — tive poder suficiente, juntamente com o governo que liderava, à luz da lei, para demitir uma administração da Caixa e para a substituir. Portanto, V. Ex.ª não me diga que é indiferente ou que nada pode fazer em relação às opções de quem lidera, quem exerce funções, quem entra ou sai na Caixa Geral de Depósitos.
Quanto ao populismo, queria dizer-lhe o seguinte: no dia de hoje, andarmos atrás de «vozes» era a última coisa que V. Ex.ª devia dizer. Sabe porquê? Porque a posição do líder do meu partido não foi esperar pelo sentido das sondagens ou da opinião pública para definir a sua posição em matéria de referendo.

Vozes do PSD: — Muito bem!

O Sr. Pedro Santana Lopes (PSD): — Quem andou atrás dos votos até à última da hora, a «apalpar»… a temperatura, para ver qual a posição que devia tomar, foi V. Ex.ª!

Aplausos do PSD.

E já agora, Sr. Primeiro-Ministro, quero dizer-lhe que o pano de fundo que está por detrás de várias destas questões é este: aos dirigentes estrangeiros V. Ex.ª ouve-os muito, digamos assim; daqueles que na alta finança têm mais poder e que vão para outras instituições financeiras que estão em situação financeira vulnerável V. Ex.ª não quer saber; em relação aos que têm os seus centros de saúde encerrados pelo País fora, que não em Lisboa, V. Ex.ª acha bem — põe-se lá uma ambulância e se dois tiverem um ataque ao mesmo tempo um vai dentro da ambulância e outro terá de ir no tejadilho;…

Risos do PSD.

… com a ASAE fecham-se os restaurantes pequenos e criam-se zonas para fumadores nos sítios onde os poderosos se divertem…

Aplausos do PSD.

Sabe qual é o pano de fundo de tudo isto? É que o Sr. Primeiro-Ministro é fraco com os fortes e arma-se em forte com os fracos. E era sobre isto que eu gostava de o ouvir.

Aplausos do PSD.

O Sr. Vitalino Canas (PS): — Populismo!

O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Pedro Santana Lopes, durante semanas, o PSD, propositadamente, insinuou que o Governo tinha interferido nas escolhas dos accionistas do BCP…

Protestos do PSD.

Não foi capaz de apresentar a mínima justificação, um único facto para provar essa insinuação, que é apenas um insulto. O PSD a única coisa que quis saber, ao longo destes meses, foi o que é que lhe cabia no sistema financeiro,…

Aplausos do PS.

… porque a sua única preocupação foi a de querer saber se, afinal de contas, algum militante seu iria para algum banco.

A Sr.ª Sónia Sanfona (PS): — Exactamente!

O Sr. Luís Fazenda (BE): — E foi!

O Sr. Primeiro-Ministro: — É inacreditável que o líder do PSD, a propósito da crise do BCP, a única coisa de que se lembrou foi de…

A Sr.ª Helena Terra (PS): — Quantos lugares sobravam!