36 | I Série - Número: 048 | 15 de Fevereiro de 2008
Por outro lado, Sr. Ministro, lembro aqui que, dos 13 países da Europa cujos números conhecemos a este respeito, Portugal apresentou o segundo pior valor. Efectivamente, no quarto trimestre, Portugal cresceu 2%, mas a Europa cresceu 2,7% e a zona euro cresceu 2,3%. Portanto, em termos anuais, Portugal ficar-se-á por um crescimento de 1,9%, enquanto que, na Europa a Vinte e Sete, o crescimento será de 2,9%.
Em suma, a conclusão que podemos tirar deste anúncio que aqui veio fazer é só uma: ao fim de três anos de governação socialista, Portugal continua a divergir acentuadamente do desempenho conseguido pelos nossos parceiros europeus.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Rosário Cardoso Águas (PSD) — Posto isto, Sr. Ministro, quero dizer-lhe que, apesar de o senhor ter referido que não vinha aqui triunfalista, esta festa que aqui veio fazer é demasiado grandiosa para resultados tão curtos.
Aplausos do PSD.
Mas gostava de desafiá-lo a falar de outro crescimento. É porque, enquanto o Sr. Ministro está aqui a fazer esta festa, esta apologia governativa, há portugueses lá fora,…
O Sr. Alberto Martins (PS): — E aqui dentro também!
A Sr.ª Rosário Cardoso Águas (PSD) — … num país que os senhores parece não conhecerem ou pretendem esquecer, num país em que o crescimento do desemprego não pára. Ao fim de 11 trimestres de governação, o País tem hoje mais 86 000 desempregados, Sr. Ministro — isto é que é crescer! O desemprego atingiu 8,2%, segundo os números do Eurostat. E mesmo se atendermos aos números do INE, quando os senhores chegaram ao Governo, a taxa de desemprego era de 6,7% e, neste momento, é de 7,9%. Isto significa que, desde que o PS está no Governo, Portugal gera 86 desempregados por dia. Peço-lhe, pois, Sr.
Ministro, que nos comente este crescimento.
E esta calamidade atinge não apenas os mais desqualificados mas especialmente, hoje, os licenciados. De facto, desde o terceiro trimestre de 2006, não pára de crescer o número de desempregados com nível de escolaridade superior. O terceiro trimestre de 2007 — note bem! — apresenta uma variação homóloga de 27%. A taxa de desemprego nas camadas com mais estudos, isto é, nos licenciados, é a que regista um maior valor relativo: 8,3%.
São estes os números que lhe peço para comentar. É sobre este crescimento que os portugueses o querem ouvir falar. Diga, por favor, aí dessa tribuna, uma palavra para os novos licenciados desempregados que estão lá fora, no país real, e não no país que os senhores vêm aqui «pintar». Diga-lhes o que podem esperar da economia portuguesa e diga-lhes o que podem esperar de um Ministro da Economia que prima pela ausência e pela omissão.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Maximiano Martins.
O Sr. Maximiano Martins (PS): — Sr. Presidente, Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares, Sr.as e Srs. Deputados: Os números da situação económica de conjuntura são o que são: exigem prudência na sua análise — e saúdo o Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares pela forma como o fez, sem triunfalismos, daquela tribuna — mas também exigem rigor e seriedade,…
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — É o que falta aí!