39 | I Série - Número: 048 | 15 de Fevereiro de 2008
O Sr. Diogo Feio (CDS-PP): — Há perto de dois anos que não vemos o Sr. Ministro da Economia falar, em Plenário, na Assembleia da República.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Diogo Feio (CDS-PP): — Já agora, Sr. Ministro, não quero deixar passar em claro uma omissão que V. Ex.ª tem em toda a sua intervenção. Sabe a quem é que se deve o crescimento económico? Aos empresários e às empresas.
Aplausos do CDS-PP.
Ora, relativamente a essa matéria, o que o Sr. Ministro nos veio aqui dizer foi zero, rigorosamente nada! Não nos disse uma única palavra em relação à livre iniciativa empresarial, ao mercado ou à forma como os nossos empresários estão a adaptar-se à conjuntura económica. Portanto, Sr. Ministro, deixe-me que lhe diga: já chega de os poderes públicos e de os poderes políticos usurparem aquilo que pertence às empresas.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Diogo Feio (CDS-PP): — Já agora, Sr. Ministro, deixo também um aviso: não confunda a «árvore» com a «floresta». O Sr. Ministro tem uma «árvore», que é um crescimento acima das previsões, de acordo com o que se sabe de mais 0,1%. Mas já fez a comparação com o crescimento da economia em Espanha? Já fez a comparação com o crescimento da economia europeia? Já fez a comparação com a divergência que estamos a ter perante a zona euro? Sr. Ministro, por que é que não teve aqui lugar um debate para comentar o aumento do desemprego para 8,2%? É que estamos verdadeiramente contra todas as teorias económicas porque, em Portugal, quando há recessão aumenta o desemprego e quando há crescimento também aumenta o desemprego. Vocês estão a conseguir uma coisa extraordinária, que é o seguinte: em ciclo de crescimento da economia continua a crescer também o desemprego, o que é, naturalmente, muito preocupante.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Diogo Feio (CDS-PP): — Mas este é também o País em que a «floresta» demonstra haver cada vez mais impostos e cada vez mais dificuldades também para os empresários. Por isso mesmo, Sr. Ministro, cautela! Cautela, porque vem aí um ano difícil! Ainda bem que V. Ex.ª não entrou pelo discurso que se pôde ouvir de que era o maior crescimento dos últimos 20 anos. Se tivessem verdadeiramente fé nesta décima, Sr. Ministro, o Ministro Manuel Pinho estaria hoje aqui.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Diogo Feio (CDS-PP): — O que acontece é que, curiosamente, os senhores não têm essa fé, porque os níveis de confiança não estão a melhorar e as reformas estão por fazer, nos impostos, nas relações no trabalho, na justiça e naquele exemplo que V. Ex.ª aqui deu e que se passa na Administração Pública. É conhecida uma sequência que passa nas rádios em que o Sr. Ministro refere uma fábula. Mas V. Ex.ª já nem vai para as fábulas reais, vai para as fábulas virtuais, que é o que se passa em relação à reforma da Administração Pública.
Diga-me, Sr. Ministro: qual a consequência que tem, a nível orçamental, essa reforma? O que é que se poupou a nível da despesa? Rigorosamente nada! Sabe porquê? Porque a reforma não existe, Sr. Ministro. E o problema é que temos uma consolidação orçamental que vai por um caminho errado.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.