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31 | I Série - Número: 053 | 29 de Fevereiro de 2008


percebe por que é que as escolas não o conseguem cumprir —, e, num segundo momento, não cumpriu sequer as tarefas que ele próprio tinha de fazer.
Portanto, à sua surdez às críticas e às reflexões que vinham do meio educativo juntou a sua capacidade de criar incompetências.
Estamos a meio de um ano lectivo. Percebemos que o sistema está atulhado em papéis que o Ministério da Educação acha que são úteis. Devia, contudo, ouvir quem está no terreno e perceber que só está a criar empecilhos na capacidade de dar resposta do sistema educativo.
Quando a Sr.ª Ministra não ouve todos os avisos que vêm do terreno, quando há nas reuniões do Grupo Parlamentar do Partido Socialista o epíteto de «professorzecos»,…

O Sr. Presidente (Nuno Teixeira de Melo): — O seu tempo terminou, Sr.ª Deputada.

A Sr.ª Ana Drago (BE): — … quando a Ministra chama elitistas aos estudantes, professores e pais do ensino artístico, quando o Sr. Primeiro-Ministro não é capaz de dar uma única resposta àquilo que está na rua, percebe-se que o que querem é fazer propaganda! Querem chegar a 2009 e dizer: «Fizemos isto!» Mas isso não significa dar qualquer resposta política aos problemas do sistema educativo!

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente (Nuno Teixeira de Melo): — Tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Tiago.

O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Ana Drago, queria saudar a oportunidade da sua intervenção, que é por demais óbvia, basta olhar à nossa volta. Os acontecimentos dos últimos tempos são o corolário de um processo de luta que certamente continuará a desenvolver-se, assim tendam a continuar estas políticas do Governo — por mais que o Partido Socialista queria negar as suas existência e dimensão, acabando, na verdade, por «reconhecer a medo».
De facto, o conjunto de matérias que a Sr.ª Deputada aqui nos trouxe reflecte aquilo que têm sido as políticas do Governo na educação e os efeitos que têm tido. No geral, assistimos à criação de um clima de cada vez maior instabilidade e a uma afronta sem precedentes à escola pública, por via do ataque aos direitos dos professores, mas não só.
O PCP não nutre ilusões quanto ao papel do Grupo Parlamentar do Partido Socialista e quanto ao verdadeiro objectivo desta campanha, que visa desmantelar a escola pública e incapacitar o Estado de ter um mecanismo de educação de massas e de educação pública capaz de dar resposta às necessidades do País.
O que a avaliação dos professores provocou é um exemplo claro dessa intenção. Ela não visou aperfeiçoar a escola nem, tão pouco, identificar as suas falhas, mas apenas lançar a escola na confusão e confrontá-la com a impossibilidade de aplicação daquilo que o Ministério apontava como necessário fazer-se, não tendo o próprio Ministério cumprido os prazos que tinha estipulado. São vários os exemplos: no ensino especial, como bem descreveu, a redução das necessidades educativas especiais ao conceito de deficiência médica, através da classificação internacional; no ensino artístico; e, agora, o não pagamento das aulas de substituição. Era bom que pudéssemos aprofundar estes temas, tendo em conta que assim se aprofunda também o carácter prepotente do Governo quando diz que não cumprirá as ordens dos tribunais.
Aproveito para dizer que o PCP acabou de propor, na Comissão de Educação, a conversão do projecto de decreto-lei que regulamenta o regime de autonomia e gestão da escola pública e dos estabelecimentos de ensino em proposta de lei.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!

O Sr. Presidente (Nuno Teixeira de Melo): — Tem de terminar, Sr. Deputado.

O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Todos os partidos votaram favoravelmente a nossa proposta menos o Partido Socialista, o que bem demonstra a sua pouca vontade de discutir este diploma de forma democrática e em confronto com os outros partidos.