19 | I Série - Número: 066 | 3 de Abril de 2008
existe, e foi identificada quantitativamente —, não é menos verdade que é ainda mais esmagadora a representação de um autêntico bloco central de interesses, quer ao nível da informação diária e dos blocos noticiosos…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exactamente!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — … quer, em particular, ao nível do comentário político,…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exactamente!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — … onde o bloco central marca presença todas as semanas na televisão.
Estamos a falar, seguramente, antes de mais, do serviço público de televisão, por que é à RTP que este relatório se refere, mas há uma questão central sobre a qual também lhe quero colocar a seguinte questão: o PSD considera que este é um problema específico do serviço público de televisão, tendo, aliás, em conta o relatório anterior da ERC sobre a regulação e sobre o panorama audiovisual dos vários canais, incluindo os canais privados?
O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Vou concluir, Sr. Presidente.
Não considera que há também um factor que influencia esta questão, que é o da concentração da comunicação social em grupos económicos ao nível deste sector? Considera, ao fim e ao cabo, que este é um problema novo? É que as respostas que têm de ser dadas, essas sim, são novas e há aqui um carácter de significado político e de consequências que é preciso retirar para a liberdade, para o pluralismo e para a diversidade da comunicação social a que a tendência das políticas actuais não tem vindo a dar sinais positivos, antes pelo contrário.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Mendes Bota.
O Sr. Mendes Bota (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Bruno Dias, V. Ex.ª fala-me de bloco central de interesses. Mas nós não temos quaisquer interesses no bloco central! Nem sequer há bloco central! Aliás, os nossos analistas são muito independentes,…
O Sr. Mota Andrade (PS): — Ex-presidentes do partido!
O Sr. Mendes Bota (PSD): — … não têm qualquer dependência ou acordo nem dentro nem fora do PSD.
Portanto, não vale a pena invocar essa história do bloco central de interesses, porque toda a gente já compreendeu que ele não existe, muito menos em matéria informativa.
Quero também dizer-lhe que o recurso ao passado pode ser legítimo. Todos os partidos, todas as bancadas, gostam sempre de olhar para o passado, dizendo «também já foi assim no tempo do seu governo».
Mas o senhor disse, e muito bem, que agora há um elemento novo, que é um elemento que deve ser valorizado. E oxalá o Presidente da ERC não seja penalizado por ter tido a hombridade, a coragem e a frontalidade de abordar esta matéria como abordou! Oxalá não assistamos a alguma manobra para tentar substituir quem está à frente da ERC, por ter tido a hombridade de vir demonstrar a realidade dos factos!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Quem está à frente da ERC foi lá posto pelo bloco central!
O Sr. Mendes Bota (PSD): — Olhar para o passado não resolve a situação. Esta é uma situação do presente. O relatório incide sobre os quatro últimos meses de 2007, mas quero dizer-lhe que a situação só se tem agravado desde Dezembro de 2007.