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20 | I Série - Número: 066 | 3 de Abril de 2008

O PS queixa-se de uma situação de desequilíbrio entre o partido e o Governo, queixa-se que não tem muito espaço, que tem desaparecido. Mas é evidente que se trata de uma estratégia do Partido Socialista fazer desaparecer o seu próprio partido! Há, na bancada do Partido Socialista, muitos que se queixam de não terem visibilidade, que o partido desapareceu, que não tem notoriedade.

O Sr. Mota Andrade (PS): — Na RTP é verdade!

O Sr. Mendes Bota (PSD): — Esse é um problema do Partido Socialista. O que conta é que, na contabilidade da isenção e do pluralismo político, o Partido Socialista e o Governo contam para o mesmo bloco,…

O Sr. Afonso Candal (PS): — Essa agora!

O Sr. Mendes Bota (PSD): — … e esse bloco está muito para além da representatividade política.
O Sr. Deputado diz que o PSD quer um lugar de 1.ª classe. Nós, na sociedade portuguesa, temos tido, em muitos anos, um lugar de 1.ª classe e, noutros, um lugar na classe imediatamente a seguir. Cada um tem aquilo que é a vontade do povo português e, obviamente, todos devem ter a representatividade de acordo com o voto e com o mandato que o povo português lhes dá. Não queira o Partido Comunista sentar-se na 1.ª classe e na primeira carruagem, em sentido quantitativo, quando tem tido um bilhete de 4.ª classe dado pelo povo português.
Mas acho estranho que o Partido Comunista não esteja preocupado…

O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado Mendes Bota.

O Sr. Mendes Bota (PSD): — … com a situação actual e esteja tão passivo em relação a esta situação, porque se ela hoje não é tão maligna em relação ao Partido Comunista como o é em relação ao Partido Social Democrata…

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Isso diz o senhor!

O Sr. Mendes Bota (PSD): — … ninguém vos garante que, num futuro próximo, o Partido Comunista não esteja aqui a fazer exactamente o mesmo tipo de denúncia.
O que queremos é que a lei, a Constituição e os princípios sejam cumpridos não em benefício de quem quer que seja mas em benefício de todos, de acordo com o que cada um merece e justifica.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Alberto Arons de Carvalho.

O Sr. Alberto Arons de Carvalho (PS): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Mendes Bota, não pretendo desvalorizar o relatório da Entidade Reguladora nem omitir as suas conclusões e muito menos ignorar os ensinamentos que ela nos oferece. No entanto, devo dizer que o relatório da Entidade Reguladora não pode ser utilizado, como tem sido, como forma de pressionar e de condicionar a RTP nem desonestamente deturpado, como tem sido.
Em nenhum passo do relatório se conclui haver quebra de independência ou de rigor informativo da RTP.
Pelo contrário, o Presidente da ERC sublinha que «a RTP equilibrou tendencialmente a presença do Governo e do PS, por um lado, e dos partidos da oposição, por outro.» O relatório da ERC não pode ser lido parcialmente. Porque se omite aqui que o relatório revela que as notícias sobre o PSD são as menos confrontadas com outras fontes? Porque se omite que a maioria das notícias sobre o Governo, pelo contrário, tem fontes múltiplas? Porque se omite que o próprio relatório explica o relativo predomínio de notícias sobre o Governo, atribuindo-o à Presidência da União Europeia? Porque se omite que o relatório conclui que a maioria das peças sobre o PSD têm uma tónica positiva, enquanto as