21 | I Série - Número: 066 | 3 de Abril de 2008
peças sobre o PS têm uma tónica negativa? Porque se esconde que o relatório não contabiliza os tempos atribuídos às forças sociais? Sr. Deputado Mendes Bota, o relatório não pode servir como capa, como disfarce, para o gravíssimo défice de credibilidade do PSD; não pode servir para o PSD condicionar o trabalho jornalístico e limitar a sua autonomia editorial, transformando os telejornais numa sucessão de tempos de antena partidários; e não pode ser utilizado para pôr em causa o bom nome e a integridade dos profissionais da RTP — dos seus directores, dos seus editores, dos seus membros do Conselho de Redacção, dos seus jornalistas.
Sr. Deputado Mendes Bota, o serviço público de televisão é demasiado importante para ser utilizado como arma de arremesso político.
Sr. Deputado, na política não vale tudo.
Termino, fazendo-lhe duas perguntas que derivam da sua intervenção: Em primeiro lugar, fiquei com a noção de que o Sr. Deputado entende que o Conselho de Administração da RTP pode interferir na informação da empresa. Gostaria que me respondesse se entende que pode ou não.
Em segundo lugar, fiquei com a convicção de que o Sr. Deputado teme que o Governo demita o Presidente da Entidade Reguladora.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.
O Sr. Alberto Arons de Carvalho (PS): — Gostaria de saber se pensa que é possível que o Presidente da ERC seja demitido pelo Governo, tendo em conta que ele foi eleito por esta Assembleia da República, por maioria qualificada de dois terços, para um mandato de cinco anos, não podendo ser demitido em circunstância alguma.
O Sr. Afonso Candal (PS): — Ele não sabia!
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Mendes Bota.
O Sr. Mendes Bota (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Alberto Arons de Carvalho, não sei se o Partido Socialista andou a tirar um desses cursos rápidos, que agora também se tiram por aí e pelos quais os senhores tanto pugnam, sobre credibilidade. Mas não venha dar lições de credibilidade. O Partido Socialista não é juiz em causa própria em matéria de credibilidade dos outros. Não é juiz! Os senhores não têm nem mais nem menos credibilidade! Todos nós temos a nossa credibilidade, que é a credibilidade dada por aqueles que confiaram em nós. Portanto, não venha aqui atirar «bombas de carnaval» nem fazer uma «nuvem de fumo» com a questão da credibilidade para um assunto que é essencial.
O Sr. Alberto Arons de Carvalho (PS): — Mas não manipulamos!
O Sr. Mendes Bota (PSD): — E o que é que é essencial, Sr. Deputado Alberto Arons de Carvalho? É que este relatório é muito importante, porque é a primeira vez que tal acontece. Os senhores relativizam e procuram desvalorizar e subalternizar este relatório nas suas conclusões factuais, mas, se fosse ao contrário, Srs. Deputados, provavelmente «caía o Carmo e a Trindade». Mas como, neste caso, a vítima é o Partido Social Democrata, os senhores já acham que o relatório está a ser utilizado como arma de arremesso político.
As coisas são o que são, Sr. Deputado! Uma pedra é uma pedra e um minuto é um minuto. E os minutos que se gastam e que se consomem a favor de determinadas personalidades políticas na televisão pública paga por nós todos também são contabilizáveis.
Já agora vou dar-lhe conta de algo que não está no relatório. Nas duas últimas semanas, só no top ten das personalidades políticas portuguesas, que no conjunto das televisões — e se quiser dir-lhe-ei também só na RTP — mereceram destaque nos blocos noticiosos…
O Sr. Afonso Candal (PS): — Foi o Mendes Bota!