22 | I Série - Número: 071 | 12 de Abril de 2008
A minha pergunta é a seguinte: pensa que algum membro do Governo português deverá estar presente na inauguração dos Jogos? Sim ou não? Não defendo o boicote desportivo, porque isso prejudica os atletas, mas penso que uma ausência política significa qualquer coisa sobre o modo como olhamos para a repressão, para a censura e para a violação dos direitos humanos.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Queria ainda…
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado Paulo Portas, queira concluir.
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Concluo, Sr. Presidente, porque não tenho mais tempo.
O Sr. Presidente: — Para formular perguntas, tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, permita-me um desabafo. Estes debates começam a correr o seguinte risco sério — e esta questão não é só entendida assim aqui na Assembleia: aquilo que sobra em anúncios falta em respostas aos problemas, aos anseios e às aspirações do povo português.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Em relação ao tema que hoje aqui nos trouxe, a minha primeira questão é sobre o preço dos combustíveis.
De acordo com a Direcção-Geral de Energia e Geologia do Ministério da Economia (insuspeito), o preço do barril do petróleo importado para Portugal aumentou apenas 1,5% em 2007. Contudo, no mesmo período, o preço da gasolina 95 aumentou 3,4%, a gasolina 98 aumentou 4,1%, o gasóleo rodoviário 3,5% e o gasóleo para aquecimento 7,9%. Ou seja, trata-se de aumentos muito superiores ao aumento do preço do barril de petróleo.
Este facto levou, como sabe, a lucros extraordinários inadmissíveis de 68,7 milhões de euros, num quadro de 777 milhões de euros de lucro líquido global, às petrolíferas, claro.
Sr. Primeiro-Ministro, ninguém percebe porque é que os preços têm de subir mais que o barril de petróleo e por que razão agora, face à importância que esta questão tem na actividade económica, o Governo não actua.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Por que é que o Governo não intervém no preço? Esta é uma pergunta concreta, Sr. Primeiro-Ministro.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, desculpe, mas eu não vim aqui apenas fazer anúncios. Vim aqui apresentar os resultados de três anos de política na área da energia.
Sr. Deputado, esses resultados representam uma mudança de tal forma significativa no País que merecem um debate, para sabermos se estamos ou não no caminho certo, para sabermos se esta aposta estratégica que o Governo decidiu fazer, com base na sua visão do problema, é ou não o caminho acertado.
Será que Portugal, face às incertezas que a questão energética nos coloca, deve apostar, como estamos a fazer, no vento e na água? Será essa a receita certa? Foi por isso que trouxe aqui este debate. Este debate é da maior importância!