48 | I Série - Número: 081 | 9 de Maio de 2008
O Sr. Primeiro-Ministro tentou aqui dizer, várias vezes, que os bancos até vão pagar mais impostos, quando fizerem as contas, no último dia de Maio de 2008. Lamentável, Sr. Primeiro-Ministro! É que o Governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, veio ao Parlamento e disse-nos que já tem as contas de 2007; que os bancos aumentaram 20% dos resultados, o produto bancário é de 12 600 milhões de euros, mas os impostos sobre os lucros vão baixar 10%. Os bancos ganham! Quem perde? As 100 000 famílias que não conseguem pagar juros, que são extorsionários. É lamentável! E é lamentável o efeito sobre a vida das pessoas.
O aumento do preço dos bens alimentares essenciais implica que cada família gastará, este ano, mais 620 € em alimentação. Na verdade, o que é espantoso e lamentável é que tudo sobe menos o índice da inflação.
Todos os preços sobem, os da energia, do arroz, dos ovos, das massas, da carne!… O Ministro da Agricultura — lamentável! — enche-se de orgulho para anunciar um aumento de 7% na carne.
Registaram-se 14 aumentos no combustível. Quanto é que ganharam as empresas petrolíferas em Portugal? Faça as contas lamentáveis, Sr. Primeiro-Ministro! Foram 775 milhões de euros! É lamentável! Olhe para a política de educação! Lamentável! Um instituto público cobra 200 € a cada professor por acções de formação para a avaliação que o seu Governo veio impor. Lamentável! Olhe para as obras públicas! Fazem-se grandes obras, de centenas de milhões de euros, sem concurso.
O Sr. Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Concluo, Sr. Presidente.
É isso que acontece no terminal de contentores de Lisboa.
Por isso, Sr. Primeiro-Ministro, resta aqui dizer perante política tão lamentável: na verdade, o PrimeiroMinistro sabe que é assim e, por isso, veio hoje aqui dizer-nos, com todo o orgulho deste Governo, que ele, Primeiro-Ministro José Sócrates, sabe que há mesmo boas razões para censurar o Governo. Mas isso, Sr.
Primeiro-Ministro, o País já sabia!
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Diogo Feio.
O Sr. Diogo Feio (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: O Sr. Primeiro-Ministro fez com que a questão do protocolo entre a ADSE e o Hospital da Luz fosse o «caso do dia».
Risos do PS.
Ontem, a Sr.ª Ministra da Saúde criticou o Sr. Ministro das Finanças; hoje, o Sr. Primeiro-Ministro desautorizou a Sr.ª Ministra da Saúde.
Aplausos do CDS-PP.
Para que nos entendamos, Sr. Primeiro-Ministro, aquilo que foi dito ontem pela Sr.ª Ministra da Saúde é algo muito simples: que o protocolo é uma oportunidade perdida para se investir no sector público. Hoje, o Sr.
Primeiro-Ministro diz o oposto: que a ADSE fez bem em acordar com o Hospital da Luz e que até devia haver mais serviços públicos a fazê-lo.
No meio de tudo isto, Sr. Primeiro-Ministro, onde é que fica a política de saúde do seu Governo? Qual o rumo que pretendem tomar?
Aplausos do CDS-PP.