15 | I Série - Número: 089 | 30 de Maio de 2008
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Pedro Santana Lopes, compreendo o seu embaraço,…
O Sr. Pedro Santana Lopes (PSD): — Qual embaraço?
O Sr. Primeiro-Ministro: — … mas teria sido poupado a este embaraço se lesse os relatórios, porque é absolutamente inadmissível ver, na televisão, um político indignar-se com um número que diz respeito ao momento em que exerceu as funções de primeiro-ministro. Isso é o máximo do descaramento! Essa, Sr. Deputado, nunca tinha visto, em Portugal.
Os números são de 2004, Sr. Deputado! E como é que evoluíram a partir daí? Vou dizer-lhe.
Desigualdades/índice de Gini e pobreza/risco de pobreza são dois indicadores diferentes. O índice de Gini, que mede as desigualdades, evoluiu da seguinte forma: em 2004, era de 6,9%; em 2005, era de 6,9% e em 2006 era de 6,8%. Aliás, a própria Comissária veio dizer…
Vozes do PSD: — Parabéns!
O Sr. Honório Novo (PCP): — Parabéns, Sr. Primeiro-Ministro!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Dir-me-ão: «É pouco!» Eu sei!
Risos do PSD e do PCP.
Sei que não gostaram de ouvir, mas a verdade é que esta redução de uma décima é significativa e, mais do que isso, é uma redução, não é um aumento, como alguns pretenderam dizer que se estava a verificar.
Por outro lado, o número da pobreza, em 2004, era de 20%; em 2005, era de 19% e em 2006 era de 18%.
Estes é que são os números! Sr. Deputado, não nego as dificuldades,…
O Sr. Hugo Velosa (PSD): — Não parece!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … mas não me resigno aos embustes que pretendem ser vendidos à sociedade portuguesa! Isso não!
Aplausos do PS.
Nem consigo ver a direita, na televisão, a fazer «cara de enterro» e de grande indignação moral com números que, naturalmente, dizem respeito ao seu momento de governação. Isso não sou capaz. Tenho de reagir e de dizer a verdade.
Mas a verdade também, Sr. Deputado, é que, ao longo destes anos, todo o nosso espaço de manobra foi aproveitado para dirigir aos mais vulneráveis na nossa sociedade.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Então, não foi?!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Foram 200 000 os beneficiados com o aumento do salário mínimo; um milhão de pensionistas a quem garantimos reposição do poder de compra; 900 000 beneficiários com o aumento de 25% do abono de família; 80 000 idosos que têm hoje complemento solidário para idosos; 80 000 grávidas com abono pré-natal e 350 000 idosos com redução de 50% das taxas moderadoras.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Primeiro-Ministro.