19 | I Série - Número: 089 | 30 de Maio de 2008
O Sr. Primeiro-Ministro tem de saber do que vem falar e não pode vir aqui falar aos portugueses sobre medidas que não correspondem a nenhuma inovação. Qualquer membro do Governo tem essa obrigação, mas um Primeiro-Ministro tem obrigação acrescida nessa matéria.
Já tinha notado que o senhor está muito em baixo de forma, mas tanto nunca esperei!
Aplausos do PSD.
Protestos do PS.
O Sr. Presidente: — Para formular a pergunta do CDS-PP, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Portas.
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, diz que a crise é injusta para o Governo. Permito-me corrigi-lo: a crise é muito injusta para os portugueses.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Diz o Sr. Primeiro-Ministro que compreende e oferece compreensão para os problemas dos portugueses. Permito-me corrigi-lo: os depósitos de gasolina e de gasóleo não se enchem com compreensão, enchem-se com euros e com impostos.
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Pergunto-lhe, Sr. Primeiro-Ministro, se mantém a sua inflexibilidade e, permita-me, a sua teimosia face ao agravamento das consequências que a alta dos preços e a alta da carga fiscal têm na economia, no poder de compra da classe média e também na vida das pessoas mais desfavorecidas.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, tem a palavra para responder.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Paulo Portas, é verdade que é uma injustiça para os portugueses.
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Ah!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Quando eu disse que era uma injustiça para o Governo estava a referir-me às dificuldades para os portugueses, que são muito injustas. Estas dificuldades resultam do cenário e da conjuntura internacional.
No entanto — e o Sr. Deputado desculpar-me-á que o corrija —, não é verdade que a carga fiscal, em Portugal, hoje, seja superior, em percentagem, à de 2004. Pelo contrário — e já lhe disse isto no debate anterior —, hoje, é 60% e era 69%, em 2004.
Se o Sr. Deputado está tão preocupado com os impostos e com a necessidade de devolver os impostos aos portugueses, pergunto-lhe, então, por que razão, quando esteve no governo, sendo igualmente alta a percentagem de impostos, o senhor nada fez para que os mesmos fossem reduzidos.
Em segundo lugar, o Sr. Deputado não pode e não deve tentar minimizar e esconder as medidas que o Governo tomou…
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Não escondi!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … porque vão no sentido correcto, não de diminuir impostos, não de ceder à facilidade, não de ceder ao populismo, mas de ajudar quem mais precisa de ajuda neste momento.