27 | I Série - Número: 092 | 6 de Junho de 2008
Segundo os dados que hoje conhecemos da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), o desemprego vai subir e a inflação também.
Sr. Primeiro-Ministro, reafirmamos aquilo que aqui já dissemos: o seu Governo falhou em todas as previsões. E isto só pode ter um significado: aumento do custo de vida, mais dificuldades para as famílias, mais pobreza! E os números, Sr. Primeiro-Ministro, não são todos de fiar. Refiro-me, por exemplo, aos 75 000 desempregados que desapareceram das estatísticas. Não procuraram o emprego, ou desistiram mesmo de procurar (vai-se lá saber porquê, Sr. Primeiro-Ministro!), e passaram logo a inactivos! Mas continuam desempregados, Sr. Primeiro-Ministro! Repito: continuam desempregados.
A Assistência Médica Internacional (AMI), que é uma organização reconhecida internacionalmente, anunciou um aumento de 30% nas pessoas que pedem apoio; o Banco Alimentar Contra a Fome registou um aumento de 80% em meio ano; 100 000 pessoas com carências alimentares graves só no distrito do Porto.
São dados deste ano, Sr. Primeiro-Ministro! Os beneficiários do rendimento social de inserção aumentam mensalmente, aos milhares – veja o boletim informativo do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social –, demonstrando que os rendimentos das famílias continuam a baixar, e isto significa aumento da pobreza. As políticas sociais do Governo, Sr. PrimeiroMinistro, são absolutamente insuficientes.
Sr. Primeiro-Ministro, a questão é muito concreta: o que pretende fazer perante o actual cenário que evidencia a fractura social existente no nosso país, uma fractura social como nunca se viu?! Ou vai ficar na mesma e constar, afinal, na História como o Governo que, dizendo-se socialista, aprofunda as desigualdades em vez de as combater?!
Aplausos do BE. O Sr. Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, para responder, tem a palavra.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Helena Pinto, referiu que há desigualdades e pobreza. Sr.ª Deputada, nós vamos discutir isso, e muitas vezes, ao longo dos próximos tempos.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Espero que sim!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Noto, desde já, que o Bloco de Esquerda abandonou a mentira e o embuste dos dados que, afinal, eram de 2004. Agora, já reconhece que são de 2004!
Vozes do BE: — Nunca os usámos!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Usaram, usaram! Importam-se de ouvir com um pouco de silêncio, tal como eu os oiço?!
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Estamos a corrigi-lo!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Depois, fazem ainda outro pequeno truque. Ou seja, dizem «não, não usamos esses dados», mas não usam dados, usam previsões: «agora, vamos às previsões da OCDE»!
Protestos da Deputada do BE Helena Pinto.
Olhe, Sr.ª Deputada, em matéria de emprego falemos de dados, de dados que se verificaram! Primeiro trimestre deste ano: o desemprego, em Portugal, foi de 7,6%, menos 8 décimas do que no trimestre homólogo. É uma das maiores descidas do desemprego de que há registo nesta década. Neste ano, tivemos mais 56 000 empregos líquidos…
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Fale nos desempregados!