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23 | I Série - Número: 094 | 12 de Junho de 2008


os passageiros rurais, que são os que andam em transporte regional e inter-regionais, e os passageiros urbanos, que são os que andam em comboios urbanos.
Para os passageiros urbanos, as regras de cálculo do preço dos bilhetes têm de ser aprovadas pelo operador e pelo Governo. Contudo, para os passageiros rurais, para os passageiros dos comboios urbanos e inter-urbanos, para os passageiros que têm menos possibilidades de se defenderem, a regra é livre, isto é, basta que o operador apresente os seus preços ao Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres e este apenas defere.
Portanto, o Estado, a tutela, fica sem qualquer poder interventivo nesta área. Para nós, isso é muito grave e é uma das principais razões por que defendemos e sustentamos a apreciação parlamentar desse diploma.

O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma declaração política, tem a palavra a Sr.ª Deputada Teresa Portugal.

A Sr.ª Teresa Portugal (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Venho «tocar os sinos» por Coimbra, não para cumprir calendário regionalista sobre o meu círculo eleitoral. A questão que me faz usar da palavra, sendo uma questão de Coimbra, tem dimensão nacional. Pela mão da Comissão Nacional da UNESCO e com o esforço louvável da Universidade, foi iniciado o processo de candidatura da Universidade de Coimbra a Património Mundial.
A Universidade de Coimbra não é só passado, mas é o seu passado que lhe dá uma marca de diferença.
Porventura, esse passado tem sido para Coimbra cidade e para Coimbra Universidade o seu eterno problema. Porque há um problema com Coimbra e esse problema é o peso do seu património histórico e cultural, que a cidade só timidamente tem utilizado em benefício próprio e que, a olhares exteriores, ensombra os sinais de modernização e inovação imanentes da Universidade.
Fala-se de Coimbra e passa o essencial da História de Portugal: D. Teresa e D. Henrique escolheram-na para sua residência, aí nasceria D. Afonso Henriques, cujo túmulo o Mosteiro de Santa Cruz, por ele fundado, viria a acolher.
Fala-se de Coimbra e fala-se de D. Sancho I e de D. Fernando, do local das Cortes que levariam à aclamação de D. João I e, não fora o trágico fim do Infante das Sete Partidas, esse príncipe singular do prérenascimento, a cidade teria conhecido com o Infante D. Pedro tempos gloriosos.
Fala-se de Coimbra e tropeçamos na História da vida literária portuguesa, dos «Cantares de amigo e de amor» dos reis trovadores ao afilhado dum prior de Santa Cruz que dava pelo nome de Luís Vaz de Camões.
E António Nobre queixava-se do tédio das aulas, «da vida claustral bacharelática numa cidade a cheirar a lente», mas vingar-se-ia na Torre d’Anto, onde acolhia os seus «alegres companheiros ao pé de quem era sempre meio-dia».
No coração da Alta, na escadaria da Sé Nova, Eça de Queiroz haveria de deslumbrar-se com a visão de «um príncipe da mocidade» a desafiar Deus a provar a sua existência, enviando sobre ele um raio.
E é nesta «mágica e fantástica Coimbra», no dizer de Eça, que há-de operar-se o primeiro sinal de renovação literária e ideológica com um grupo de jovens escritores, liderados por Antero, abertos às tendências da cultura europeia e em revolta contra o conservadorismo universitário.
Fala-se de Coimbra e ela é o centro dos mais importantes movimentos e revistas literárias de que por falta de tempo destaco apenas a Presença e a Vértice.
Mas fala-se de Coimbra e o primeiro dos olhares vai para a Torre da Universidade. E é para aqui, para este território de conhecimento, que peço a atenção da Assembleia da Republica.
A Universidade de Coimbra é um espaço muito antigo. Ela integra o grupo das mais antigas universidades europeias e ao longo dos séculos abrigou um património que é a um tempo material e imaterial.
Numa breve síntese, direi apenas que criado o Estudo Geral em Lisboa por D. Dinis, em 1290, a Universidade oscilaria, durante 160 anos, entre Lisboa e Coimbra e só se fixaria aí 1537.
A primeira remodelação profunda da Universidade deve-se a D. João III, com um quadro de docentes que incluía nomes como Pedro Nunes ou André de Rezende, entre muitos outros. E é até, então, introduzida uma nova concepção da arquitectura ao serviço do saber e do conhecimento, que faz abrir uma rua, que é a Rua da Sofia, onde se instala uma rede de 14 colégios universitários. É deste tempo e deste ambiente que a cidade